Hugo Gloss

No Afeganistão, dez pessoas da mesma família morrem após ataque dos EUA, incluindo seis crianças; Pentágono se manifesta

Afeganistão: Dez pessoas de uma mesma família morrem após ataque dos EUA. (Reprodução/YouTube)

Afeganistão: Dez pessoas de uma mesma família morrem após ataque dos EUA. (Reprodução/YouTube)

Neste domingo (29), dez pessoas de uma mesma família morreram após um ataque aéreo feito por um drone das Forças Armadas dos Estados Unidos contra um carro-bomba do Estado Islâmico em Cabul, capital do Afeganistão. Segundo informações apuradas pelo UOL, um parente próximo das vítimas disse que a família era conhecida por trabalhar com caridade e que nenhum deles era vinculado ao grupo terrorista.

Os mortos seriam Zemaray Ahmadi, 36 anos, e seus filhos Zamir, Faisal e Farzad, de 20, 16 e 12 anos. Além deles, seis dos sobrinhos de Ahmadi também estão entre as vítimas fatais: um menino e uma menina de 2 anos, meninas de 5 e 7 anos, um menino de 6 anos e um homem de 28 anos, segundo o canal Sky News.

Ataque com drone dos EUA matou civis em Cabul. (Foto: Reprodução/YouTube)

Em entrevista à CNN, Ramin Yousufi, um parente próximo, lamentou a perda. “É errado, é um ataque brutal. Por que eles mataram nossa família? Nossas crianças? Eles estão tão queimados que não podemos identificar seus corpos, seus rostos”, desabafou, emocionado. Ainda segundo ele, Zemaray Ahmadi trabalhou por dez anos como engenheiro técnico de um empresa estrangeira, em Cabul.

Os Estados Unidos esperam completar o resgate de norte-americanos e aliados e retirar suas tropas do Afeganistão até amanhã. Segundo o general do exército americano Hank Taylor, mais de 122 mil pessoas já foram retiradas de Cabul, entre elas, 5,4 mil norte-americanos. Assista à reportagem:

Pentágono se manifesta 

Nesta segunda-feira (30), o porta-voz do Pentágono, John Kirby, se manifestou sobre o caso e afirmou que a morte de civis está sendo investigada. “Não se engane, nenhum militar na face da terra trabalha mais para evitar vítimas civis do que os militares dos Estados Unidos, e ninguém quer ver vidas inocentes serem tiradas. Levamos isso muito, muito a sério e quando sabemos que causamos a perda de vidas inocentes na condução de nossas operações, somos transparentes sobre isso”, disse.

No entanto, Kirby defendeu a inteligência dos EUA e explicou que a atitude foi tomada porque eles acreditavam em uma ameaça potencial. “Agora estamos em um momento particularmente perigoso. As ameaças continuam sendo reais, estão ativas e, em alguns casos, são muito concretas”, continuou.

De acordo com informações da Associated Press, o alvo do míssil era um carro estacionado em um prédio residencial perto do aeroporto da capital. No veículo, dois suspeitos estariam, supostamente, colocando explosivos no porta-malas. Uma fonte disse à agência que o drone disparou um míssil “Hellfire” contra o veículo e que a explosão foi seguida por uma bola de fogo, que teria sido causada pelos explosivos dentro do carro.

William Urban, capitão da marinha americana e porta-voz do Comando Central dos EUA, também se pronunciou. “Sabemos que ocorreram explosões subsequentes substanciais e poderosas resultantes da destruição do veículo, indicando uma grande quantidade de material explosivo em seu interior que pode ter causado vítimas adicionais”, alegou.

Segundo ataque norte-americano

O ataque de ontem com o drone foi a segunda resposta dos EUA ao atentando terrorista do Estado Islâmico-Khorasan (EI-K) no aeroporto internacional de Cabul. Na ocasião, mais de 180 pessoas foram mortas, incluindo 13 militares americanos. Outras 200 pessoas ficaram feridas.

Após o episódio, o presidente Joe Biden prometeu encontrar os responsáveis. “Ordenei aos meus comandantes que desenvolvessem planos operacionais para atacar os principais ativos, liderança e instalações do EI. Responderemos com força e precisão no nosso tempo, no lugar que escolhermos, no momento de nossa escolha. Eu instruí os militares em tudo que eles precisassem – se eles precisarem de força adicional, eu concederei”, disse em comunicado oficial.

Joe Biden se manifestou sobre o ataque que vitimou 13 militares norte-americanos. (Foto: Reprodução/Twitter)

A primeira resposta norte-americana ao atentado, que aconteceu no dia 26 de agosto, foi no sábado (28). Um drone atacou a província de Nangahar e, segundo os militares responsáveis, dois integrantes do EI-K foram mortos e um ficou ferido.

Ainda segundo informações obtidas pelo G1, nesta segunda (30), foguetes lançados contra o aeroporto foram interceptados pelo sistema antimísseis norte-americano e outros atingiram algumas casas ao cair. O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelos ataques, mas ainda não há informações de feridos.

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