Paul Alexander, homem que vivia com pulmão de ferro há mais de 70 anos, morre de Covid

O norte-americano foi diagnosticado com poliomielite aos seis anos e, desde então, vivia dentro de um cilindro de aço

Paul Alexander, homem que viveu em um “pulmão de ferro” por sete décadas depois de contrair poliomielite na infância, morreu na segunda-feira (11), após complicações da Covid-19. O norte-americano tinha 78 anos.

A notícia foi dada na página de arrecadação de fundos dedicada a Paul, que tinha mais de 300 mil seguidores nas redes sociais. De acordo com o comunicado de Christopher Ulmer, ativista dos direitos das pessoas com deficiência, ele estava com a saúde em situação “delicada” e internado desde o final de fevereiro, quando contraiu Covid-19.

“Sou muito grato a todos que doaram para a campanha de financiamento. Isso permitiu que ele vivesse os últimos anos da vida dele sem stress e vai ajudar a pagar pelo funeral neste momento tão difícil”, declarou Ulmer, que organizava a página.

No Facebook, o irmão de Paul, Philip, deixou uma despedida emocionada. “Foi uma honra fazer parte da vida de alguém tão admirado quanto ele. Ele tocou e inspirou milhões de pessoas e isso não é exagero. Para mim, Paul era apenas um irmão… igual ao seu… amoroso, dando conselhos e repreendendo quando necessário, e também um pé no saco… coisa normal de irmão. (…) Sentirei muita falta dele”, escreveu.

O irmão lamentou a perda de Paul Alexander nas redes sociais. (Foto: Reprodução/Facebook)

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História trágica

Nascido no Texas e morador de Dallas, Alexander ficou conhecido por sua história chocante. Aos seis anos de idade, em 1952, ele foi levado às pressas para o hospital após adoecer de forma repentina. O então menino apresentava febres altas e dores nos ombros. Foi constatado que os sintomas eram da poliomielite, doença que na época não tinha tratamento.

Sua condição piorou, e um médico realizou uma traqueotomia para remover a congestão dos pulmões após a infecção pela poliomielite. Paul ficou paralisado do pescoço para baixo em decorrência do vírus e então perdeu a capacidade de respirar sozinho. Para sobreviver, ele foi colocado num “pulmão de ferro”, no qual passou grande parte de sua vida.

A máquina de pressão negativa simula o processo de respiração natural e permite que uma pessoa com paralisia nos músculos respire. O paciente é colocado dentro de uma câmara cilíndrica de aço, que é selada por uma porta. O dispositivo permite o movimento somente da cabeça e pescoço, enquanto bombas controlam a circulação de ar, aumentando e diminuindo a pressão do ar na câmara periodicamente.

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Depois de anos vivendo “enclausurado”, Alexander finalmente aprendeu a respirar sozinho e pôde deixar o pulmão artificial por curtos períodos de tempo. Ele chegou a se formar em Direito e exerceu a advocacia, além de publicar um livro de memórias. Entretanto, ele sempre precisava retornar para o cilindro para manter-se vivo.

O “pulmão de ferro” foi popular nas décadas de 1940 e 1950, mas caiu em desuso após o desenvolvimento da vacina contra a poliomielite. Os avanços na medicina os substituíram por máquinas de ventilação, mas Alexander continuou vivendo no cilindro porque, segundo ele, estava acostumado. Ele foi reconhecido pelo Guinness World Records como a pessoa que viveu mais tempo em um pulmão de ferro.

Paul Alexander. (Foto: Reprodução/GoFundMe)
Paul Alexander viveu por 72 anos dentro do pulmão de ferro. (Foto: Reprodução/GoFundMe)
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