Conforme a investigação prossegue, novos detalhes sobre a morte precoce e brutal de George Floyd, nos Estados Unidos, são trazidos à tona. Nesta segunda-feira (03), o “Daily Mail” obteve, com exclusividade, imagens das câmeras acopladas ao corpo de dois policiais que participaram da abordagem ao ex-segurança negro e que revelam mais detalhes da ação que terminou na trágica morte dele sob o joelho do oficial Derek Chauvin.
A filmagem teria sido feita pelas câmeras usadas pelos policiais Thomas Lane e Alex Kueng. Eles foram os primeiros a chegar ao local para atender à denúncia de que Floyd teria tentado pagar uma conta em uma loja com uma nota falsa de US$ 20. Na gravação, inicialmente, os dois oficiais aparecem batendo no carro em que George estava e pedindo para ele abrir a porta e deixar as mãos visíveis.
“Me desculpe, me desculpe. Meu Deus, cara! Cara, eu já levei um tiro. Eu já levei um tiro do mesmo jeito antes, senhor policial”, tenta explicar o homem, já parecendo abalado pela abordagem. As coisas pioram quando um dos oficiais manda ele sair do veículo e Floyd parece começar a entrar em pânico. “Por favor, não atire em mim, cara. Por favor, não atire em mim”, repete o ex-segurança. “Eu acabei de perder a minha mãe, cara”, lamenta ele, em seguida.
Quando o policial promete que não vai atirar nele, o ex-segurança finalmente sai do carro para ser algemado. “Pare de resistir, cara”, pede o oficial. “Eu não estou”, garante Floyd. “Sim, você está”, rebate ele. George termina de ser algemado e começa a ser levado para a viatura. Enquanto isso, a imagem corta e mostra o policial falando com as outras duas pessoas que estavam no carro com ele.
“Por que ele está agindo desse modo estranho?”, questiona o oficial. Apesar do áudio não estar completamente claro é possível ouvir a mulher responder algo como: “Porque ele já levou um tiro antes. Ele sempre tem problemas quando vê um policial com arma”.
As imagens, então, voltam para Floyd sendo acompanhado até a viatura por outro policial. “Você usou alguma droga?”, questiona o oficial cuja câmera está gravando a cena. “Não, nada”, garante ele. Quando chega à viatura e está prestes a ser colocado no porta-malas, George parece novamente entrar em pânico, afirmando que é claustrofóbico.
“Eu faço qualquer coisa, cara. Estou te falando. Eu não estou resistindo. Eu não vou fazer nada, eu não sou esse tipo de cara. Por favor, eu não sou esse tipo de cara. Por favor, não me deixe no porta-malas, eu sou claustrofóbico”, pede ele, repetidamente. Os policiais, então, deixam ele ir no banco de trás. “Você tem algum objeto afiado com você?”, pergunta um oficial. “Não, senhor”, garante ele.
No entanto, antes de se sentar no banco de trás, o ex-segurança desabafa novamente. “Eu sou claustrofóbico, cara. Por favor, fique comigo”, pede. “Eu vou”, afirma o policial. “Obrigado, cara”, agradece George. “Entre, eu vou abaixar os vidros”, pede o oficial. “Não me trate mal, cara. Eu não quero tentar vencer. Cara, eu tô com medo”, continua dizendo Floyd, antes de entrar.
O policial que está gravando a cena, então, vai para o outro lado do carro. Nesse momento, é possível ver que George entra no veículo, mas imediatamente é retirado à força por Chauvin, que o joga no chão e, assim como as imagens que viralizaram anteriormente, coloca o joelho em seu pescoço. Assista abaixo:
Uma investigação foi aberta para apurar o vazamento dos vídeos das câmeras corporais, já que até agora o tribunal só permitia que os vídeos fossem vistos pessoalmente nas sessões, embora as transcrições de alguns trechos já tivessem sido divulgadas. O vídeo da câmera corporal de Chauvin permanece em sigilo.
George Floyd morreu no dia 25 de maio, em Minneapolis, aos 46 anos, após a abordagem em que o policial branco Derek Chauvin ajoelhou-se no pescoço e nas suas costas por oito minutos e 46 segundos, enquanto ele gritava que não conseguia respirar.
Desde então, Derek segue preso sob a acusação de homicídio em segundo grau. Os outros três policiais envolvidos no caso, Tou Thao, Thomas Lane e J. Alexander Kueng, foram presos, mas já respondem em liberdade às acusações de terem ajudado e favorecido o assassinato em segundo grau.
A morte de George Floyd incentivou protestos históricos em diversas cidades dos Estados Unidos e em outras partes do globo. Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, as pessoas tomaram as ruas pedindo pelo fim da violência policial, do racismo e justiça para o caso do ex-segurança. Na web, os movimentos ganharam apoio — e doações — de diversos artistas, celebridades e grandes empresas.