Descendente de libaneses, Guga Chacra se emociona e segura o choro ao falar ao vivo sobre a explosão em Beirute na “GloboNews”; Assista

Difícil mesmo não se emocionar… Guga Chacra precisou fazer uma pausa e segurar o choro ao comentar como estava se sentindo diante da explosão em Beirute, no Líbano, que destruiu uma grande área da cidade e deixou mais 100 pessoas mortas e outras 4 mil feridas nessa terça-feira (04). Descendente de libaneses, o comentarista, que já morou justamente em Beirute, deu um panorama completo a respeito da situação política e econômica do país e da cidade ao longo dos últimos anos.

“Qual o sentimento seu, nesse momento, acompanhando essa tragédia?”, questionou o apresentador Heraldo Pereira durante o “Jornal das Dez”, no GloboNews, na noite de ontem. “É de tristeza, Heraldo, porque Beirute é uma cidade mágica, que desperta muita paixão. Por isso que, quando você conhece descendentes de libaneses, você vê o amor que eles têm pelo Líbano”, descreveu o jornalista.

Ele, então, lamentou que o município vivia “tragédia em cima de tragédia” e relembrou tempos mais calmos. “Foi uma cidade que teve seu apogeu nos anos 1950, 1960, com hotéis, praias, a questão da mistura do Ocidente com o Oriente, a sofisticação, mas que passou por uma tragédia muito grande da Guerra Civil. Beirute resume, de certa forma, o mundo porque tem tudo de melhor e de pior do Ocidente e do Oriente, isso chama muita atenção”, destacou Guga.

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Cheio de conhecimentos sobre o local, Chacra descreveu a mistura religiosa tradicional que se dividia em áreas da cidade, ressaltou a convivência de nacionalidades devido à intensa imigração para lá, apontou que o Líbano é o país com maior número de refugiados do planeta, que chegam a representar um quarto da população da nação. Ele ainda comparou Beirute ao Rio de Janeiro, mencionando bairros ricos e muito pobres que marcam o local.

Guga se emocionou ao falar sobre a cidade onde morou (Foto: Reprodução/GloboNews)

O comentarista também descreveu a série de atentados terroristas que abalaram o país desde os anos 1960, até os anos 2000. “É essa tragédia de Beirute, que ao mesmo tempo é uma cidade mágica que não tem como não se apaixonar e eu…”, interrompeu-se Guga, precisando segurar o choro. “Ver hoje o que aconteceu, destruída de novo, depois de ter se reconstruído nos anos 1990, e se reerguer, depois de destruída de novo em 2006, conseguiram se reerguer novamente”, descreveu ele.

Por fim, ele avaliou que a recuperação não era tão otimista quanto anteriormente diante dessa tragédia. “Dessa vez uma situação dramática, talvez mais difícil mesmo pra se reerguer por causa da crise econômica. Os outros países, Brasil, Estados Unidos, vão ter que ajudar, mas o mundo todo está numa pandemia cruel, então o cenário é catastrófico. É muito triste. Vamos torcer pra se recuperar, mas é algo que não será simples. Beirute é uma cidade que tinha tudo pra ser perfeita, mas que, infelizmente, é uma tragédia”, concluiu o jornalista, emocionado.

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Ao encerrar o bloco, o apresentador aproveitou para agradecer Guga pelas explicações. “Você é uma referência para a gente. Obrigado pela sua participação, pela aula, por nos levar ao Líbano, ao seu Líbano, ao nosso Líbano”, declarou Heraldo Pereira. Assista:

Na web, os telespectadores também agradeceram o jornalista pela aula sensível e tocante. “Guga, você foi brilhante nesta reportagem sobre a explosão em Beirute! Conhecimento minucioso pincelado de paixão, ninguém faria melhor!”, elogiou um internauta. “Guga Chacra deu uma grande aula sobre o Líbano e também sobre Beirute. Você é gigante, Guga! Sou teu fã e me emocionei com você chorando falando sobre essa tragédia”, completou outro.

https://twitter.com/STOPRACISM30/status/1290870509236654080?s=20

“O sangue libanês corre forte nas minhas veias, graças à origem e às tradições e valores sempre celebrados na casa dos meus avós maternos. Ontem, ao ouvir o Guga Chacra falando de Beirute e do Líbano, chorei junto com ele. Que tristeza…”, lamentou uma usuária do Twitter. “Guga Chacra, parabéns pelo trabalho hoje em todas as mídias e por todo o conhecimento que passou para a gente sobre Beirute…você foi gigante hoje”, apontou outro.

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Saiba mais detalhes sobre a tragédia

Na tarde dessa terça-feira (04), a cidade de Beirute, capital do Líbano, foi abalada por uma assustadora explosão. Os vídeos dos estragos rapidamente circularam pela web, deixando o mundo todo preocupado com a tragédia – ainda sem grandes explicações.

A explosão aconteceu na zona portuária de Beirute, que é repleta de armazéns. Nas imagens, é possível ver que, mesmo antes do estouro, muita fumaça saía do local. Até que a explosão rapidamente propulsionou uma nuvem em formato de cogumelo. A massa de ar movida com o episódio se alastrou em alta velocidade, destruindo vidraças e impactando estruturas das construções ao redor do epicentro.

Nas últimas atualizações sobre o caso, de acordo com a agência Reuters, o Ministro da Saúde do Líbano, Hamad Hasan, afirmou que 78 pessoas morreram após o incidente, e o número de feridos ultrapassa a casa de 4.000 – estatísticas que ainda podem aumentar, enquanto as informações continuam a chegar às autoridades.

Assista a alguns dos vídeos impressionantes do momento aqui:

https://www.instagram.com/p/CDeVkw4hAP5/

https://twitter.com/lucasrohan/status/1290672371284811777?s=20

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Possíveis causas da explosão

Não se sabe ao certo qual foi a razão exata para o incidente no porto. Entretanto, o ministro libanês Mohamed Fehmi afirmou que a explosão parece ter sido causada por “enormes quantidades de nitrato de amônio”, que estavam armazenadas no local, segundo o The Guardian. Emissoras locais também informaram que as redondezas do porto abrigam armazéns de fogos de artifício, onde haveria materiais altamente explosivos, como nitrato de sódio.

O diretor geral da Segurança Geral do Líbano, Abbas Ibrahim, também comentou sobre essa questão com a imprensa. “Parece que há um armazém contendo materiais confiscados há anos, e parece que eram materiais muito explosivos”, disse ele. “Os serviços responsáveis estão realizando a investigação, e dirão qual é a natureza do incidente”, completou.

Atualmente, o Líbano vive uma intensa crise e instabilidade política. Além disso, o país já foi alvo de uma série de ataques terroristas. Entretanto, até o momento, não há qualquer evidência de que estas teriam sido a motivação da explosão – a hipótese vigente é de que chamas nos armazéns teriam provocado a explosão.

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Resgate das vítimas e hospitais destruídos

O impacto do estouro foi imenso, até mesmo a ponto de lançar pessoas ao mar. Segundo a Cruz Vermelha, alguns barcos foram mobilizados para resgatar tais vítimas. De acordo com o G1, a organização humanitária também afirma que muitas pessoas ainda estão presas nos escombros dentro de suas casas, abaladas pela explosão. Por conta disso, ainda é difícil ter um noção do tamanho dos estragos.

Além das preocupações com a pandemia da Covid-19, os hospitais da região agora estão sofrendo também para lidar com os pacientes, visto que também foram abalados pela explosão. Em um deles, localizado a menos de dois quilômetros do epicentro, um médico contou que diversos feridos estavam sendo levados até lá – no entanto, não conseguiam ser atendidos, porque o hospital estava destruído.

“Eles estão trazendo pessoas ao hospital, mas não conseguimos tratá-las… Eles as estão deixando do lado de fora, nas ruas. O hospital está destruído, o pronto-socorro está quebrado”, disse o médico, em relato ao The Guardian. Nas redes sociais, circulam também vídeos que mostram pacientes sendo atendidos nas ruas e até mesmo estacionamentos, por conta da destruição. Olha só:

Estragos destroem ruas de Beirute

Como alguns vídeos demonstraram, a explosão deixou para trás um rastro de destruição, sentido a quilômetros de distância da região do porto. O correspondente do The Guardian, Martin Chulov, descreveu parte desse cenário assustador: “As ruas da zona leste de Beirute ficaram em ruínas apocalípticas, mesmo a quatro quilômetros do epicentro da explosão. Cada prédio nessa área perdeu algumas, senão todas as janelas”.

“Árvores ficaram em pedaços e piscinas de sangue viraram comuns. Rastros de sangue levavam aos carros e motos, que correram com os feridos às clínicas ou hospitais, que não conseguiam lidar com os mortos e mutilados”, continuou Chulov. “Dezenas de prédios claramente sofreram um estrago estrutural. Um bombardeio de semanas de artilharia constante provavelmente não causaria tamanhas ruínas”, avaliou o correspondente.

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Chulov ainda completou: “É bem difícil abalar Beirute, que já se reergueu e decaiu em bombas antes. Mas em uma cidade habituada às explosões, isso foi algo novo”. As imagens dos destroços e do impacto causado pela explosão também assustam, em diversos registros compartilhados pelas redes sociais. Confira mais algumas das imagens abaixo: