BBB 23: Sarah Aline aponta racismo estrutural de participantes: ‘Tem me incomodado muito’; assista

A psicóloga expôs como participantes pretos são adjetivados como ‘agressivos’, mesmo com as mesmas atitudes de participantes brancos

Sarah BBB

No “Jogo da Discórdia” desta segunda-feira (13), Ricardo Alface foi o alvo dos membros do Quarto Deserto no “BBB 23“. Divididos em dois grupos, os brothers tinham que escolher adjetivos para os adversários – que tinham 30 segundos para se defender e levavam um líquido na cabeça. Ao longo da dinâmica, o biomédico foi chamado de “reativo”, “grosseiro”, “raivoso” e até “machista”, o que levou Sarah Aline a expor suas reflexões sobre “racismo estrutural” no reality.

Em bate-papo com a colega após a edição ao vivo, Ricardo apontou que só reage como qualquer um reagiria em um embate. “Hoje no ‘Jogo da Discórdia’, eu não fui desrespeitoso com ninguém, falei o que eu tinha pra falar, não usei nenhuma palavra pejorativa com ninguém. Minha vontade era parar de falar o que eu tava falando e falar outras coisas na cara de todo mundo, mas eu me contive, não deixei isso me abalar. [O que eles citaram] Eram brigas que a Bruna aumentava o tom pra mim e eu usava o mesmo nível. Não tô falando que sou santo, que não falei alto. Falei do jeito que eles falavam comigo”, disse.

Após ouvir a explicação de Alface, Sarah apontou para o “racismo estrutural” no programa e citou alguns episódios. “Eu fico pensando muito aqui nas reações do game… Eu acho que entram nessa parte do que é estrutural. Eu estou mais engolindo do que tentando encarar que isso realmente é tão latente quanto é. Eu acho que é pela estrutura do jogo, mas é uma coisa que tem me deixado muito incomodada. Principalmente na visualização da agressividade quanto às pessoas pretas”, disse ela, em conversa com Marvvila e Gabriel Santana.

A analista de diversidade revelou, inclusive, que tais atitudes já aconteciam com Fred Nicácio antes dele deixar a competição. “De fato, pessoas podem ser reativas, podem ter raiva, podem ser agressivas, mas eu já começava a sentir isso muito antes na postura em como as pessoas viam o Fredão. Muitas coisas que as vezes elas falavam sobre ele me assustavam muito num lugar tipo: ‘Cara, mas ele tá nem falando’. Quando o Fred colocava a postura de que não ele ia falar, ele era tachado como extremamente grosso, arrogante, do tipo: ‘Vocês viram? Ele nem falou, ele nem quis responder. Grosso, arrogante, grosseiro!’. Eu ficava: ‘Nossa gente, calma lá. Deixa eu tentar entender'”, explicou.

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No bate-papo, Sarah Aline lembrou um momento em que Fred Desimpedidos a acusou de ter um “olhar raivoso”. Ela apontou que essa seria uma reação diferente de quando um dos aliados do youtuber também se estressam. “Uma das coisas que me assustou foi quando eu ouvi do Fred que ele não conseguia prestar atenção no que eu estava falando porque o meu ‘olhar de raiva’ fez com que ele entendesse que eu era uma pessoa maldosa. Tipo: ‘A Sarinha bondosa não existe, essa é a Sarah [maldosa] que eu não via e que eu acho que é ela mesmo, que é Sarah essa raivosa, essa maldosa’. Eu fiquei assustada quando ele falou isso!”, afirmou.

“Eu pensei: ‘C*ralho, eu só tava indignada’. Como a Bruna fica indignada, como a Amanda fica indignada, como Sapato fica indignado. Entendeu? Isso foi uma das coisas que mais me chocaram!”, acrescentou.

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Apesar da conclusão, a jovem afirmou que não pretende “levantar a bandeira” dentro do reality, por ter medo das consequências e da reação do público. “Eu falei pra mim: ‘Acho que tá um pouco numa página 2 e eu não vou levantar agora pra falar, porque acho que vai ser raso, expositivo pra mim, porque a gente não sabe como a sociedade vai interpretar isso. E a última coisa que eu quero aqui é ficar lendo as barreiras do racismo estrutural que a gente sofre diariamente, ter que ficar pontuando isso’. Falei: ‘Vou seguir o baile, mas isso é uma das coisas que eu pensei muito!”, justificou.

Por fim, Sarah apontou que os colegas não costumam ter empatia uns pelos outros. “Até na ausência de sensibilidade da dor. Isso me assustou também, poucas pessoas entenderam o meu lugar de dor, ou não quiseram acessar isso. Isso também foi uma coisa que me deixou meio chocada”, concluiu. Assista:

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