Estarrecedor! Na tarde de hoje (9), a comentarista Flávia Oliveira foi às lágrimas ao vivo no “Estúdio i”, da GloboNews. Ela se comoveu ao falar da trágica morte de Kathlen Romeu, uma mulher grávida, de 24 anos, que não resistiu após ser atingida por uma bala de fuzil durante uma operação policial na comunidade do Lins, no Rio de Janeiro.
Os olhos da jornalista ficaram visivelmente marejados desde o início de sua fala. “Muito difícil, peço desculpas a você [Maria Beltrão] e aos meus colegas, mas é muito difícil ouvir o que a gente está ouvindo, assistir ao que a gente tem assistido no Rio de Janeiro. Esse lugar que é o cenário, o ambiente de uma ‘necropolítica de segurança pública’. Diariamente a gente chora mortes de crianças, jovens, policiais, e agora também de mulheres e bebês”, lamentou ela.
Na sequência, Flávia mostrou que a morte de Kathlen não é só um caso isolado. Ela trouxe dados do Instituto Fogo Cruzado e pontuou que, só nos últimos cinco anos, 15 mulheres grávidas foram baleadas na região metropolitana da cidade e oito morreram. Dos bebês, apenas um sobreviveu. Logo depois, a emoção falou mais alto quando jornalista comparou a situação com sua própria filha, que tem a mesma idade da grávida baleada.
“É impossível não se emocionar com essa história, a Kathlen era o projeto de vida de uma família, de uma avó, de um pai, de uma mãe. Tinha a mesma idade da minha filha, ela faria 25 anos, minha filha já completou. Eu sei o que é ser uma mãe negra, botar uma filha negra no mundo, e lutar pela educação delas. Eu sou filha também de uma mulher negra”, disse Flávia, em meio ao choro.
Flávia Oliveira chora ao falar da morte de Kathlen Romeu – Parte 1 pic.twitter.com/LEJEgdCJRW
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) June 9, 2021
Flávia também expôs seu olhar sobre as operações policiais, mencionando que elas frequentemente tiram a vida de inocentes nas comunidades e, ainda assim, não tem surtido efeito notáveis na segurança. “É muito difícil lidar com uma situação tão dramática, tão desnecessária, uma violência gratuita que não tem produzido melhora na sensação de segurança, não tem produzido ressocialização de criminosos, redução do crime organizado”, afirmou.
“Ela só tem produzido luto em famílias negras de favelas, principalmente, mas também em famílias de policiais. Ela só tem maculado a democracia, a agenda de direitos do povo do Rio de Janeiro e do povo brasileiro”, completou ela. A comentarista também citou que até quando as pessoas se revoltam contra essas mortes, suas vozes são ignoradas. “Eu não sei mais quantas lágrimas a gente vai ter que derramar em razão dessa tragédia cotidiana, é muito duro”, concluiu. Confira:
Flávia Oliveira chora ao falar da morte de Kathlen Romeu – Parte 2 pic.twitter.com/1Ek9G37dUZ
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) June 9, 2021
Flávia Oliveira chora ao falar da morte de Kathlen Romeu – Parte 3 pic.twitter.com/4LNpbjfahC
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) June 9, 2021
O desabafo tocante de Flávia Oliveira emocionou muitos espectadores, que também sentiram a dor das palavras da jornalista e se expressaram pelas redes sociais. “Eu acabei de assistir, ao vivo, a Flávia Oliveira chorar falando da Kathlen Romeu, ASSASSINADA, vítima de bala ACHADA. Como doeu. Eu sinto tanto por essa família meu deus. Que dor. Que absurdo”, escreveu a internauta Luiza. “Ontem, chorei com a avó da Kathlen. Hoje, me emociono de novo com a Flávia Oliveira. Uma tristeza sem fim. E a vida seguindo normalmente nesse Brasil brutalizado”, afirmou outro perfil.
Confira algumas reações:
Eu acabei de assistir, ao vivo, a Flavia Oliveira chorar falando da Kathlen Romeu, ASSASSINADA, vítima de bala ACHADA. Como doeu. Eu sinto tanto por essa família meu deus. Que dor. Que absurdo
— Luiza (@bellottolulu) June 9, 2021
Assisti ainda agora a @flaviaol comentando o caso da Kathlen na Globo News e me emocionei mais uma vez. É doloroso pra gente compartilhar essas notícias tristes e diárias. Minha admiração, Flávia.
— Thais Ferreira (@southaferreira) June 9, 2021
Ontem, chorei com a avó da Kathlen. Hoje, me emociono de novo com a Flávia Oliveira. Uma tristeza sem fim. E a vida seguindo normalmente nesse Brasil brutalizado… pic.twitter.com/DI2AV36j9I
— extremamente maravilhoso (@pontojunior) June 9, 2021
Dolorido o desabafo da jornalista Flávia Oliveira ao falar da morte de Kathlen Romeu, jovem grávida baleada no Complexo do Lins.
"Eu sei o que é ser uma mulher negra, colocar uma mulher negra no mundo."
— Nicolás Satriano (@satrirey) June 9, 2021
Entenda o caso
A modelo e designer de interiores Kathlen Romeu, de 24 anos, morreu nesta terça-feira (8), após ser atingida por um tiro durante uma operação policial na comunidade do Lins, Zona Norte do Rio. Grávida de apenas 14 semanas, momentos antes da fatalidade, ela havia feito uma publicação nas redes sociais celebrando a gestação. O caso revoltante mobilizou os internautas nas redes sociais.
Segundo relatos de moradores ao portal G1, Kathlen foi atingida por uma “bala perdida” durante um confronto dos policiais com bandidos. Além da morte da designer, a operação resultou na apreensão de um carregador de fuzil, munições de calibre 9mm e drogas. A Polícia Militar do Rio de Janeiro afirmou que Romeu foi encontrada ferida na rua e levada para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu. Posteriormente, a instituição também confirmou a morte do bebê.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) ficou responsável por investigar o caso e descobrir de onde partiu o tiro. Em nota, a Polícia Militar informou que os agentes foram atacados a tiros por criminosos na localidade conhecida como “Beco da 14”, dando início a um confronto. Hoje mais cedo, Kathlen Romeu fez uma publicação nos stories, gravando sua barriguinha de grávida. “Bom dia, neném”, escreveu no post, que viralizou na web após sua morte. Moradores da comunidade do Lins fizeram um protesto na região, pedindo pelo fim da violência policial.
BOM DIA NENÉM
O Estado do Rio de Janeiro, mais uma vez, no uso da única "política pública" que conhece, retirou a vida da Kathlen Romeu e do bebê que esperava.
E assim seguirá matando a cada dia mais cedo. Sem chances de crescer. A população negra. Ainda na barriga. Revolta! pic.twitter.com/aY5Y8UMVYW
— JOTA MARQUES (@jotamarquesrj) June 8, 2021
Moradores da comunidade do Lins, zona norte do Rio, protestaram na tarde desta terça-feira (8) após a morte de Kathlen Romeu, mulher negra e grávida de 24 anos, durante uma ação da polícia na na comunidade Vila Cabuçu, que faz parte do Complexo do Lins. pic.twitter.com/fh3sVXMc1N
— Ponte Jornalismo (@pontejornalismo) June 8, 2021
Em entrevista para a TV Globo, a avó de Kathlen Romeu, que não teve o nome divulgado, deu mais detalhes de como tudo aconteceu. Segundo a senhora, elas estavam indo visitar a tia da designer de interiores. “A gente estava indo na firma da minha filha. Quando nós passamos a rua estava tranquila. Foi tudo muito de repente. A minha neta caiu, começou muito tiro. Quando eu puxei ela caiu, eu me machuquei ainda, me joguei para proteger ela, que está gravida. Eu só vi um furo no braço dela e gritei para eles me ajudarem a trazer. Perdi minha neta e meu bisneto”, desabafou, muito emocionada.
“A minha rua tá muito perigosa, eu não queria ter perdido minha neta e perdi desse jeito estúpido. Eu perdi minha neta num tiroteio bárbaro”, completou a avó. No relato, ela ainda explicou que Kathlen tinha se mudado da comunidade, justamente por causa do medo da violência. “A garota tem um mês que saiu dali por causa desses perigos, por causa de tudo daquele Lins. Aquela minha rua tá muito perigosa. Eu não queria ter perdido minha neta e perdi desse jeito estúpido. Uma garota que trabalha, que estuda, formada. Só isso que eu tenho a dizer, eu não tenho mais nada“, declarou.
Outros familiares e amigos de Kathlen Romeu estiveram na porta do hospital e conversaram com a emissora. “Nós, como mães, já não aguentamos mais ver crianças e jovens morrendo inocentes. Foram duas vidas, uma carregando a outra. Eu já não aguento mais. Aquilo ali virou terra de ninguém”, lamentou uma amiga da modelo, que também não teve seu nome divulgado.