Caso Rafael Miguel: Luiz Bacci e Record são condenados a indenizar mulher por erro no Cidade Alerta: ‘Lesão grave à honra’

Justiça determinou que mulher seja indenizada em R$ 15 mil. Apresentador e emissora ainda podem recorrer

A Record e o apresentador Luiz Bacci foram condenados a pagar uma indenização de R$ 15 mil para uma mulher que foi alvo de um erro de reportagem durante a cobertura do assassinato do ator Rafael Miguel. Em junho de 2019, a emissora exibiu no programa “Cidade Alerta” imagens da mulher, afirmando que ela estava ajudando o suspeito do crime a fugir.

Após o assassinato de Rafael Miguel, de 22 anos, que interpretou o personagem Paçoca na novela Chiquititas, do SBT, o canal de Edir Macedo mostrou imagens da mulher em um posto de gasolina. A matéria afirmava que ela era irmã do suspeito do crime, o comerciante Paulo Cupertino Matias, e que estava abastecendo o carro para ajudá-lo na fuga. “A autora [do processo] não conhece o acusado e muito menos possui vínculo de parentesco com ele. A Record e Bacci ignoraram totalmente a obrigação da imprensa de divulgar a verdade“, disse Eduardo Ferreira Vale, advogado da mulher.

Isabel Tibcherani e Rafael Miguel eram namorados até o pai dela assassinar o ator. (Foto: Reprodução/Redes sociais)
Isabel Tibcherani e Rafael Miguel eram namorados até o pai dela assassinar o ator. (Foto: Reprodução/Redes sociais)

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O fato foi de grande repercussão nacional, e ela sofre até hoje deboche de vizinhos, vindo apontá-la como piloto de fugas de criminosos“, argumentou o representante. No entanto, a Record e Luiz Bacci afirmaram que divulgaram fatos com base em “documentos e imagens fornecidas pelas autoridades policiais e por terceiros“. O canal e o apresentador alegaram ainda que não causaram “dor, vexame ou humilhação que fugissem à normalidade“.

Os jornalistas buscaram obter as informações de todas as partes envolvidas antes da divulgação da matéria, razão pela qual se verifica a ausência de conduta dolosa e passível de reprimenda ou indenização“, afirmou Leonardo Cordeiro, advogado que representa Bacci e a Record.

A Justiça não concordou com os argumentos da empresa e do jornalista. O juiz Fábio Junqueira apontou que a emissora não comprovou que as imagens e dados que estavam na reportagem foram fornecidos pela polícia. Na sentença, ele declarou: “O modo como a imagem da autora [do processo] foi mostrada supera a intenção de informar, própria da atividade jornalística, e caracteriza lesão grave à honra. O fato, assim, causou evidente sensação de injustiça, além de sentimentos como ansiedade, angústia e tristeza, com evidentes danos à imagem e à reputação.” Luiz Bacci e a Record ainda podem recorrer.

Caso Rafael Miguel 

Em 2019, Paulo Cupertino Matias foi apontado pela polícia como responsável pelo assassinato do ator e dos pais dele, João Miguel e Miriam Miguel. Câmeras de segurança registraram que Cupertino atirou 13 vezes nas vítimas. O Ministério Público apontou que a causa do crime foi ciúmes. Ele é acusado de triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.

O comerciante não aceitava o namoro entre a filha, Isabela Tibcherani, e Rafael. Na noite do crime, o ator levou os pais na casa da namorada, que tinha 18 anos, para falar sobre o relacionamento deles. Após os assassinatos, Cupertino fugiu do local, e a polícia de São Paulo o incluiu na lista Difusão Vermelha da Interpol.

Fotojet
Paulo Cupertino ficou três anos foragido e atualmente aguarda julgamento. (Fotos: Reprodução/Divulgação)

O suspeito ficou três anos foragido até ser preso em maio de 2022 e aguarda o julgamento de um júri popular. No entanto, a data ainda não foi marcada. Após a prisão do pai, Isabela se manifestou nas redes sociais. “Fui informada do ocorrido. Não consigo falar muito a respeito agora, mas quero agradecer todas as mensagens e todo apoio. É uma mistura muito grande de sentimentos e agora preciso de espaço. Grata“, declarou a jovem.

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