Hugo Gloss

Dráuzio Varela se posiciona após notícia de que detenta Suzy estuprou e matou criança de 9 anos: ‘Sou médico, não juiz’

No dia 1º deste mês, uma reportagem veiculada pelo ‘Fantástico’, conduzida pelo médico Dráuzio Varella, movimentou as redes ao mostrar a vida de preconceito e abandono de detentas trans alocadas em unidades prisionais masculinas. Uma das histórias mostradas – a de Suzy Oliveira – emocionou telespectadores com destaque para um abraço sensível do profissional – que há décadas atua como voluntário em penitenciárias.

Durante a conversa, Suzy relatou que estava sem receber qualquer visita no local há mais de oito anos. “Muita solidão, não é minha filha?“, reagiu Dráuzio, abraçando a interna. A matéria causou comoção e Suzy chegou a receber 324 cartas e presentes, como livros e chocolates, de acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária. Um novo fato, entretanto, balançou a opinião pública neste domingo (8): a descoberta do porquê de a transexual estar presa.

Em maio de 2010, Suzy – cujo nome de batismo é Rafael Tadeu de Oliveira Santos – estuprou e matou, por estrangulamento, uma criança de 9 anos. De acordo com o processo contra a presidiária, ela ainda teria deixado o corpo da vítima apodrecer em sua sala por 48 horas. Suzy depois relatou ao pai da criança que o corpo teria sido encontrado na porta de sua casa. Em depoimento à justiça, uma tia declarou que Suzy sempre foi uma criança problemática.

Roubava, mentia, não ia para a escola. Até os 12 anos, coisas de criança. Mas depois dos 12, começou a roubar com arma“, contou. Ela mencionou, por fim, que a sobrinha já havia sido acusada de abusar de uma criança de três anos. Ao R7, a Secretaria da Administração Penitenciária confirmou que a detenta cumpre pena por homicídio triplamente qualificado e estupro de vulnerável (menor de 14 anos). Procurada, a advogada de Suzy, Bruna Paz Castro, informou que só se manifestará após se encontrar com a cliente nesta segunda (9).

https://www.youtube.com/watch?v=azoWnEfVhlI&feature=emb_title

A notícia veio à tona na tarde deste domingo (8) e deixou as redes sociais em polvorosa. Poucas horas depois, o próprio Dráuzio Varella, divulgou uma nota de esclarecimento. De acordo com o médico, ele não sabia do crime, pois não perguntou nada sobre os delitos às reeducandas retratadas na reportagem. Esse, aliás, é o comportamento padrão de Varella para evitar que um julgamento pessoal possa interferir na execução do seu ofício na medicina.

Há mais de 30 anos, frequento presídios, onde trato da saúde de detentos e detentas. Em todos os lugares em que pratico a medicina, seja no meio consultório ou nas penitenciárias, não pergunto sobre o que meus pacientes possam ter feito de errado. Sigo essa conduta para que meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico“, declarou. “No meu trabalho na televisão, sigo os mesmos princípios. No caso da reportagem, veiculada pelo Fantástico na semana passada (1º/3), não perguntei nada a respeito dos delitos cometidos pelas entrevistadas. Sou médico, não juiz“, concluiu.

No fim da noite, o ‘Fantástico’ também se manifestou sobre o caso. “O quadro do Dr. Drauzio Varella foi sobre uma situação que o Estado brasileiro precisa enfrentar: mulheres trans cumprem as penas pelos crimes que cometeram em meio a presos homens, o que gera toda sorte de problemas. O crime das entrevistadas não foi mencionado, porque este não era o objetivo da reportagem. Foi divulgada apenas uma estatística geral sobre eles. O quadro gerou muita empatia no público mas também críticas exatamente por não mencionar os crimes“, pontuou o jornalístico.

Sobre as críticas, o Dr. Drauzio Varella divulgou a seguinte nota, que o Fantástico apoia integralmente: ‘Cuido da saúde de criminosos condenados há 30 anos. E por razões éticas não busco saber o que de errado fizeram. Sigo Sigo essa atitude para cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico. E para não cair na tentação de traí-lo atendendo apenas aqueles que cometeram crimes leves. No quadro do Fantástico, segui os mesmos princípios'”, encerrou.

 

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