Ontem (23), o ex-participante do talent show “Bake Off Brasil”, Murilo Marques, fez um relato corajoso e chocante a respeito de um golpe que ele sofreu na última quarta-feira (21). O rapaz revelou que foi estuprado, dopado e roubado por um rapaz com quem se encontrou. Não bastasse vivenciar todo esse horror, ele detalhou o processo penoso para tentar recuperar seu dinheiro e registrar as denúncias.
Em sua conta no Twitter, Murilo explicou que o encontro foi marcado por um aplicativo de relacionamentos, após os dois conversarem e o engenheiro químico ver as fotos do parceiro. Já na casa de Marques, os dois começaram a “ficar”, até que o homem interrompeu o ato e anunciou que era garoto de programa e precisava ser pago. Murilo o alertou que não tinha contratado ninguém, e que se soubesse disso, não o teria convidado para sua casa.
Quando Murilo revelou que não tinha dinheiro, o tom do homem se elevou e ele ainda mostrou uma máquina de cartão de crédito. Neste ponto, o engenheiro já começou a se sentir muito mal e imaginou que tinha sido drogado. Já vulnerável e com medo, Marques passou a senha de todos seus cartões no dispositivo. “Eu tentei recusar e nessa hora ele desferiu um soco na minha cara. Nem senti na hora, mas depois vi que ficou roxo”, contou.
Eu entrei para a estatística! Essa semana eu caí num golpe: fui dopado, violado e roubado na minha casa.
*Alerta de gatilho *
No dia 21/10/2020 eu recebi um homem de aplicativo de relacionamento na minha casa, ele chegou as 12:04, me mandou fotos antes e chamei. Eu sem entender— Murilo Marques (@MuriloBakeOff2) October 24, 2020
Cada vez mais debilitado, Murilo tentou encontrar alternativas para sair do apartamento, mas em um determinado momento, o homem tentou obrigá-lo a cheirar cocaína. “Eu só conseguia responder que não queria, mas ele insistia e ameaçou quebrar meu braço se eu não aceitasse. Eu resisti e, talvez pelo meu estado, ele não seria capaz de me forçar a cheirar”, cogitou.
Em seguida, o engenheiro químico foi estuprado. “Fui jogado na cama de bruços, nesse momento o estupro aconteceu: Eu só lembro dele me estuprando com a mão enquanto eu me debatia. Não sei quanto tempo durou, não sei o quanto eu resisti, mas fui estuprado. Eu acho que ele me estuprou para me dopar mais, porque depois disso eu perdi quase toda minha consciência, entrei numa paranoia onde não sabia o que era realidade, o que era pesadelo. Eu não conseguia andar, entrei em desespero pensando nos cartões, nas senhas”, recordou.
Passando muito mal, Murilo descobriu que o bandido já tinha deixado o apartamento. Só assim conseguiu pedir socorro para o namorado Renan Bajester, com quem tem um relacionamento aberto, e um amigo. “Os meninos correram para me acolher e me ajudaram a bloquear os cartões, mas eu ainda estava incapaz de entender o tamanho do estrago”, falou. E foi grande. Entre saques, empréstimos e transferências, o homem deu um prejuízo de mais de R$ 50 mil para Murilo.
Nos bancos, o engenheiro não teve um retorno muito positivo a respeito da possibilidade de reaver seu dinheiro e agora aguarda a finalização dos prazos para ter um retorno. “Os investigadores e a própria técnica da Caixa me disseram que é praticamente impossível o banco desfazer as transações. Aparentemente para os bancos pouco importa se você foi dopado e estuprado, pouco importa as transações suspeitas em sequência e os valores altos, ou se sua integridade física foi ameaçada, se você entregar sua senha, problema seu. Não reaja em assaltos, mas se for pra pegar sua senha reaja sim, você está sozinho! Eu quero muito estar errado sobre isso”, desabafou Murilo.
Na polícia e no Instituto Médico Legal, a experiência de Murilo foi ainda mais lamentável. “Eu chorava muito, me senti sujo, culpado, me senti um lixo mas sabia que a saga não tinha terminado, precisava ir à delegacia fazer BO. A delegacia é um ambiente nada acolhedor, eles me ouviram, mas minha privacidade foi violada, tive que contar a história diante de vítimas de outros crimes, você está fragilizado, traumatizado, sujo e durante seu depoimento ouve piadinhas paralelas, é deprimente”, explicou.
“Fui encaminhado para o IML para fazer exame sexológico, toxicológico e busca de DNA, já era 20h30 quando cheguei lá com o Renan, esperamos e a médica me chamou, me sentou na cadeira dela e disse que seu jantar tinha acabado de chegar, que era pra eu voltar para recepção e esperar mais um pouco… Depois desse ‘acolhimento’ tão cheio de empatia, voltei pra recepção morto por dentro. Fiz os exames, tirei a roupa, ela examinou meus órgãos sexuais, mais um pouco de humilhação, mas OK né, não é como se eu tivesse uma opção”, detalhou.
De acordo com o porteiro do prédio, as imagens do circuito de segurança só podem ser liberadas com solicitação da polícia. Porém, Murilo conseguiu conferir o horário em que o criminoso entrou no prédio e calcular mais ou menos quanto tempo durou o pesadelo que viveu, entre 12h04 até 13h54. Para finalizar o relato, Marques contou que, além do trauma, agora precisa encarar a destruição de um sonho com o namorado.
“Quem me conhece sabe que esse ano o Renan e eu compramos um apê, todo esse dinheiro roubado era pra pagar nossa casa. Economias de uma vida toda pro nosso lar foram roubadas por alguém que não só levou meu dinheiro, mas também me violentou levando minha dignidade. […] No momento estou negativo em todas as minhas contas, sem dinheiro nenhum para honrar os compromissos com os prestadores de serviço que estão reformando nossa casa e absolutamente traumatizado”, confessou.
Felizmente, Murilo tem contado com muito apoio. “Estou recebendo apoio psicológico da empresa que trabalho, meu namorado é a melhor pessoa do mundo e está do meu lado me guiando, ajudando, apoiando, tenho também minha família pra me dar apoio, tenho todas as ferramentas para superar isso”, afirmou. “Eu decidi contar essa história porque eu preciso ser capaz de compartilhar isso sem medo, sem vergonha, apesar de me sentir humilhado e culpado, eu SEI que sou uma vítima, eu TENHO que superar”, finalizou.