A família de Flávio Migliaccio decidiu processar o Estado do Rio de Janeiro após o vazamento de fotos do corpo do ator por dois policiais militares. Ele faleceu nessa segunda-feira (04), aos 85 anos. Marcelo Migliaccio, filho do artista, acionou o advogado Sylvio Guerra, que se manifestou, inconformado com o caso.
Através de uma publicação no Instagram, Guerra deu mais detalhes das medidas legais e lamentou o ocorrido. “Foi uma violência, um desrespeito! Estarei tomando todas às medidas judiciais cabíveis em face de dois Agentes do Estado, dois Policiais Militares, que divulgaram foto de meu cliente em condições que se encontrava dentro de seu quarto após suicidar-se”, relatou.
O advogado, então, explicou a decisão de também acionar o Estado. “Esses policiais carregam a bandeira do Estado em suas fardas. Além de Vilipêndio de cadáver, elencado no Código Penal, buscaremos em face do Estado, danos causados pela absurda, abusiva e mórbida divulgação da foto de meu cliente Flávio Migliaccio, já falecido, violando sua imagem, o luto da família, amigos e fãs”, declarou.
“Ressaltamos que a fotografia foi feita dentro da propriedade privada, sem autorização da família e divulgada em redes sociais”, acrescentou Sylvio. Na sequência, ele mostrou que a intenção da família não é lucrar com o caso, já que não pretende ficar com o dinheiro. “O filho de Flávio, Marcelo Migliaccio, já se manifestou no sentido de doar a indenização, caso seja reconhecida pela Justiça”, apontou.
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O ator Flávio Migliaccio foi encontrado morto na manhã de segunda-feira (04), em seu sítio em Rio Bonito, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pelo 35º Batalhão de Polícia Militar do estado, que fez um boletim de ocorrência do caso, apontando a causa da morte como suicídio.
A polícia atendeu a um chamado do caseiro da propriedade, Nelson Soares da Silva, que encontrou o corpo de Migliaccio no quarto do ator, logo pela manhã. De acordo com o colunista Ancelmo Gois, do jornal “O Globo”, Flávio deixou uma carta para os familiares.
Sylvio Guerra, advogado do artista, se pronunciou após descobrir a notícia. “Liguei para o Marcelo Migliaccio, filho de Flávio, que disse que recebeu uma ligação do caseiro dizendo que o Flavio tinha falecido. Ele está na estrada, à caminho do sítio, e ainda não sabe a causa da morte do pai”, informou à revista Quem.
Flávio avisou para a afilhada, Morgana, que iria para Rio Bonito, na semana passada. Migliaccio era muito querido no município e participava ativamente da vida cultural e política da cidade.
Migliaccio está no ar atualmente na reprise de “Êta Mundo Bom!”, de 2016, na Globo. Seu último trabalho na TV foi em “Órfãos da Terra”, em 2019, como Mamede Aud, trabalho que lhe trouxe o troféu APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), como Melhor Ator de Televisão. Já nos cinemas, Flávio pôde ser visto no ano passado na cinebiografia “Hebe – A Estrela do Brasil” como Maestro Fego, o pai da apresentadora na fase adulta. O filme com Andréa Beltrão foi exibido em forma de minissérie no começo do ano na emissora carioca.
O ator nasceu em 26 de agosto de 1934, no bairro do Brás, São Paulo. Em 1954, fez o curso de teatro do italiano Ruggero Jacobbi. Ao final, foi encaminhado para o grupo amador Teatro Paulista do Estudante e, enfim, se profissionalizou com o Teatro de Arena. Fez algumas participações na TV Tupi e atuou em dois longas-metragens de Roberto Santos – “O Grande Momento” (1958) e “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” (1965). Em 1962, participou de ‘Cinco Vezes Favela’, atuando e escrevendo. No ano seguinte, estreou como roteirista e diretor em “Os Mendigos”.
Ele ganhou notoriedade na década de 1970, ao interpretar o personagem Xerife na novela “O Primeiro Amor”, seu primeiro trabalho na Rede Globo. A dupla formada com Paulo José na trama fez tanto sucesso que Flávio decidiu dar continuidade às histórias dos personagens num seriado, o “Shazan, Xerife & Cia.”, que contou com 66 episódios entre 1972 e 1974.
Com 60 anos de carreira, Migliaccio ainda tinha em seu currículo mais de trinta novelas como “Rainha da Sucata”, “Torre de Babel”, “Senhora do Destino”, “América” e “Passione”. Ele ainda esteve em programas especiais, séries e minisséries, ficando marcado pelo papel icônico de Seu Chalita Al Aragón, em “Tapas & Beijos”, exibida entre 2011 e 2015.
Além do filho, Marcelo, Flávio deixa a mulher, Yvonne, e a neta, Marina. Com certeza vai fazer muita falta! Nossos sinceros sentimentos aos familiares e amigos.