Hélio de la Peña abriu o jogo sobre uma antiga cultura “institucionalizada” dos infames testes do sofá na TV Globo. Nesta semana, em entrevista ao podcast “Inteligência Ltda”, o humorista do “Casseta & Planeta” contou como, décadas atrás, diretores e produtores costumavam assediar mulheres sexualmente em troca de mais espaço nas produções da emissora.
“Tinha uma coisa assim que era o tal do teste do sofá. Pra menina fazer uma figuração, os diretores e os produtores assediavam. Eu não via, mas ouvia falar. Era corriqueiro. P*rra, tinha produtor que tinha contato com cafetina e botava as meninas como figuração”, contou ele, durante o papo com Rogério Vilela. Sem dar muitos detalhes, Hélio ainda citou Marcius Melhem, fazendo referência às denúncias de assédio que o ex-diretor da Globo recebeu no ano passado: “Depois Marcius Melhem tentou reproduzir e se deu mal”.
De la Peña afirmou que essa situação era quase como institucionalizada nas décadas de 1980 e 1990. “Tinha uma coisa de uma libertinagem, de um abuso, um assédio. De quem não cedesse, de fato, não ia pra frente e não subia [na carreira]“, afirmou. Segundo o humorista, as coisas só mudaram no início dos anos 2000, quando a TV Globo desligou profissionais que faziam isso.
“Tanto que depois que mudou a direção da emissora, eles foram atrás e demitiram os produtores que faziam esse tipo jogada, tentando criar um ambiente mais profissional, ambiente mais correto e mais decente pra televisão”, recordou Hélio. Ainda assim, houve quem ficou incomodado com essa penalidade pelos abusos. “Algumas pessoas até estranharam um pouco e falaram: ‘Ué, mas isso não é mais televisão’“, continuou o humorista, apontando que também era comum o uso de drogas.
Questionado por Vilela, o ex-Casseta falou sobre o caso de Melhem e afirmou que colegas de emissora teriam endossado a situação exposta pela revista Piauí. No ano passado, em uma extensa reportagem, a publicação trouxe à tona uma série de relatos chocantes de supostos ataques sexuais, que teriam Dani Calabresa e outras mulheres como alvo.
“Eu não tinha contato com a produção do Marcius, não tinha noção nem ideia do que estava acontecendo. Eu vim a saber quando vi a reportagem da revista Piauí. Depois, conversando com alguns amigos lá de dentro, me falaram que era isso mesmo, que a coisa era estranha”, admitiu de la Peña. Melhem nega todas as acusações e chegou a processar a Piauí; no entanto, perdeu ação judicial no final de abril. Ele recorre da decisão.
Assista ao vídeo abaixo: