A manhã de terça (17) foi marcada por discussões importantes em “A Fazenda 12″… As peoas Lidi e Jakelyne engataram uma conversa sobre suas próprias experiências com o racismo. Tudo começou quando a modelo explicou que o termo “cecê”, usado popularmente, para se referir ao odor do suor significaria “cheiro de criolo” e, portanto, é considerado racista. “Eu tô chocada”, reagiu Lidi.
Antes que prosseguissem com o assunto, a câmera do Playplus, serviço de streaming do programa, cortou para outro cômodo. Mais cedo, isso já havia acontecido quando Lidi protagonizou outro momento relatando suas experiências com a discriminação racial e sua percepção tardia de que a questão importava, quando falava com Stéfani. Os internautas reclamaram do posicionamento da produção.
Não é a primeira vez que o reality é acusado de “censura”. Algumas semanas atrás, a câmera do programa também não registrou um beijo entre Mirella e Stéfani, e já cortou o depoimento da MC sobre namorar mulheres.
Quando a câmera retornou o foco para Lidi e Jakelyne, o tópico permanecia. A atriz discorria sobre o despertar dos novos tempos para a pauta racial. “Agora, as pessoas tão começando a acordar, assim como eu também acordei depois de 35 anos”, disse ela.
Jakelyne concordou e refletiu sobre o preconceito velado. “Idealizamos o mundo perfeito em que as pessoas não são julgadas pelo tom da pele, porque estava disfarçado, então a gente não percebia. Igual você falou: em vários personagens e vários trabalhos seus, você sofreu preconceito e não percebeu, porque você preferiu pensar que era com você, que a pessoa não gostou de você”, pontuou a fazendeira.
“Como aquele dia que estávamos falando da ‘raça’ negra. A questão desse nome. Tem que reconfigurar, raça, somos todos a raça humana. Eu não tenho nada de diferente, tenho mãos, eu sangro, nada de diferente, só o tom da minha pele. Tem que rever muitas coisas”, ressaltou Lidi.
“Na minha certidão eu sou parda. Eu falei isso com a minha mãe. Isso por muito tempo foi uma questão minha com a minha mãe. Exemplo, a Raissa Santana que é Miss Brasil. Ela tem exatamente o mesmo tom de pele que eu, mas ela tem o cabelo black, é black que fala, né? E aí somos exatamente do mesmo tom de pele só que o cabelo dela é black”, desabafou Jake.
Em seguida, ela lembrou também que a primeira Miss Brasil negra foi Deise Nunes, coroada em 1986. “Depois de mim, quando ela (Raissa Santana) venceu, começaram as matérias ‘segunda Miss Brasil negra da história’ e começaram a falar por que ela era negra, e eu não era. Aí eu virei pra minha mãe e perguntei o que eu era”, relatou a modelo.
“Eu tenho traços negros. Eu sou a miscigenação em pessoa: tenho branco, negro, indígena. E minha mãe falou que eu era negra, e as pessoas falavam que eu não era, não me aceitavam como negra. Fiz minha árvore genealógica, e saiu ‘cafuzo’ (filho de negro e indígena). Meu pai é negro. Agora, porque eu puxei o cabelo liso da minha avó, não sou negra. Eu sempre me considerei negra, e as pessoas viraram pra mim e disseram que eu não era negra”, continuou Jakelyne.
Em resposta, Lidi fez uma reflexão do mesmo gênero. “Você falou, e eu fiquei pensando… As pessoas quando falam comigo e dizem ‘você é negra, mas você tem traços finos, né?'”, recordou.
A atriz retomou o raciocínio, contestando a associação negativa feita pela sociedade. “Como se fosse ruim! O Thiaguinho me falou uma vez que a palavra negro é tão pesada que as pessoas preferem te desapropriar. Igual falar que a Jake não é negra porque ela tem o cabelo liso. As pessoas preferem acreditar que a pessoa que está ao lado dela não é negra. A Raissa é muito minha amiga, amo ela de paixão, e teve um dia que eu fiquei do lado dela e…”, desenvolveu, novamente sendo interrompida pela câmera, que cortou a conversa.
Quando a captação foi retomada, Lidi comentava sobre as polêmicas na imprensa quando ela protagonizou a novela “Jezabel”, da Record. “Eu ‘buguei’, e os jornalistas me massacraram, falando que eu era uma estrela e não queria responder as perguntas”, comentou.
Segundo ela, algumas questões eram direcionadas a ela só por ser negra. “Não iam perguntar para alguém loira, com olhos azuis”, lamentou Lidi.
Assista a um trecho da conversa: