Depois do sucesso estrondoso de “Dahmer: Um Canibal Americano”, os holofotes se voltaram para Jeffrey Dahmer e suas vítimas. Muitas pessoas que estiveram diretamente envolvidas nas investigações deram a suas opiniões sobre o projeto da Netflix. Agora, foi a vez de Cola Styles, a vizinha que denunciou o serial killer para a polícia, falar sobre a série.
Ao Spectrum News 1, a mulher revelou que as duas novas produções do streaming sobre os casos trouxeram “algumas memórias incrivelmente desagradáveis de volta à mente“. Além do seriado estrelado por Evan Peters, a plataforma também lançou “Conversando com um serial killer: O Canibal de Milwaukee”.
Aos 17 anos, Styles ligou para a polícia depois de ver uma das vítimas do psicopata, Konerak Sinthasomphone, de apenas 14 anos, nu, espancado e atordoado do lado de fora do prédio de Dahmer. Cola estava no local para visitar sua tia e seus primos, que moravam no condomínio ao lado. Ao responderem à denúncia, os agentes foram até o local e interrogaram Jeffrey sobre o assunto.
Naquela ocasião, ele alegou que o jovem tinha 19 anos e que os dois estavam em um relacionamento consensual. Mesmo com os pedidos de Cola e sua tia, Glenda Cleveland, os três policiais concluíram que não havia sinais de luta e deixaram o jovem aos cuidados de Dahmer. Mais tarde, quando foi preso, Jeffrey confessou o assassinato de Sinthasomphone. Ele revelou que matou e desmembrou o adolescente poucos depois dos agentes saírem do local. Dahmer chegou a perfurar o crânio do rapaz e injetar uma solução de ácido clorídrico com a intenção de transformá-lo numa espécie de ‘zumbi’, que poderia satisfazer todas suas vontades.
“Eu estava me perguntando se eu poderia ser hipnotizada para bloquear essa parte da minha vida, tipo, eu realmente não queria pensar nisso“, lembrou a norte-americana, que passou a usar diversos nomes ao longo dos anos para se distanciar do crime. Ela revelou que demorou quase duas décadas para conseguir se “perdoar” por não ter salvo a vida de Konerak. Neste processo, escreveu uma biografia, “Divine Providence: Finding Purpose in the In Between” (Providência Divina: Achando propósito no meio”). Cola afirmou que, com as respostas ao livro, ela começou a entender que o que aconteceu naquela noite não era sua culpa.
Apesar da nova fama que os casos ganharam recentemente, essa não é a primeira vez que Styles fala sobre o assunto. “Eu poderia dizer que [Konerak] estava ferido. No começo eu pensei que era uma iniciação de gangue ou algo do tipo. Mas ficou claro que ele precisava de ajuda. Ele não conseguia ficar de pé e estava totalmente letárgico, havia cortes e arranhões por todo o corpo. Então eu vi um fino fio de sangue escorrendo por suas coxas. Quando ele me viu, foi como se uma oração tivesse sido respondida. Ele olhou para mim como se eu o conhecesse. Ele veio e estendeu a mão para mim como uma criança e caiu. Eu o segurei no chão“, relembrou à Fox News em 2020.
“Eu tentei falar com ele, mas ele não conseguiu responder… Mas ele tinha um olhar como se estivesse me agradecendo“, Styles continuou. “Fiquei enxugando a cabeça dele porque ele estava suando muito. Eu não sabia se era de drogas ou do que exatamente. Mas eu continuei dizendo que tudo ia ficar bem. Não sei o que deu em mim, mas nada me impediu de acariciá-lo e confortá-lo naquele momento“, recordou.
Ela também narrou sua conversa com o próprio assassino. Dahmer havia abordado a jovem enquanto ela ligava para a polícia, dizendo que “não havia necessidade” para aquilo. “Quando eu disse que liguei para a polícia, ele continuava dizendo que o nome do menino era Jim e que ele estava bêbado. Quando ele percebeu que eu não estava acreditando, eu vi um traço de maldade nele. E então ele estava lidando com o menino de maneira rude, tentando levá-lo embora. Houve muitos puxões e torções no braço dele, ele estava sendo muito agressivo“, pontuou.
“Eu simplesmente não conseguia entender por que ele estava me enchendo tanto por saber que a ajuda estava a caminho“, informou ela. “Eu não tive um bom pressentimento. E nesse ponto, ele estava me dizendo para cuidar da minha vida. Ele continuou dizendo: ‘Isso não tem nada a ver com você. Este é o meu amigo.’ E toda vez que eu perguntava o nome do amigo dele, a resposta mudava“. A polícia, concordou com o criminoso.
Cola e sua tia, Glenda, chegaram a ligar novamente para os policiais a fim de saber o que aconteceu com Konerak. “Eles disseram que cuidaram do assunto, que aquela foi uma discussão entre dois amantes e que ele não era uma criança“, pontuou ao Chicago Tribune. Dias depois, no entanto, quando Cleveland leu no jornal que Konerak havia sido dado como desaparecido, ela contatou novamente a polícia. “Eles disseram que enviariam alguém para falar comigo em breve, mas nunca o fizeram“, finalizou.
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques