[Alerta Gatilho!] Nesta terça-feira (11), a Netflix saiu vitoriosa em um processo relacionado à série “13 Reasons Why”, segundo o New York Post. No ano passado, os pais de uma jovem entraram na Justiça, alegando que sua filha tirou a própria vida após assistir à produção. A primeira temporada do seriado, que estreou em março de 2017, era focada nos motivos pelos quais a protagonista cometeu suicídio.
A briga judicial teve início em agosto de 2021, quando John Herndon, pai da jovem Bella, responsabilizou a empresa pela morte de sua filha. “[Ela] morreu como um resultado de atos tortuosos e omissões da Netflix que causaram, ou ao menos contribuíram substancialmente para [o suicídio]“, disse ele, de acordo com os documentos enviados à Justiça.
Bella faleceu em abril de 2017, quando tinha apenas 15 anos. Além dela, Priscilla Chui, de mesma idade, também tirou a própria vida depois de ver a série. Na época, John e a família de Chui se uniram para se manifestar contra a segunda temporada de “13 Reasons Why”. “Não vão em frente com a renovação de uma segunda temporada de ’13 Reasons Why’. Parem com isso. Isso é errado. Vocês estão ganhando dinheiro com a miséria de outros”, clamou Herndon.
A produção conta a história de Hannah Baker (Katherine Langford), uma adolescente que comete suicídio e deixa 13 fitas revelando os responsáveis pela sua decisão, relatando tudo o que havia sofrido. Os episódios traziam conteúdo gráfico e fortes cenas de assédio, estupro, bullying, entre outras situações delicadas. O último capítulo contava com uma sequência explícita de três minutos de duração detalhando o suicídio.
Já no ano passado, os advogados da Netflix entraram com uma petição para dispensar o processo de Herndon. “Os criadores obrigados a proteger certos espectadores de obras expressivas sobre suicídio inevitavelmente censurariam a si mesmos para evitar a ameaça de serem responsabilizados judicialmente. Isso enfraqueceria o vigor e o limite da variedade do debate público”, disseram eles, de acordo com o The Independent.
A defesa de Herndon alegou que as críticas de seu cliente diziam mais respeito aos algoritmos da Netflix que promovem a série, não exatamente à produção em si. “O que este caso se trata é sobre o direcionamento privado [da série] a crianças vulneráveis e as consequências disso, que não só eram apenas previsíveis e foram previstas, como a Netflix foi avisada sobre isso”, afirmou Ryan Hamilton.
Mesmo com os argumentos da família, a juíza Yvonne Gonzalez Rogers decidiu em favor da Netflix nesta terça-feira (11). “Esse é um caso trágico… mas basicamente, eu não acho que [esse caso] sobrevive”, disse ela. O veredito da magistrada foi tomado com base na Primeira Emenda à constituição norte-americana, que estabelece o direito à liberdade de expressão. O requerente tem até o dia 18 de janeiro para responder se pretende recorrer da decisão.
Medidas tomadas pela Netflix
“13 Reasons Why” deu muito o que falar e, realmente, levantou um debate público a respeito da questão. Um ano após a estreia da produção, a Netflix concordou em incluir na série um video de meia hora alertando sobre os riscos do suicídio. Contudo, em julho de 2019, em meio às críticas por parte de pais, professores, médicos e terapeutas, a plataforma decidiu “ouvir o conselho de especialistas médicos” e remover as cenas explícitas do final da primeira temporada.
“Nenhuma cena é mais importante do que a vida da série e a sua mensagem, que nós devemos ter mais cuidado uns com os outros”, disse a empresa na época. “Nós acreditamos que essa edição ajudará a série a fazer o melhor para a maioria das pessoas, enquanto mitiga qualquer risco especialmente para jovens espectadores vulneráveis”, declarou o streaming. Mesmo com as polêmicas, “13 Reasons Why” teve mais três temporadas e chegou ao fim em 2020.