Padre faz ataque homofóbico contra jornalista da Globo durante a missa: “Viadinho”; repórter dá a melhor resposta – Assista

Onde é que vamos parar? Durante uma missa na Paróquia de Tapurah, no Mato Grosso, neste domingo (13), um padre da ‘Pastoral da Família’, identificado como Paulo Antônio Müller, fez ataques homofóbicos aos repórteres Pedro Figueiredo e seu marido, Erick Ranielli, ambos da TV Globo.

As declarações absurdas acontecerem depois que um vídeo de 2020, no qual Ranielli desejava um feliz ‘Dia dos Namorados’ ao marido enquanto encerrava uma edição do “RJTV”, voltou a circular nas redes sociais ao longo deste mês. Confira o momento romântico:

O discurso do padre começou apontando o relacionamento dos jornalistas como “ridículo”. “A gente faz um namoro não como a Globo apresentou essa semana. Dois viados. Desculpa, dois viados. Um repórter, um viadinho, chamado Pedrinho. ‘Prepara meu almoço que eu tô chegando, tô com saudade'”, ironizou ele. “Ridículo. Por favor, que esta não seja a sua cabecinha também, tá? Nem do seu filho, nem da sua filha”, declarou ele aos fiéis.

Na sequência, o pároco citou a Bíblia. “Pega a Bíblia e olha o livro Gênesis: Deus criou o homem e a mulher. Isso que é casamento”, insistiu. “Que chame a união de dois viados e de duas lésbicas de qualquer coisa, mas não de casamento, por favor. Isso é falta de respeito para com Deus (sic). Isso é sacrilégio, é blasfêmia. Casamento é coisa bonita e digna. O sentimento do amor é entre homem e mulher, marido e mulher”, reforçou. Assista:

https://twitter.com/CLECCIO/status/1404908644605562883?s=20

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Desde o ocorrido, o discurso homofóbico do padre Paulo Antônio Müller ganhou muita repercussão na web. Internautas tentaram fazer com que o vídeo alcançasse o repórter da TV Globo, vítima primeira da ofensa. “Galera faz isso chegar no jornalista da Globo. Tem que processar esse lixo de pessoa. Se esconde atrás de um púlpito, usa a divindade pra propagar preconceito”,, lamentou Cleccio Tavares. “É inaceitável essa conduta de um cara que se diz servo de Deus. O Deus que existe, é amor, acolhimento… Por mais que o Papa tente mudar o olhar das pessoas em relação à igreja, vem uns “padres” como esse pra destilar o preconceito em nome de uma religião. Não dá mais!”, escreveu outro internauta.

Repórter se manifesta sobre ataques homofóbicos

Na manhã desta quarta-feira (16), o repórter Pedro Figueiredo quebrou o silêncio sobre o assunto. Junto a um vídeo do marido, que também é jornalista na Globo, ele fez um desabafo. “Quem nunca sonhou em receber uma declaração de amor na TV?! Eu tive essa sorte. Foi no ano passado, no Dia dos Namorados. Os repórteres e as repórteres que estavam ao vivo no “Bom Dia Rio” se declararam pra seus amores. Naquele dia, o Erick era o único LGBT do grupo. E a mensagem viralizou. Foi espontâneo, foi sincero, mas também foi um canhão de afeto. Inspirou e representou muita gente”, começou.

Sem mencionar o padre por nome, Pedro mandou uma mensagem sensível aos religiosos que não respeitam sua união e também agradeceu o apoio dos internautas. “Agora, um ano depois, voltou a viralizar. Dessa vez acompanhada por mensagens de ódio. Temos um profundo respeito por todas as religiões. Acreditamos no afeto e em seu poder de transformação. A Oração de São Francisco diz: “Onde houver ódio, que eu leve o amor”. É assim que vamos seguir em frente. Obrigado a todas as mensagens de carinho que temos recebido”, finalizou.

Ao contrário do repórter, nem Paulo ou a Paróquia de Tapurah emitiram qualquer posicionamento sobre a atitude do pároco. No entanto, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso informou, por meio de nota à imprensa, que instaurou uma investigação para apurar as declarações de Muller.

“O Ministério Público Estadual, por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos e Diversidades, repudia qualquer tipo de discurso de ódio. Reitera que as declarações efetuadas pelo padre extrapolaram a liberdade religiosa e que podem até mesmo resultar na propositura de medidas extrajudiciais, de ação civil pública por dano moral coletivo causado à sociedade, bem como ação penal, por eventual crime cometido”, afirmou a instituição, em trecho de nota divulgada.

Em situações tristes como essa, vale lembrar que a homofobia, desde junho de 2019, é prevista por lei como crime no Brasil. Conforme decisão do Supremo Tribunal Federal, através da Lei de Racismo (7716/89), a prática ou a incitação à discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual é punida com 1 a 3 anos de prisão, além de multa. Se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena pode chegar a cinco anos. Que a justiça seja feita! E deixamos aqui nossa solidariedade ao Pedro e ao Erick! O amor de vocês é lindo, e inspira muita gente, por esse Brasilzão!