Após entrevista reveladora de Angelina Jolie, Harvey Weinstein responde atriz direto da prisão

Absurdos de Hollywood… No último sábado (4), em entrevista concedida ao ‘The Guardian’, Angelina Jolie revelou detalhes sobre sua experiência horrenda com o ex-produtor Harvey Weinstein. O dono da ‘Miramax Films’, por sua vez, não deixou barato e respondeu às acusações da intérprete de “Malévola” por meio de seus representantes.

No comunicado emitido por seu assistente e divulgado pelo TMZ horas depois da entrevista da atriz, o ex-magnata do cinema, que atualmente está preso e cumprindo uma pena de 23 anos por estupro e agressão, negou as acusações. “NUNCA HOUVE uma agressão e NUNCA uma tentativa de agressão”, declarou. “É uma publicidade descaradamente falsa e indiscutível em troca de cliques”, continuou ele.

“Você é Angelina Jolie, todos os homens e mulheres do mundo, tenho certeza, mostram interesse em você. O mundo inteiro está atacando você?”, pontuou. “Está muito claro para mim que isso é para mais vendas do livro da Angie”, concluiu Weinstein, mencionando a obra literária de Jolie, “Know Your Rights: and Claim Them”, lançada no início de setembro.

O ex-produtor de cinema Harvey Weinstein no tribunal durante uma audiência, na qual enfrentou as acusações de abuso sexual e estupro em julho de 2021 em Los Angeles, Califórnia. (Foto: Getty)

Relembre o caso

Segundo relato da estrela – que em 2017 classificou as “investidas indesejadas” de Weinstein como uma “experiência ruim”, mas que agora as rotulou como uma agressão – o episódio aconteceu em 1998, quando ela tinha apenas 21 anos. O ataque teria ocorrido em um quarto de hotel, na época em que a jovem trabalhou no longa “Corações Apaixonados”, produzido por Weinstein.

Questionada pelo ‘Guardian’ sobre momentos em que foi desrespeitada na indústria cinematográfica, Jolie recordou o caso e pontuou que não havia considerado os avanços como agressão, pois, na época, conseguiu escapar. “Se você sair da sala, você acha que ele (Harvey) tentou, mas não tentou, certo? A verdade é que a tentativa e a experiência da tentativa são uma agressão”, explicou.

Angelina Jolie em “Corações Apaixonados”, filme produzido por Harvey Weinstein. (Foto: Reprodução / Miramax Films)

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Mesmo relutante em detalhar o ocorrido, Angelina compartilhou partes da experiência, que chamou de “um abuso de direitos”. “Foi além de uma investida, foi algo do que eu precisei escapar. Fiquei longe e avisei as pessoas sobre ele. Lembro-me de dizer a Jonny (Lee Miller, ator britânico), meu primeiro marido, que era ótimo nisso, para espalhar a palavra para outros caras – não deixem as meninas irem sozinhas com ele”, relembrou.

Anos depois, os caminhos de Angie e Weinstein voltaram a se cruzar. “Fui convidada para fazer ‘O Aviador’, mas recusei porque ele estava envolvido. Nunca mais me associei ou trabalhei com ele”, acrescentou. No entanto, o abusador retornou à sua vida quando a atriz já estava casada com Brad Pitt. Isso porque, o então marido de Angie, mesmo sabendo de sua experiência traumatizante, trabalhou com o produtor no filme de Quentin Tarantino de 2009, “Bastardos Inglórios”, distribuído e co-financiado pela Weinstein Company.

O ex-magnata de Hollywood Harvey Weinstein e Brad Pitt na première de “Bastardos Inglórios”, em 2009, na Califórnia. (Foto: Getty)

“Foi difícil para mim quando Brad trabalhou com ele”, disse ela. A estrela alegou, ainda, que o ex-marido abordou Harvey para produzir seu filme de 2012, “O Homem da Máfia”, contra a sua vontade, o que causou muitos conflitos em seu relacionamento. A Weinstein Company acabou divulgando o longa, e Jolie evitou participar de eventos promocionais do filme. “Nós (ela e Brad) brigamos por isso. Claro que doeu”, lamentou a musa.

Segundo Angelina Jolie, o envolvimento do então marido Brad Pitt com o ex-produtor condenado Harvey Weinstein gerou conflitos no casamento. (Foto: Getty)

Embora relatos e acusações sobre o comportamento abusivo de Weinstein tenham vindo à tona desde os anos 1970, celebridades conhecidas por suas amizades próximas com o condenado – como o próprio Pitt, Olivia Wilde, Meryl Streep, entre outros – só começaram a condená-lo publicamente entre 2015 e 2017, época em que o movimento #MeToo, campanha contra a cultura do assédio sexual em Hollywood, se tornou popular e expôs muitos casos envolvendo Harvey.

Desde então, o ator parece ter mudado seu posicionamento, já que atualmente a Plan B Productions, empresa de Pitt, está trabalhando em um filme sobre os repórteres do ‘The New York Times’, Jodi Kantor e Megan Twohey, que ajudaram a derrubar Weinstein com o exposed de 2017 que venceu o Prêmio Pulitzer.