Nesta terça-feira (15), o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) condenou o bispo evangélico João Batista dos Santos a 20 anos e 6 meses de prisão, pelo estupro de uma adolescente de 13 anos. De acordo com o processo, o religioso teria abusado da jovem e usado o argumento de que praticaria uma “cura gay” nela.
João Batista estava preso preventivamente desde fevereiro. De acordo com a revista Marie Claire, o bispo já foi condenado duas vezes pelo crime de violação sexual mediante fraude. Entretanto, respondeu em liberdade nas duas ocasiões. Com mais uma denúncia, no início deste ano, ele acabou detido.
Para imputar a pena, a Vara Criminal do Recanto das Emas, no Distrito Federal, levou em conta a autoridade que João exercia sobre sua vítima como bispo da igreja evangélica Ministério Arca Deus Presente. Além disso, havia também a ocorrência continuada do crime, visto que a adolescente teria sido alvo dos delitos por, pelo menos, três vezes, segundo o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
“Cura gay” e início dos ataques
O autos do processo afirmam que, em 2017, a jovem teria procurado o pastor para falar sobre sua orientação sexual, revelando ser lésbica. Antes dos abusos, o bispo afirmou que amava a criança e que pretendia casar-se com ela. Então, usando o argumento da “cura gay”, propôs ungir o corpo da garota com um óleo. Além disso, o Correio Braziliense revelou que o religioso teria até mesmo pedido fotos dela nua, alegando que as levaria para “orar”.
Para o Ministério Público, a narrativa do óleo da unção configura o “padrão de ataque” do bispo. “É evidente que o ‘modus operandi’ utilizado não é inédito, ou seja, há um padrão de ataque. Depois de ganhar a confiança das vítimas, elas eram levadas a acreditar que poderiam ser curadas com um óleo ungido passado em seu corpo”, indicou a promotoria.
Tática do religioso
Conforme exposto na sequência condenatória de João Batista dos Santos, a Justiça chegou à conclusão de que o evangélico inicialmente buscava a confiança das mulheres. Posteriormente, ele usava o óleo como pretexto para tocar no corpo de suas vítimas e até em suas partes íntimas, na justificativa de que estaria as “curando”.
A vítima do caso, por sua vez, passou a sofrer crises de pânico após os episódios. “A conduta do réu trouxe à vítima problemas de saúde consistentes em crises de ansiedade e do pânico, bem como gerando a ocorrência de episódios de desmaios e necessidade de atendimento psicológico, aspectos que sugerem gravames que extrapolam o próprio dissabor decorrente dos atos libidinosos a que foi submetida”, registrou a sentença.
Histórico de denúncias
Não é a primeira vez que João Batista foi acusado por crimes sexuais. Segundo o jornal Correio Braziliense, em 2013, o bispo foi condenado pelo estupro de uma criança de 12 anos em Goiânia. Já em 2014, duas frequentadoras de uma igreja evangélica do Gama alegaram ter sofrido abuso sexual do suspeito e registraram queixa na polícia. Quando interrogado, o suspeito afirmou que o “sexo” teria sido consensual e foi absolvido.
A mesma coisa aconteceu em 2016. Mais duas adolescentes – de 16 e 17 anos – foram até a polícia e registraram ocorrências acusando-o de estupro. Novamente, o bispo alegou que as moças teriam consentido com as relações sexuais.