A professora Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, morto em 8 de março, declarou nos últimos dias que também sofria agressões do namorado, o vereador Jairo Souza Santos. De acordo com a coluna de Juliana Dal Piva, do UOL, a pedagoga teria contado a pessoas próximas sobre as agressões de Dr. Jairinho. A Polícia Civil do Rio já tomou conhecimento dos relatos e, agora, investiga a veracidade.
Jairinho e Monique foram detidos no dia 8 de abril, suspeitos não só por homicídio, como também por ameaçarem testemunhas e atrapalharem as investigações do caso. A professora está presa no Instituto Penal Ismael Sirieiro, em Niterói e, segundo a publicação, há um clima de muita revolta entre as demais detentas. Medeiros teria sido recebida aos gritos, em coro que dizia: “Uh, vai morrer“. Por enquanto, ela está em uma cela isolada, cumprindo medidas de segurança da Covid-19.
Monique troca de advogado
Nesta segunda-feira (12), mesmo dia em que teve um pedido de habeas corpus negado pela Justiça, a mãe do menino Henry trocou de advogado. De acordo com a Folha de S.Paulo, o criminalista Thiago Minagé, que já representou Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, assumirá a defesa da professora, junto de Hugo Novais e Thaise Assad.
Em nota, o advogado disse que a única estratégia será “atuar com a verdade“. “Trabalharemos com os fatos conforme ocorreram e dentro dos princípios reitores do nosso ordenamento jurídico”, informou. Até agora, Monique vinha sendo defendida pelo mesmo advogado do namorado, André França Barreto. Ela negava que Jairo tivesse agredido e matado Henry. “Ela jamais mencionou para mim qualquer episódio de agressão, tanto de Jairinho para ela ou de Jairinho contra o Henry”, afirmou Barreto.
Entenda o caso
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a morte de Henry Borel, filho de Monique Medeiros e enteado do vereador Jairo Souza Santos, na madrugada do dia 8 de março. Laudos do Instituto Médico Legal, divulgados ainda ontem (12), descartam a versão contada à polícia pelo padrasto e mãe do menino, de que o óbito teria sido causado após um acidente doméstico, com o garoto caindo da cama.
As autoridades tiveram acesso ao celular de Thayná de Oliveira, babá de Henry, e encontraram trocas de mensagens nas quais a funcionária alertava a professora sobre agressões que o menino sofria por parte do padrasto. Embora o inquérito ainda não tenha sido concluído, a polícia acredita que o menino foi assassinado, e aponta Jairinho e Monique como suspeitos de homicídio duplamente qualificado – com emprego de tortura e impossibilidade de defesa da vítima.
Ainda segundo investigações, Dr. Jairinho teria praticado pelo menos três sessões de tortura contra o enteado, semanas antes da morte da criança, e Monique sabia de agressões, pelo menos, desde fevereiro. No dia 12 daquele mês, o vereador teria se trancado no quarto do apartamento onde o casal vivia e desferido chutes, rasteiras e também golpes na cabeça do menino. A pedagoga, entretanto, pediu que Thayná não denunciasse os atos violentos à polícia. Confira a íntegra das conversas da babá de Henry com a mãe do garoto, clicando aqui.
Na manhã do dia 8 de abril, Jairinho e Monique foram presos, suspeitos não só por homicídio, como também por ameaçarem testemunhas e atrapalharem as investigações. Os mandados foram expedidos pelo 2º Tribunal do Júri, e o padrasto e mãe da vítima permanecerão detidos preventivamente por 30 dias. Até então, o vereador e a professora negavam qualquer envolvimento com o assassinato de Henry e alegavam que o óbito teria sido decorrente de um acidente doméstico. Segundo o jornal Metrópoles, ao chegar na delegacia, o político disse que tudo não passava de uma “injustiça“.
Diante dos desdobramentos, a vereadora Teresa Bergher, membro do conselho de ética da Câmara, pediu ainda na quinta-feira (8) que Jairinho fosse afastado do cargo de vereador do Rio de Janeiro. “[Ele] Precisa ser afastado imediatamente. Pela imagem da casa, pela credibilidade de cada um de nós vereadores e por respeito a esta criança vítima de um cruel assassinato e a toda a população que representamos”, afirmou ela ao G1.