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Gustavo Vinicius de Moraes, ex-namorado de Vitória Regina de Sousa, se entregou à polícia na tarde desta quinta-feira (6), horas depois de ter a prisão decretada. A jovem foi encontrada morta em uma mata de Cajamar, na Grande São Paulo.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Aldo Galiano Junior, o pedido de prisão foi motivado por “inconsistências temporais” no depoimento de Gustavo em relação aos relatos de outras testemunhas.
“Há uma grande inconsistência na oitiva dele quando confrontado com os fatos das diligências. Os horários que ele diz não batem com o depoimento das outras pessoas. Ele tem que esclarecer isso“, afirmou Galiano Junior em entrevista à TV Globo. “Talvez ele não tenha executado, mas sabia que ela seria executada. Estamos levantando os dados para saber com quem ela falou, fazendo o cruzamento das ligações“, completou.
Segundo a Folha de S.Paulo, Gustavo é parte de uma das linhas de investigação da polícia. O delegado revelou a existência de um motivo pessoal “muito forte” entre ele e Vitória. No entanto, detalhes adicionais não foram divulgados, pois o caso está sob segredo de Justiça.
A jovem tentou contatar o ex-namorado no dia de seu desaparecimento, pedindo uma carona, mas não obteve resposta. Gustavo visualizou a mensagem à 1h30 da manhã. Já quando a família de Vitória o avisou sobre seu desaparecimento, às 4h da manhã, ele respondeu apenas com um “OK”.
Além dessa linha de investigação, a polícia também considera a hipótese de que Vitória estaria sendo ameaçada há semanas. Pessoas próximas relataram à polícia que ela vinha sofrendo intimidações.

Ligação com facções criminosas e suspeitos
Em entrevista ao portal Metrópoles, o delegado apontou que a morte da jovem pode ter relação com o modus operandi de facções criminosas. Vitória foi encontrada morta na quarta-feira (5), com o cabelo raspado e sinais de tortura.
“As raspagens do cabelo e a crueldade do ato são um sinal de facção criminosa. Porque se fosse um crime simplesmente passional, a pessoa dá cinco facadas, três tiros e se evade do local. Mas os requintes de crueldade são muito grandes. Inclusive a quase decapitação“, explicou Galiano Junior.
A polícia investiga ainda dois indivíduos que abordaram Vitória momentos antes de seu desaparecimento. Testemunhas afirmam que, quando ela estava em um ponto de ônibus voltando do trabalho, os suspeitos a chamaram dizendo: “E aí vida? Tá voltando?“. Depois disso, eles teriam entrado em uma favela onde, há quatro meses, a Polícia Civil prendeu um “cabeção” do Primeiro Comando da Capital (PCC).
“Há um inquérito apurando essa prisão. Então, a gente está linkando todos esses dados. O que nos falta é fechar os pontos“, disse o delegado. A polícia já apreendeu esse veículo e outro que foi encontrado próximo à casa de Vitória.
Até o momento, a Polícia Civil de Cajamar já colheu depoimentos de 14 pessoas. Além de Gustavo, um ex-ficante, os dois homens que entraram no ônibus com a jovem e os dois que estavam no veículo que a abordou também estão sob investigação.
Vídeo mostra última vez em que Vitória foi vista:
Jovem de 17 anos desaparece após citar “suspeitos” em ônibus
Vitória de Souza tinha saído do trabalho em Cajamar na madrugada de quinta e ia para casa. Ela foi vista pela última vez entrando em ônibus
Leia: https://t.co/UrsaYgSVG7 pic.twitter.com/P4XOFj9aVH
— Metrópoles (@Metropoles) March 3, 2025
O delegado ressaltou que a ausência de vestígios no local onde o corpo foi encontrado indica que a mata serviu apenas como ponto de desova.
“O corpo dela estaria de quatro a cinco dias naquele local, pelo estado de putrefação. Preliminarmente, há um lapso de dois dias que ela teria ficado em outro lugar. Não havia o cabelo que foi raspado no local onde foi encontrado o corpo. Não havia as roupas, ela só estava com o sutiã na altura do pescoço. Não havia quantidade de sangue compatível com os ferimentos do local. Então, o fato deve ter acontecido fora do local, e lá foi a desova“, detalhou o delegado.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que o corpo estava em avançado estado de decomposição. Foram requisitados exames periciais e exames ao Instituto Médico Legal (IML), cujos laudos estão em elaboração.
Por fim, Galiano ressaltou que outros pedidos de prisão não foram descartados. Testemunhas relataram à polícia terem visto um carro com quatro homens seguindo Vitória, depois que ela desceu do ônibus e caminhava em direção à sua casa.
“Creio que, pela crueldade, uma pessoa [sozinha] não conseguiria fazer isso. Quem cometeu esse crime conhece a região porque o local [onde o corpo foi achado], de fato, somente quem sabe chegar é que pode ir até lá. É o único lugar que tem uma passagem desmatada e, no final dela, foi encontrado o corpo”, concluiu.
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