Um estudante armado invadiu a Escola Municipal Eurides Sant’Anna em Barreiras, na Bahia, nesta segunda-feira (26). Ele atirou contra os colegas e matou uma jovem cadeirante, identificada como Geane da Silva Brito. De acordo com o jornal Correio, a Polícia Civil acredita que o atirador escreveu os detalhes do planejamento do ataque horas antes no Twitter, onde também contou que se despediu do seu pai e publicou textos preconceituosos contra minorias.
Horas após o crime, na tarde de hoje, o perfil atribuído ao adolescente foi suspenso na rede social. Contudo, ele já havia feito uma série de publicações sobre o assunto. “Irá acontecer daqui 4 horas e eu estou bem de boa. Estou tão calmo, nem parece que irei aparecer em todos os jornais hoje”, afirmou ele na madrugada. “Já está tudo comigo, agora é só esperar. Tudo pode acontecer nas próximas horas”, acrescentou. Segundo o jornal baiano, as legendas indicam que o crime já estava planejado há meses.
O criminoso até especificou as armas que seriam usadas, sugerindo que também pretendia usar uma espécie de explosivo. “A bomba com 51 pregos está feita. A galera vai ter dado uma sorte gigantesca caso falhar”, escreveu. O adolescente ainda falou que deu “o último abraço” no seu pai, dando a entender que acreditava que seria morto diante da situação.
No perfil, ele publicava imagens com as mesmas roupas e a máscara que usava ao invadir a escola. A Secretaria da Educação da Bahia afirmou que o agressor era recém-chegado do Distrito Federal, mas faltava às aulas desde que foi transferido para a Bahia. De acordo com “O Globo”, ele constantemente compartilhava na internet mensagens de ódio contra nordestinos, os judeus e a comunidade LGBTQIAP+. “A cada dia que vou à escola, sinto-me subjugado, se (sic) misturar com eles é nojento, é estupidamente grotesco, sinto ânsia de vômito quando um deles me tocam (sic). Sou puro em essência, mereço mais que isso, sou sancto”, escreveu ele, segundo o jornal.
“Saí da capital do Brasil para o ‘merdeste’ [Nordeste] e nunca pensei que aqui fosse tão repugnante. Lésbicas, gays e marginais aos montes, acham que são dignos de me conhecer e conhecer minha santidade. Os farei clamar pela minha misericórdia, sentirão a ira divina”, declarou ele. “Malditos vermes horríveis, vocês me causam vergonha de ser humano, como consequência, tornarei-me um símbolo de apatia, de punição e de que há resistência”, completou.
“O Globo” também mencionou que o estudante de 14 anos ainda publicou um manifesto de 29 páginas três dias antes do crime. No documento, que já está sendo investigado pela Polícia Civil, com o apoio do Departamento de Polícia Técnica do estado, ele relatou que ele não tem problemas mentais e que teria tendências homicidas desde pequeno.
Relembre o caso
Segundo a Polícia Militar, o jovem de 14 anos pulou o muro da Escola Municipal Eurides Sant’Anna em Barreiras por volta das 7h20. Ele atacou Geane da Silva Brito, uma jovem cadeirante, com uma arma branca e com dois disparos de arma de fogo. Geane tinha 19 anos e estava no 9º ano do ensino fundamental, do colégio cívico-militar.
O GLOBO declarou que o atirador está internado em estado grave após tentar fugir do local e receber um tiro, de uma pessoa ainda não identificada. Ainda não há informações se mais pessoas foram atingidas durante o ataque. A motivação do crime também será investigada pelas autoridades.
* Atualização às 18h20 de 27 de setembro de 2022: No topo da publicação original, o hugogloss.com utilizou uma foto de arma meramente ilustrativa disponível em banco de imagens gratuito. A foto foi retirada pelo site.
Já a imagem da arma empregada de fato no crime em Barreiras, divulgada pela Polícia Militar, havia sido replicada no corpo do texto, com as indicações na legenda. Esta foto permanece.