Um alerta importante para que vidas sejam poupadas… No início da última semana, a professora Adriana Aparecida Paim Avanci, de 45 anos, enfrentou a triste realidade de perder sua mãe para o coronavírus. Em entrevista ao UOL nesta sexta-feira (22), ela desabafou sobre a dificuldade de ver a matriarca acreditando em notícias falsas que são espalhadas diariamente nas redes sociais. “O sentimento é de muita revolta, porque perdi a minha mãe para as fake news. Ela assistia à muitos vídeos na internet e não acreditava que essa doença existisse”, lamentou.
Adriana explicou que a decisão de dividir o que aconteceu com sua mãe se deve ao fato de muitos brasileiros terem a mesma postura. “O que mais dói é saber que não é só ela que era assim, tem muita gente perdendo a vida por causa de notícias falsas”, opinou. A aposentada Maria das Graças Paim, de 71 anos, não acreditava na Covid-19, e não buscou atendimento médico quando sentiu os primeiros sintomas. “Infelizmente, quando ela aceitou ir ao hospital, era tarde demais”, disse a filha.
No final de dezembro, a aposentada começou a sentir dores no corpo e na garganta. Quando os filhos a alertaram que poderia ser a doença e pediram que ela fosse ao hospital, Maria das Graças se “rebelou” contra os herdeiros. “Durante dez dias, eu e meu irmão lutamos para levá-la ao hospital e ela não quis ir. Nesse período, ela chegou a nos mandar um áudio dizendo que não ia mais falar com a gente devido a essa insistência. [Ela dizia] Que tudo não passava de uma gripezinha”, recordou.
Para piorar, a professora acabou testando positivo para a doença, e claro, precisou manter o isolamento social bem restritivo. Foi durante uma chamada de vídeo que Adriana percebeu o estado da mãe. “No dia 6, eu percebei que ela estava muito debilitada, na cama, mas ainda assim ela se recusava ir ao médico e dizia estar bem. Então eu avisei no grupo da família o que estava acontecendo e todos passaram a pressionar a minha mãe para ela ir ao hospital”.
No dia seguinte, a matriarca finalmente teve o primeiro atendimento médico e foi internada no hospital Beneficência Portuguesa, em Ribeirão Preto (SP). Na ocasião, ela já estava com 60% do pulmão comprometido e foi piorando gradativamente. No dia 10, Maria das Graças foi intubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Mesmo bastante debilitada, ela entrou no hospital falando que estava indo contra a vontade dela, mas já era tarde. Seis dias depois que ela estava na UTI, os rins pararam de funcionar e ela precisou fazer hemodiálise e o quadro de saúde só foi piorando”, falou Adriana.
Infelizmente, no dia 17, Maria das Graças Paim teve duas paradas cardiorrespiratórias e faleceu. Embora tivesse uma idade mais avançada, a família contou que a aposentada era bastante ativa e praticava atividades físicas. Como comorbidade, ela tinha pressão alta. “Ela dizia que a pandemia ia matá-la, mas não por causa do vírus, mas sim de solidão e tristeza. Eu vi a minha mãe entrar no hospital e não a vi sair. Acredito que se tivesse acreditado na doença, hoje ela estaria com a gente”, finalizou Adriana.