Na manhã desta quarta-feira (24), Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas Cézar dos Santos de Souza, filhos da ex-deputada Flordelis, foram condenados por envolvimento na morte do pastor Anderson do Carmo. O julgamento durou cerca de 15 horas no Tribunal do Júri de Niterói, Rio de Janeiro, e contou com depoimentos de oito testemunhas e de Lucas, além das falas do Ministério Público e de dois defensores públicos, representantes dos acusados. Flávio não quis se manifestar.
O resultado da sessão foi a condenação de Flávio – acusado de efetuar os tiros que assassinaram Anderson – a 33 anos e dois meses de prisão por homicídio, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento falso e associação criminosa. Lucas – acusado de ter feito a compra da arma do crime – recebeu a condenação de sete anos e seis meses na cadeia por homicídio.
O processo foi desmembrado e, por isso, Flordelis e mais oito réus serão julgados em outro momento. A ex-deputada está presa desde 13 de agosto, quando perdeu seu mandato. O advogado da acusada, Rodrigo Faucz, acompanhou a sessão, mas afirmou que o que se debateu ali não refletiria em sua cliente que ele afirma ser inocente. “Estamos aguardando os recursos ao STJ, para que se faça justiça“, disse, segundo o UOL.
O nome de Flordelis, entretanto, foi citado com frequência no julgamento. “Quero justiça. Foi muita maldade, ganância. Isso aconteceu por causa de dinheiro“, pediu Jorge Souza, pai de Anderson. Os dois réus de hoje já estavam presos anteriormente. A expectativa era de que Flávio prestasse depoimento, já que ele chegou a confessar o crime durante as investigações policiais. Porém, no ano passado, ele voltou atrás e negou tudo. Na sessão, o réu escolheu ficar calado.
Segundo a delegada Bárbara Lomba, primeira testemunha do julgamento e profissional que conduziu a fase inicial das investigações, os filhos de Flordelis foram “peças manobradas” no caso. De acordo com ela, pelo depoimento dos dois era possível ver que eles “não planejaram nada sozinhos” e que “houve a intenção de proteger um esquema“. Ao se referir aos filhos da ex-deputada, Lomba alegou que “os mais frágeis foram explorados“.
A testemunha afirmou ainda que, apesar de Flávio nunca ter citado uma conexão direta entre Flordelis e o crime, ele “admitiu informalmente que pode ter sido usado por outras pessoas [próximas de Flordelis]”. Ele teria dito também que a motivação para o crime seria abusos do pastor contra duas de suas filhas.
De acordo com a delegada, Lucas redigiu uma carta incriminando duas outras pessoas – Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael, e Luan dos Santos – a pedido da ex-deputada. O próprio réu já tinha confessado anteriormente que o conteúdo da carta era falso. O segundo testemunho foi do delegado Allan Duarte, que assumiu as investigações depois de Bárbara. Para ele, os trabalhos mostraram que Flordelis teria comprado a arma usada no crime.
Misael, também filho da pastora, foi o terceiro a falar, alegando que a mãe realmente havia sido a mandante do assassinato. Segundo ele, Flordelis teria dito, após o crime, que “aqui não tem luto” em relação à tragédia. Tanto o rapaz quanto sua esposa, Luana Rangel, a quarta depoente, contaram que a ex-deputada teria escrito em um papel que jogou o celular da vítima no mar depois da morte.
Além dos já citados, também foram ouvidos Roberta Santos e Luan Santos, filhos de Flordelis, Daniel Pereira Solter, motorista de aplicativo que afirma ter transportado os filhos da pastora para comprar a arma do crime, e Regiane Ramos, ex-patroa de Lucas que alega que a ex-deputada pressionou o filho.