Cláudia Franco Boudoux, uma fisioterapeuta pernambucana de 44 anos, finalmente descobriu o paradeiro de seu filho, Carlos Attias Boudoux, depois de anos sem encontrar o garoto. Em 2015, o menino viajou para a Argentina com o intuito de passar as festas de final de ano com o pai. Ele tinha 9 anos na época. Foi o próprio Carlos, que completará 14 anos em março, quem procurou a polícia argentina, em Buenos Aires, para informar que era a criança desaparecida.
A previsão é de que a pernambucana embarque no dia 31 de janeiro em direção à capital argentina para, finalmente, encontrar com o filho. Será necessária uma autorização da Justiça do país vizinho para que ela possa sair de lá com o adolescente. “Graças a Deus o nosso caso terá um fim. Ele se apresentou na delegacia e estou esperando apenas o fim do recesso judiciário argentino para que eu seja autorizada a trazê-lo. Estamos programando ficar lá por cinco dias para resolver esses trâmites“, disse Cláudia, em entrevista ao UOL.
O Conselho dos Direitos de Meninos, Meninas e Adolescentes de Buenos Aires comunicou, em uma postagem do Facebook, que as buscas foram cessadas. “Queremos informar que terminou a busca pelo adolescente Carlos Attias Boudoux. Muito obrigado a todos que se preocuparam e colaboraram para o encontrar!“, anunciou o órgão.
Queremos informar que finalizó la búsqueda del adolescente Carlos Attias Boudoux.
¡Muchas gracias a todos los que se preocuparon y colaboraron para encontrarlo!Publicado por Consejo de los Derechos de Niñas, Niños y Adolescentes – GCBA em Terça-feira, 19 de janeiro de 2021
Segundo relato de Carla, o filho deveria ter retornado para o Brasil em 2016, mas teria sido alienado pelo pai. A mãe, então, entrou com um pedido na Justiça argentina para recuperá-lo, tendo uma decisão favorável para seu caso em fevereiro de 2019. O homem, entretanto, não devolveu o garoto, fazendo com que esse entrasse na lista nacional de desaparecidos da Argentina.
O pai de Carlos foi preso em 2020 por obstrução da Justiça e sequestro, porém o menino continuou sem ser encontrado até 18 de janeiro deste ano, quando ele mesmo se apresentou às autoridades. Agora, ele espera pela família brasileira em um abrigo em Buenos Aires. Cláudia ainda não sabe por onde o garoto esteve no tempo entre a prisão do pai e a data em que se entregou à polícia. Mãe e filho não conversaram por telefone.
“O pai está preso porque foi comprovado que estava escondendo a criança, mas o Carlos continuou desaparecido. A minha advogada me avisou da apresentação do meu filho em uma delegacia portando a identidade dizendo que era o desaparecido. Eu entrei em choque porque não estava preparada, apesar de sempre manter as esperanças. Me tremi toda“, relembrou Cláudia.
A pernambucana garante que respeitará o espaço do filho. Segundo o jornal argentino Clarín, Carlos estava lúcido e bem. “Estamos muito ansiosos. Sei que não irei mais encontrar aquela criancinha porque vi que estava até maior que os policiais. Sempre sonhei com esse momento, sabemos que não será um reencontro fácil e irei respeitar o momento dele. A vontade é de chegar, abraçar e beijar, mas não sei o que irei encontrar”, disse.