Homem morre baleado na Cidade de Deus, e moradores organizam protesto após família acusar PM: “Estava indo trabalhar”; saiba detalhes

Na manhã desta segunda-feira (4), um homem morreu baleado perto da Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo o que relatou a família ao Uol, Marcelo Guimarães voltava de moto para pegar o celular em casa e seguir para o trabalho, quando foi atingido por uma bala de fuzil disparada pela Polícia Militar — que teria omitido socorro ao homem.

Em imagens que começaram a circular nas redes sociais, é possível ver um veículo blindado deixando o local, enquanto uma moradora afirma que a PM não ajudou Marcelo: “Não prestaram socorro, nós moradores tivemos que prestar”.

A mãe da vítima, Angélica Francisca Guimarães, chegou a falar com a publicação sobre sua perda: “Eu estou muito abalada, o que eu vou falar para o meu netinho? Eles mataram meu filho à queima-roupa. Ele trabalhava muito para construir a vida dele. Foi uma covardia o que eles fizeram. Nós moradores de comunidades vivemos no medo, eu perdi meu filho, mas sei que outras mães também vão passar por isso”.

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Ela completou: “Meu filho tinha acabado de matricular o filho na escolinha de futebol, no sábado, eles estavam muito animados. Ele esqueceu o celular em casa e voltava para pegar e ir trabalhar. Eles [Polícia Militar] nem pararam para ver quem ele era. As pessoas aqui da Cidade de Deus reclamam todos os dias do medo que tem de passar por aqui. Isso não pode ficar assim, eu quero justiça”.

A filha de Marcelo também lamentou a morte do pai pelo Twitter. “Tão novo, 38 anos, cheio de vida, coração bom!!!! Eu, minha mãe, meu irmão (que tem apenas 5 anos), famílias e amigos NÃO ESTAMOS AGUENTANDO COM TANTA DOR”, escreveu Vitória Guimarães.

https://twitter.com/guuimaraess/status/1346117468213792769

Ao G1, a viúva de Marcelo, Carla Roberta da Silva Cruz, contou que viu o marido de bruços no chão na Linha Amarela. Ela também reforçou que não havia confronto no momento em que Marcelo foi atingido. “Foram os policiais que tiraram a vida do meu marido. Isso eu sei porque não teve confronto na Cidade de Deus. Infelizmente eu cheguei lá e meu marido estava no chão”, disse.

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“Ele não era bandido, não gostava nem de cigarro, de beber. Trabalha há mais de 20 anos com mármore. Tiro no peito, meu Deus do céu, tiro no peito”, repetia ela. “Só quero justiça, só isso que eu quero. Eu não sei o que eu vou falar pro meu filhinho de cinco, falar que o pai dele foi viajar pra muito longe, nunca mais vai voltar”, desabafou.

Em nota, a PM confirmou a morte, mas alegou que o homem foi atingido durante uma troca de tiros entre policiais e bandidos, iniciada pelos criminosos. Além das investigações por parte da Polícia Civil, a Polícia Militar informou que um Inquérito Policial Militar foi aberto.

Moradores se revoltam

Em protesto, moradores fecharam a Linha Amarela, a poucos metros do local do incidente. Foram colocadas barricadas feitas com móveis por lá. O Centro de Operações do Rio informou que a Linha Amarela permaneceu fechada no sentido Fundão por alguns minutos, deixando o trânsito caótico na região. Por volta das 12h50, a Linha já estava liberada.

https://twitter.com/ARebeliaodoPovo/status/1346145490405097481

Nas redes sociais, a hashtag #justicapormarcelo chegou a entrar nos assuntos mais comentados do Twitter. O deputado estadual do Rio, Marcelo Freixo, exigiu a investigação do crime.Mais um pai de família, mais um trabalhador covardemente assassinado no Rio”, escreveu. 

Confira a repercussão: