Apesar de ainda manter um alto número de seguidores nas redes sociais, Flordelis viu o número de fiéis de suas igrejas despencar desde o assassinato de seu marido, o pastor Anderson do Carmo, e especialmente depois de ser denunciada como mandante do crime no mês passado. De acordo com o ‘UOL’, das sete igrejas do Ministério Flordelis, apenas duas ainda estão em funcionamento – e com uma quantidade cada vez menor de frequentadores.
Antes do assassinato, o Ministério contava com sua sede no bairro Mutondo, em São Gonçalo, e outras cinco filiais. Além delas, também estava sendo construída uma nova matriz, um ousado projeto de Anderson. Atualmente, apenas a sede e a filial de Piratininga, em Niterói, continuam ativas. As restantes fecharam as portas e a obra foi paralisada.
O portal apurou que a comunidade, que já teve até cinco mil membros, hoje conta com apenas 200 fiéis. Eles integram o “núcleo duro” de seguidores da líder religiosa. Na última quinta-feira (03), o jornal ‘Extra’ esteve em um culto na matriz e afirmou que havia cerca de 30 pessoas presentes no local. A sede já chegou a reunir até mil em uma mesma pregação.
No meio evangélico, os comentários são de que o fim das igrejas de Flordelis é apenas uma “questão de tempo”, especialmente com a iminência de sua prisão, que só não ocorreu em razão da imunidade parlamentar. “O comportamento da Flordelis após a morte do pastor Anderson fez com que ela perdesse a credibilidade. Então, as pessoas começaram a se desligar. Os fiéis deixaram de acreditar nela. Na mesma semana do crime, cerca de 400 fiéis se desligaram”, revelou um ex-membro da igreja, que não se identificou por temer represálias, ao UOL.
E as tentativas de melhorar este cenário não passaram despercebidas. Segundo o ‘Extra’, as lideranças da comunidade evangélica ainda tentam manter os laços com os fiéis e seguem com os cultos regularmente, mesmo que sejam para dezenas de pessoas. Além disso, eles adotaram a estratégia de retirar gradualmente o nome de Flordelis do Ministério, que passou a se chamar Comunidade Evangélica Cidade do Fogo. As manobras, no entanto, parecem ter sido em vão.
Para completar, a igreja ainda passa por uma crise financeira. Em um de seus depoimentos à polícia, Flordelis revelou que o Ministério movimentou quase R$ 6 milhões nos últimos anos – dinheiro que ela alega não saber onde está. Enquanto isso, as dívidas se acumulam, uma vez que os sete imóveis nos quais as igrejas funcionavam eram alugados e as despesas com as obras da nova sede também eram elevadas.
De acordo com informações do ‘Extra’, o Ministério sofre dois processos no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Em um deles, de 2018, a igreja é acusada de ter uma dívida de quase R$ 40 mil em compras de itens como cabos, roldanas e disjuntores de uma empresa. Pela falta de pagamento, a Justiça penhorou 700 cadeiras do templo religioso, mas a igreja ainda está recorrendo e os objetos não foram vendidos.
Já no outro, de junho de 2019, os proprietários do imóvel do Laranjal, a nova sede, cobram R$ 36,4 mil em alugueis atrasados. O valor acabou sendo penhorado de uma das contas da igreja. A primeira estrutura construída no galpão a um custo de quase R$ 500 mil desabou e teve que ser refeita.
Entenda o Caso
Um ano e dois meses após a morte do pastor Anderson do Carmo, as investigações concluíram que a viúva dele, a deputada federal Flordelis, foi a mandante do assassinato. No dia 24 de agosto, equipes da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI) e do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro cumpriram 11 mandados de prisão e outros de busca e apreensão contra a deputada, filhos e neta do casal e outros familiares.
Segundo a denúncia, Flordelis planejou o homicídio e foi responsável por arregimentar e convencer o executor direto e demais acusados a participarem do crime. A parlamentar também financiou a compra da arma e avisou da chegada da vítima no local em que foi executada. Ela foi indiciada pelo crime de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, falsidade ideológica, uso de documento falso e organização criminosa majorada.
No entanto, como tem imunidade parlamentar, a pastora não será presa agora. O processo de cassação de seu cargo já está em andamento. Na próxima semana, o planejamento do presidente da câmara, Rodrigo Maia, é reunir os líderes partidários e a mesa diretora para definir o que fazer. Após o Conselho de Ética analisar a situação, o caso vai para votação no Plenário da Câmara e, então, com a maioria de votos, 257, ela pode ser cassada.
Por enquanto, outras pessoas já foram levadas pela polícia: Marzy Teixeira da Silva, filha adotiva do casal, Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica, André Luiz de Oliveira, filho adotivo, Carlos Ubiraci Francisco Silva, filho adotivo, Adriano dos Santos, filho biológico, Rayane dos Santos Oliveira, neta, o ex-PM Marcos Siqueira e a esposa dele, Andreia Santos Maia. Saiba todos os detalhes, clicando aqui.