Desde dezembro de 2020, o desaparecimento dos meninos Lucas Matheus, de 9 anos, Alexandre Silva, de 11, e Fernando Henrique, de 12, moradores de Belford Roxo, no Rio de Janeiro, vem sendo investigado pela Polícia Civil. Já na madrugada deste sábado (11), o caso teve novos desdobramentos, quando o UOL divulgou quem seriam os envolvidos no crime.
Na quinta-feira (9), o secretário de polícia Allan Turnowski, responsável pela investigação, comunicou que as autoridades já tinham identificado os autores dos assassinatos. “Quem matou os meninos da Baixada foram os traficantes da favela Castelar. Desde o início, a gente tinha esse linha como mais forte, mas também a gente tinha outras linhas que, durante a investigação, foram sendo descartadas“, explicou ele ao RJ2, da TV Globo.
Mesmo sem divulgação oficial da Polícia Civil, o UOL apurou, hoje, que o traficante Willer da Silva, conhecido como Estala, teve participação direta no crime. Após o episódio horrendo, o criminoso foi convocado ao Complexo da Penha e executado como queima de arquivo por líderes do CV (Comando Vermelho), já que a grande repercussão do caso na mídia teria desagradado integrantes do grupo.
Além de Estala, outros dois traficantes estão sendo investigados pelo inquérito. Conhecidos pelos pseudônimos Piranha e Urso, ambos são suspeitos no caso de Belford Roxo e, também, na tortura de um homem não identificado, que foi apontado por moradores da comunidade como o responsável pelo desaparecimento das crianças. A acusação, no entanto, foi descartada pelas autoridades, que acreditam que a denúncia foi feita para atrapalhar o trabalho da polícia. O homem em questão não tinha relação com o crime e precisou deixar o Castelar, por acreditar que sua vida estava em risco.
Causa do crime
Ainda segundo o secretário Turnowski, a motivação para a execução de Lucas, Alexandre e Fernando teria sido o furto de passarinhos que pertenciam aos traficantes do local. Um dos bandidos teria pedido autorização a líderes da facção criminosa, que estavam presos, para puni-los. No entanto, autoridades afirmaram que o “castigo” foi autorizado sem que os chefes do tráfico soubessem que os “ladrões” se tratavam de crianças.
“Os traficantes do Castelar mataram essas crianças autorizados pela cúpula da facção criminosa. O que a gente tem é que, quando foi pedido autorização pras chefias que estavam presas, do tráfico, pra punir aquelas crianças, não foi falado que eram crianças”, completou.
O possível encerramento do caso foi apoiado por depoimentos importantes de testemunhas, que conseguiram dar detalhes sobre o dia do crime. A polícia concluiu que os corpos dos três garotos foram jogados em um rio. “Temos esperança de encontrar, mas não é tarefa fácil“, disse Allan. Até o momento, buscas foram realizadas, mas, infelizmente, nenhum deles foi encontrado.
O não sucesso das buscas, no entanto, reforçou a esperança das famílias das crianças, que acreditam que os meninos ainda estão vivos. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro, por sua vez, anunciou ontem (10) que recebe com cautela as informações veiculadas sobre o sumiço dos meninos, e que, ao contrário da Polícia Civil, acredita que o inquérito está longe de acabar.
“Enquanto não houver consistência nos indícios já colhidos pela polícia sobre esse caso, enquanto não houver a identificação de culpados sejam eles por um assassinato ou por desaparecimento, a Defensoria e as famílias não entendem que esse caso chegou ao fim”, declarou a defensora Gislaine Kepe.