No último sábado (14), uma mulher ligou para o Corpo de Bombeiros e pediu uma “pizza” para denunciar que estava sendo agredida pelo marido, na cidade de Niquelândia, no norte de Goiás, a cerca de 305 km da capital. Ela fingiu que estava usando o serviço de tele-entrega como disfarce, para o companheiro não perceber o real pedido de socorro. No entanto, o homem entendeu o que estava acontecendo e fugiu da residência antes da chegada da corporação.
A TV Anhanguera, afiliada da Globo no estado, entrou em contato com os militares responsáveis. De acordo com as informações, uma viatura foi enviada ao endereço da mulher, que morava no bairro Jardim Atlântico, após o militar perceber que era um pedido de ajuda verídico. “Mesmo após ser informada que se tratava de uma ligação para os Bombeiros, ela continuou insistindo no pedido, demonstrando bastante nervosismo na voz e, ao fundo, havia o choro de uma criança, o que chamou a atenção do bombeiro”, explicou o tenente Rodrigo Santos Moreira, da 6ª Companhia Independente do Bombeiro Militar.
Ainda segundo o bombeiro, a vítima tinha hematomas na cabeça e escoriações em todo o corpo. Ela foi atendida em casa e depois levada para o hospital municipal da cidade. Depois de passar por exames de rotina, ela foi levada até a delegacia da Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência. O filho do casal não apresentava ferimentos e foi deixado aos cuidados da avó.
A emissora ainda entrou em contato com a vítima, que preferiu não gravar entrevista. Ainda assim, ela confirmou que o casal vivia um relacionamento conturbado e que ela iria colocar um ponto final no casamento. Ela também relatou que decidiu se mudar para outra cidade após o episódio, porque estava com medo do homem voltar para se vingar.
Apesar de ter registrado o boletim de ocorrência, a mulher não quis prestar queixa criminal contra o agressor. Mesmo assim, ele foi intimado pela Polícia Civil e será investigado por violência doméstica. Ao Uol, o tenente Moreira relatou que nunca tinha presenciado uma denúncia do tipo. “Foi a primeira vez que um código foi usado dessa forma, pois os casos de violência doméstica não são retratados de forma direta, devido muitas vezes à presença do agressor. São sinais sutis que o atendente tem que perceber”, disse.