Hugo Gloss

Padre Juarez de Castro faz discurso PERFEITO ao rebater vídeo homofóbico de Ana Paula Valadão: “Burrice misturada com preconceito” — assista!

Padre Juarez faz discurso sincero ao rebater vídeo homofóbico de Ana Paula Valadão: "Burrice misturada com preconceito". (Fotos: Reprodução/Rede Super; Rede Vida)

Um discurso que dá gosto de ver e ouvir! Após o episódio lamentável em que a pastora Ana Paula Valadão despejou preconceito e desinformação sobre a comunidade LGBTQ+, o padre Juarez de Castro protagonizou uma fala completamente contrária a tudo que foi pregado por ela. Durante o programa “Bendita Hora” desta segunda-feira (14), da Rede Vida, o religioso não escondeu sua indignação ao lembrar do que foi dito pela cantora gospel.

Sem mencionar o nome de Valadão, Juarez pareceu comentar a respeito do vídeo ofensivo protagonizado pela pastora, que veio à tona no último final de semana. O religioso foi bem específico ao citar o comentário ignorante e incorreto dela, afirmando que o vírus HIV existe por causa dos homossexuais. “Você acredita nisso, que nós escutamos uma pessoa falar isso?! Você acredita que uma pessoa, que se diz líder religiosa, falar que a Aids é culpa dos homossexuais? Isso é burrice misturada com preconceito! Burra, sim!”, disparou.

“Bastaria qualquer pesquisa científica que ela veria que não existe nenhuma relação da homossexualidade com a Aids. Preconceituosa! Afastando as pessoas e levando elas a considerarem um outro como se fossem doentes e pecadoras. Preconceito! Talvez seja essa a doença que precisamos combater! Porque o preconceito é uma doença mais feia, mais horrível do que a própria Aids”, concluiu.

O assunto começou quando um telespectador, que se identificou como um homem homossexual, questionou para Juarez se ele estava proibido de frequentar a igreja e comungar por conta da sua orientação sexual. “Claro que você não é proibido, ué! Quem falou que você não pode ir na igreja?! Não tem problema nenhum se o homossexual vai na igreja, se ele pode comungar ou não pode. Claro que pode! Não existe nenhuma restrição se é homossexual ou heterossexual”, começou.

Em seguida, o padre explicou qual o real motivo que afasta alguém da religião ou não. “Você comunga não é porque você é homossexual ou heterossexual. De maneira alguma. Não há proibição nem para homossexual, nem heterossexual. Nem pra frequentar a igreja. Acho que a gente precisa deixar bem claro algumas coisas que a gente começa a confundir. Por que eu não me aproximo da comunhão?! Por causa do pecado. Agora, o pecado não está ligado ao fato de ser homossexual ou heterossexual”, falou.

“O pecado está ligado ao fato do seu caráter, de você optar em fazer o mal. Isso, homossexual ou heterossexual fazem.Se ele pode escolher [entre] quero fazer o bem ou quero fazer o mal, [porque] você pode escolher, a liberdade é sua. Se você faz o mal, você se afasta de Deus. Se você faz o bem, você se aproxima de Deus. Mas isso independe se você é homossexual, se você é heterossexual. Isso não tá ligado à orientação sexual. O fato da pessoa ser pecadora ou não ser, o fato da pessoa estar na Graça ou não estar, não significa se ela é homossexual ou se ela é heterossexual. Nós precisamos acabar com esse tipo de coisa. Precisamos acabar com essa maneira de afastar as pessoas do coração de Deus. Somos nós que condenamos, somos nós que jogamos no inferno, somos nós que afastamos as pessoas, e precisamos parar com isso”, alertou.

Pastora causou revolta com fala homofóbica

A cantora gospel e pastora Ana Paula Valadão causou revolta nas redes sociais após dizer, durante um culto, que ser gay “não é normal”. A declaração foi feita em 2016, enquanto ela apresentava o programa “Diante do Trono”, transmitido pela Rede Super de Televisão, emissora que pertence à Igreja Batista da Lagoinha. No entanto, o discurso viralizou só agora na web.

Ana Paula estava ouvindo a história de um convidado, quando ele mencionou sobre um homem e “seu companheiro”. “Companheiro de ministério, né?”, confirmou a pastora. “Porque hoje em dia a gente tem que explicar o que é companheiro. O negócio tá tão difícil”, justificou ela, arrancando risadas do convidado e do público. Diante das risadas, a cantora decidiu se aprofundar no assunto e foi aí que ela se referiu à homossexualidade como algo “anormal”. “É engraçado, mas é sério. Tem muitas pessoas, inclusive, novas convertidas, que chegam pra igreja ou ligaram a Rede Super agora, que tão achando que isso é normal. Gente, isso não é normal”, enfatizou.

“Deus criou o homem e a mulher e é assim que nós cremos”, completou Valadão, sendo ovacionada pela plateia em seguida. Ela ainda usou a Bíblia para justificar suas convicções, esquecendo-se que homofobia é crime no Brasil. “Qualquer outra opção sexual (sic) é uma escolha do livre arbítrio do ser humano. E qualquer escolha leva a consequências. A Bíblia chama qualquer escolha contrária ao que Deus determinou como ideal, como ele nos criou para ser, de pecado. E o pecado tem uma consequência, que é a morte”, disparou ela.

Ana Paula ainda foi mais polêmica quando associou a homossexualidade à Aids, doença que deixou de ser apenas uma preocupação da comunidade LGBTQIA+ há décadas. Inclusive, de acordo com dados do Ministério da Saúde, de 2007 a 2019, os heterossexuais foram responsáveis por 58% dos novos casos de infecção por HIV. “A Aids está aí para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte, contamina as mulheres. Não é o ideal de Deus”, disse. “Sabe qual é o sexo seguro, que não transmite doença nenhuma? O sexo seguro se chama aliança do casamento”, finalizou. Assista:

Repercussão

As declarações viralizam neste sábado, gerando grande revolta. Após a repercussão, a Aliança Nacional LGBTI+ emitiu uma nota oficial, repudiando o caso e afirmando que entraria com um processo contra Ana Paula Valadão por crime de LGBTfobia. “O discurso de Ana Paula beira ao absurdo, extrapolando a liberdade religiosa e de expressão, tornando-se um discurso odioso, fanático e amplamente desproposital, com consequências potencialmente desastrosas, principalmente para quem a segue”, explicou a aliança.

“Em momento algum podemos permitir que a religiosidade seja utilizada como salvo-conduto para propagação do ódio e da desinformação. O direito à expressão religiosa, ainda que resguardado pela Constituição Federal, não garante a quem quer que seja o direito a se eximir das consequências de suas atitudes, sendo mister esclarecer que a comunidade LGBTI+ respeita a livre expressão de pensamento, desde que não fira a dignidade do outro”, completou a nota.

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