Nesta quarta-feira (16), os policiais da 14ª Delegacia de Polícia (Leblon) prenderam preventivamente o suspeito de furtar a bicicleta elétrica de Mariana Spinelli e Tomás Oliveira no último sábado (12), em frente ao Shopping Leblon. De acordo com o jornal “O Globo”, Igor Martins Pinheiro, de 22 anos, foi surpreendido pelos agentes em casa, em um prédio em Botafogo, também na Zona Sul do Rio de Janeiro, após ter sido reconhecido por um dos seguranças do centro comercial. Imagens de câmeras de segurança também auxiliam na investigação.
O caso tomou grandes proporções após Spinelli e Oliveira acusarem, injustamente, o jovem Matheus Ribeiro pelo furto. Matheus, que é negro, foi obrigado a provar que a bicicleta em que estava era mesmo sua, e os dois só recuaram quando descobriram, por conta própria, que estavam enganados. Ao postar um vídeo do momento nas redes sociais, o instrutor de surfe denunciou o racismo que sofreu. “Isso não foi um desespero de quem foi furtado, isso é o desespero do racista quando vê a gente perto. […] Ela não tem ideia de quem levou sua bicicleta, mas a primeira coisa que vem à sua cabeça é que algum neguinho levou”, desabafou em sua conta no Instagram. Agora, a 14ª DP no Leblon também investiga a queixa prestada por Matheus sobre a abordagem de Spinelli e Oliveira. Ainda na quarta-feira, os dois deram depoimentos e responderão pelo crime de calúnia.
O verdadeiro suspeito de ter furtado a bicicleta é um homem branco, que já foi preso 7 vezes e tem 28 passagens pela polícia, 14 delas por furto a bicicletas. No apartamento de Igor — também conhecido como “Lorão” — foram localizados a bermuda que ele usava no momento do crime e ferramentas comuns, como um alicate de corte, geralmente utilizado para arrombar cadeados. Imagens de câmeras de segurança, obtidas pelo jornal “O Globo”, mostraram a ação dele, que levou cerca de 40 segundos. Assista:
“Chegamos a ele através de uma testemunha que viu o caso e pensou que era algo normal e análise de câmeras de segurança. O suspeito foi reconhecido pela inteligência da delegacia. Ele é um criminoso contumaz. Ele foi preso quando saía do prédio onde mora com a mãe e o irmão. Ele foi abordado por volta das 18h de ontem [quarta], e conseguimos o mandado de prisão através do Plantão Judiciário”, contou a delegada Natacha Oliveira, titular da 14a DP, para o veículo.
Entenda o caso
No último sábado (12), o instrutor de surfe Matheus Ribeiro foi acusado por um casal de furtar uma bicicleta. Apesar de ter explicado que aquela bike elétrica era dele, os dois não desistiram. Matheus registrou o desfecho da cena, denunciou o racismo que sofreu, e o vídeo causou muita indignação pela web. Com a repercussão, o casal foi desligado de suas funções em seus respectivos empregos.
O caso aconteceu em frente ao Shopping Leblon, no Rio de Janeiro. Matheus, que é morador da Maré, aguardava sua namorada em pleno Dia dos Namorados, até que foi surpreendido pelo casal. De acordo com o instrutor de surfe, o homem teria lhe perguntado: “Você pegou essa bicicleta ali agora, não foi?”. A moça, por sua vez, teria afirmado com certeza: “É sim! Essa bicicleta é minha!”.
Segue o vídeo do ocorrido. Matheus estava apenas esperado a namorada dele. Além de passar por isso, Ele teve que provar para esses babacas que a bike era dele, mostrando fotos etc.
Continuem expondo a foto desses racistas. Tem que se ferrar e muito!pic.twitter.com/iU4qhQgsn5
— laerte (@brenolaerte) June 14, 2021
Diante das acusações, Matheus relatou que mostrou a chave do cadeado da bicicleta, abriu fotos antigas dela em seu celular e provou que era dono da bike. Nada adiantou e eles continuaram insistindo na versão do furto. O casal só desistiu quando o homem branco tentou abrir o cadeado e viu que realmente não funcionava. “Eu só consegui provar que a bicicleta é minha quando, sem minha autorização, o lindo rapaz pega o cadeado da minha bicicleta e tenta abrir. Frustrado com sua tentativa, ele diz que não me acusou, afinal, o rapaz só estava perguntando…”, escreveu Ribeiro.
Em entrevista ao jornal “O Globo”, o instrutor de surfe afirmou que, em sua opinião, a abordagem dos jovens não ocorreria da mesma maneira se ele não fosse negro. “Se eu fosse branco não seria abordado de tal forma”, disse. “Minha intenção com essa denúncia não é ter um ganho pessoal, direcionado aos dois. É uma questão de racismo na sociedade inteira. Minha intenção é fazer com que as pessoas entendam que acusar um negro sem que ele tenha feito nada é grave precisa ser levado a sério”, finalizou.