O torcedor do Flamengo indiciado pela morte de Gabriela Anelli, de 23 anos, mudou sua versão sobre ter atirado a garrafa de vidro que acertou o pescoço da jovem. A informação foi dada por César Saad, delegado do Departamento de Operações Policiais Estratégicas, do DOPE, nesta terça-feira (11). Segundo o delegado, Leonardo Felipe Xavier Santiago apresentou outra explicação durante o interrogatório na delegacia ao saber sobre o estado de saúde da palmeirense.
De acordo com um trecho do documento obtido pelo g1, o torcedor alegou que jogou apenas pedras de gelo durante o confronto. “O interrogado informa que em suas mãos tinha algumas pedras de gelo, as quais chegou a usar para revide, mas essas eram muito pequenas e sequer atingiram a barreira“, diz documento. No dia do episódio, porém, ele havia confessado informalmente à polícia, ter arremessado a garrafa.
“Um outro ponto que é importante esclarecer: no momento da prisão do autor, ele, ali, ele informalmente, ele confessa que estava na briga, que estava na confusão e que ele teria arremessado coisas na direção da torcida do palmeiras. Ele fala: ‘Eu arremessei, eu joguei a garrafa’”, relatou Saad.
“Depois, na delegacia, quando ele estava sendo autuado, ele já sabendo do estado grave da Gabriela, ele no interrogatório diz que arremessou pedras de gelo. O que é importante é que as provas testemunhais validaram, foi importantíssimo, foi fundamental pra decisão da prisão em flagrante dele, e isso foi validado pelo poder judiciário“, completou.
De acordo com o jornal O Globo, Leonardo Santiago, que é natural do Rio de Janeiro, foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva após a audiência de custódia. Saad explicou que Leonardo assumiu o risco de matar e, por isso, responderá por homicídio doloso. “Ele arremessou uma garrafa, ele sabia que podia atingir o resultado morte e foi o que aconteceu“, esclareceu o delegado.
Ainda segundo Saad, a polícia conta com uma ferramenta de investigação de reconhecimento facial, e imagens que circulam nas redes sociais estão na unidade de inteligência para que todos os envolvidos também respondam no processo. O caso foi registrado como tentativa de homicídio e provocação de tumulto. “Temos diversas imagens de celular, estamos utilizando sistema de reconhecimento facial para que outros integrantes de torcidas e de outras pessoas que estavam na briga sejam identificadas“, detalhou.
Pais de Gabriela se manifestam
Ao g1, os familiares falaram que Gabriela era frequentadora do estádio e costumada ir com os pais. Segundo Ettote Amarchiano Neto, pai da jovem, o Palmeiras era a vida dela. “A diversão dela era praticamente essa. Aos finais de semana, as viagens que ela fazia. Foi a forma que ela se encontrou. Tem meninas da idade dela que gostam de ir em baile funk, de gostam de ir para sertanejo, ela gostava do Palmeiras. A vida dela era essa. Palmeiras, e a torcida. Era isso“, disse. Dilcilene Prado Anelle dos Santos, mãe de Gabriela, contou que ela já tinha passado por cirurgias e superado vários problemas de saúde. “Não foi o problema de saúde que ela tinha que matou ela, foi uma garrafa que cortou a jugular dela“, declarou.
Os pais estavam no Allianz Parque, mas só souberam do ocorrido quando a filha foi internada na Santa Casa. “Nós participamos do jogo também, estávamos aguardando por ela porque a gente ficou junto com a Mancha, só que ela não chegou a entrar no estádio. Eu fiquei sabendo quando acabou o jogo, porque não tinha sinal de celular lá dentro, uma ligação. Nisso, ela já tinha sido operada, já estava descendo pra UTI“, explicou a mãe.
Relembre o caso
Gabriela Anelli morreu após ser atingida por uma garrafa de vidro em um confronto entre torcedores do Palmeiras e Flamengo no último sábado (8), em São Paulo. A briga começou na rua Padre Antônio Tomaz, local que concentra bares de palmeirenses. A PM usou gás de pimenta para dispersar os grupos e a partida foi interrompida em dois momentos, já que resquícios do gás chegaram até os jogadores.
Ela foi socorrida por uma ambulância que fica dentro do estádio e levada ao hospital em estado grave. Gabriela ficou internada na Santa Casa e acabou sofrendo duas paradas cardíacas. Nesta segunda-feira (10), a família da jovem confirmou a morte através das redes sociais.
“Obrigado a todos que oraram pela minha irmã. Mas ela foi morar com o Papai do Céu. Tem coisas que acontecem que estão além do nosso limite do entendimento. Sei o quanto você lutou cada segundo e você de fato foi uma guerreira. Olhe por nós do céu e proteja nossa família“, escreveu Felipe Marchiano, irmão da palmeirense.
“Só desejo que justiça seja feita. Um ser humano com pouco de miolo na cabeça não faria uma coisa dessa. Não só minha irmã, poderia acertar uma criança, uma mulher grávida…“, comentou ele. O corpo da torcedora está sendo velado na manhã desta terça-feira (11), em Embu das Artes, na Região Metropolitana de São Paulo. A cerimônia começou às 6h e tem previsão de encerramento para as 13h.
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