Madrasta condenada por pisotear e matar filho de lutador é encontrada morta em presídio no MS

Jéssica Leite Ribeiro foi condenada a 17 anos pela morte do enteado

Jéssica Leite Ribeiro, madrasta condenada por pisotear e matar o filho do lutador de MMA Joel Tigre, foi encontrada morta na última quarta-feira (5). Ela estava no presídio feminino Carlos Alberto Jonas Giordano, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Jéssica era casada com Joel e foi condenada em 2020 pela morte do enteado de 1 ano e 6 meses. De acordo com o UOL, a morte foi confirmada pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário, a Agepen, e pelo advogado que acompanhava Jéssica.

As duas detentas que dividiam a cela com Jéssica a encontraram por volta das 23h, e de acordo com o g1, próximo dela tinha uma carta que será analisada. Elas contaram que estavam dormindo e que chamaram a segurança no instante em que perceberam que Jéssica tinha falecido. O óbito foi verificado 1h30 da madrugada, após a penitenciária acionar o SAMU para constatação da morte. “Recebi a notícia da pior forma, pelos pais dela. Fazia cinco anos que atuo junto dela. Foi da pior forma possível, agora é aguardar a investigação“, contou Jeferson Faria, advogado que trabalhava no caso de Jéssica.

Joel Tigre foi condenado por homicídio culposo e Jéssica por homicídio doloso de Rodrigo, filho do lutador de MMA, que tinha um ano na época do crime. (Reprodução / Facebook)

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O Boletim de Ocorrência apontou que uma das internas tentou reanimar Jéssica enquanto as equipes da polícia e perícia estavam chegando na penitenciária. No entanto, o BO não informou qual seria a causa da morte. “Sou de Dourados, ela estava em Corumbá, não estou conseguindo contato com a delegada. O laudo necroscópico também demora um pouco, estimativa de 30 dias“, disse Jeferson. De acordo com o g1, o caso foi registrado como morte a esclarecer na Delegacia de Polícia de Corumbá.

Jéssica estava sob custódia no presídio desde 31 de agosto de 2018. A previsão é de que ela poderia ter direito ao regime semiaberto a partir de junho de 2024. “Ia mudar de regime, ficava animada toda vez que falava com a família. Eu ia atendê-la mês que vem para passar as datas da progressão. Nunca deu problema. Nosso medo era no começo da prisão, mas nunca teve. Cinco anos de convívio, nunca teve problema, indisciplina“, explicou o representante. “Desde janeiro de 2019, ela trabalhava no presídio. Trabalhou com costura, prendedor de roupa, horta, conforme o trabalho interno“, completou.

O caso

Rodrigo tinha 1 ano e 6 meses quando morreu em agosto de 2018. Ele era filho de Joel Ávalo dos Santos, conhecido como Joel Tigre. Rodrigo era fruto de um relacionamento anterior do lutador. Ele e Jéssica, que tinham 21 e 25 anos, foram presos por conta da inconsistência em seus depoimentos à polícia. Jéssica contou que o bebê começou a passar mal após Joel sair para o trabalho e que acabou falecendo em seus braços. O atleta se disse inocente desde o início.

O exame de necropsia indicou que o bebê morreu após ter uma vértebra quebrada por “ação contundente“, assim perfurando o fígado e causando hemorragia. Na época, o então casal não soube explicar por que Rodrigo tinha manchas hemorrágicas na cabeça, pescoço e pancadas nas costas. O médico perito também apontou a existência de contusões mais antigas. “A principal lesão, que causou a morte, foram pancadas nas costas, que quebraram costelas e o menino acabou tendo dilaceração no fígado“, afirmou o delegado na ocasião.

A madrasta mudou sua versão uma semana após a prisão, admitindo que usou a força contra a criança. No depoimento, ela disse que Rodrigo tinha caído enquanto brincava com a irmã. O menino chegou a sangrar e ela foi socorrê-lo. Ribeiro alega que ele estava com dificuldade para defecar e começou a apertá-lo. Na época, ela também contou que ficou nervosa por causa do choro do enteado e, ao tentar fazer massagem, a criança teria caído e ela pisado nele sem querer. Jéssica confessou que teve um “acesso de raiva por conta de constantes choros da criança, além de problemas pessoais“. Nesse momento, ela usou as mãos e joelhos para “apertar com força o abdômen do menino, tendo também pisado nas costelas“.

Após as investigações, Ribeiro foi indiciada por maus-tratos e homicídio qualificado por motivo fútil, que dificultou a defesa da vítima. No julgamento, a defesa dela alegou que a morte do menino foi acidental. Ele teria caído de um balcão e teve fraturas graves no corpo. Mas durante seu depoimento, Jéssica confessou os maus-tratos e disse que agiu assim por estar muito nervosa. Ela foi considerada culpada por homicídio doloso em 10 de março de 2020 com pena de 17 anos e 5 meses. Joel foi considerado culpado por homicídio culposo e recebeu pena de 1 ano e 15 dias. Ele não recorreu por já ter ficado preso por mais tempo e foi liberado em 2020.

Joel Tigre se disse inocente desde o início da investigação. (Reprodução / Youtube / Diário MSTV)

Joel Tigre disse que foi enganado

Em entrevista ao g1, o lutador disse que foi enganado e afirmou que nunca perdoaria a ex-companheira pela morte do filho. “Sentimento de ódio, raiva, da noite para o dia a pessoa acordar e fazer esse tipo de coisa, inventar essa história de que meu filho tinha caído, que foi um acidente, isso não condiz com que aconteceu […] ela mentiu, nessa mentira eu fui preso, e para mim ela é uma pessoa do tipo psicopata“, declarou.

De acordo com o atleta, o relacionamento chegou ao fim logo após a tragédia, mas ela tentou uma aproximação através de cartas. “Primeiro escreveu dizendo: ‘Me perdoa, eu não fiz nada, eu coloquei o menino em cima do balcão e ele caiu’. Depois, as outras cartas mudaram o teor, já eram perguntando como eu estava, que ela estava com saudades de mim e da casa“, detalhou.

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