Mulher que zombou do isolamento social grava vídeo emocionante após morte do marido por coronavírus: “Esse ‘fique em casa’ é muito pesado pra mim hoje”

Nesta quinta (07), a comerciante Silvana Cunha fez um emocionante desabafo após a morte de seu marido, em decorrência do coronavírus. A paraibana, que antes zombava do isolamento social, gravou um vídeo pedindo a todos que fiquem em casa. Seu esposo, o sargento reformado da PM Marco Cirino da Cunha, faleceu na última quinta-feira (30), aos 57 anos.

Silvana é dona de uma vidraçaria e, por querer manter seu comércio aberto, criticava a quarentena semanas atrás. “Há 15 dias, eu escutava essas palavras ‘fique em casa’, e até cheguei a zombar. Cheguei na loja e fiz um vídeo dizendo ‘fique em casa, mas quem vai pagar nossas contas no final do mês?’. Hoje eu digo, ‘fique em casa'”, explicou.

Marco tinha 57 anos, e não resistiu à Covid-19. Silvana, então, lamentou ter zombado dos alertas para ficar em casa. (Foto: Silvana Cunha/Arquivo Pessoal)

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De acordo com o G1, após a perda do marido, Silvana e o filho do casal fecharam a loja e viajaram para encontrar a família. “Essas palavras ‘fique em casa’ são muito pesadas pra mim hoje, porque eu não fiquei em casa, meu marido não ficou e infelizmente faleceu”, comentou.

Seu filho, de apenas 10 anos, também sente muito a falta do pai. “Ontem eu senti o peso delas mais ainda, quando cheguei e meu filho olhou pra mim: ‘Mãe, você salvou meu pai?’. E eu apenas disse que não”, lamentou ela, em lágrimas.

A triste perda fez com que Silvana tivesse um novo olhar para a situação complicada imposta pela pandemia – que tem até mesmo impedido muitos de se despedirem de seus familiares. “Esse vírus humilha os seres humanos, porque ele nos faz sentir inválidos diante da situação. Nem um ‘Pai Nosso’ deixaram eu fazer para ele”, lastimou a comerciante. Confira o relato:

Em seu relato ao G1, Silvana contou que Marco teve tosse seca e falta de ar ainda no dia 15 de abril. Com os sintomas do coronavírus, o militar foi levado até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) dois dias depois. No entanto, o médico plantonista diagnosticou seu caso como uma pneumonia, sem ter feito o teste para a Covid-19.

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“Implorei pelo exame de Covid, porém o médico de plantão falou que não era sintomas de Covid. Ele fez alguns exames e diagnosticou pneumonia, passou um antibiótico e voltamos pra casa”, lembrou Silvana. No dia 22, Marco teve uma grande falta de ar e desmaiou, sendo levado novamente à UPA. Na ocasião, ela chamou uma clínica particular para fazer o teste de coronavírus no marido, mas o resultado foi falso negativo.

Silvana foi às lágrimas ao relatar a morte do marido pela Covid-19. (Foto: Reprodução/G1)

Marco foi transferido para o Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho, em João Pessoa, foi testado novamente para o coronavírus e, desta vez, o resultado deu positivo para Covid-19. Então, o sargento reformado foi entubado e transferido outra vez, para o Hospital Metropolitano de Santa Rita. Entretanto, veio a óbito no dia 30 de abril. O marido de Silvana integrava o grupo de risco, por ter diabetes e doença cardiovascular.

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Silvana e o filho foram testados duas vezes para o coronavírus, mas seu resultado foi negativo. Agora, a comerciante deixa seu alerta, e pede para que as pessoas respeitem o isolamento social. “Se cuidem. Se puderem ficar em casa, fiquem. Eu tô pedindo, fiquem em casa, porque agora eu sei o peso dessa palavra”, pediu. Ela também deixou seu recado: “Vou me resguardar, não quero que a doença leve mais ninguém da minha família”.

Em meio à pandemia do coronavírus, o isolamento social é a principal recomendação. Nos casos em que ficar em casa não é possível, o uso da máscara é indispensável. (Foto: Getty)

Segundo o Ministério da Saúde, já são 128 mil os casos confirmados da Covid-19 no Brasil. O governo federal também contabiliza 8.609 mortes até a tarde de hoje. Sem sombra de dúvidas, o distanciamento social é primordial – bem como o uso de máscaras, e das práticas rigorosas de higiene.