Após serem presos, três dos quatro policiais envolvidos no assassinato de George Floyd, Tou Thao, Thomas Lane e J. Alexander Keung, compareceram ao tribunal nesta quinta-feira à tarde (5), em Minnesota, e tiveram o valor de suas fianças estabelecido.
Durante as acusações oficiais, o advogado de Alexander Keung, Thomas Plunkett, alegou que seu cliente disse aos outros policiais: “Vocês não deveriam fazer isso”. Ele também disse que o dia da morte de Floyd era apenas o terceiro turno completo que Keung fazia como policial. Assim, Plunkett pediu que a fiança fosse firmada em 200 mil dólares (cerca de 1 milhão de reais).
O advogado de Thomas Lane também pediu por uma “fiança razoável”, por seu cliente ter tentado aplicar ressuscitação cardiopulmonar na vítima, e estar na força policial há apenas quatro dias, no momento do incidente. No entanto, de acordo com a queixa criminal, ambos Lane e Keung imobilizaram os braços e pernas de Floyd, mesmo depois do “Sr. Floyd dizer: ‘Estou prestes a morrer”.
Quanto a Thao, seu advogado, Robert Pauley, pediu uma fiança de 200 mil dólares, citando a cooperação do policial durante a investigação. Porém, o juiz Paul Scoggin colocou a fiança dos três ex-policiais em 1 milhão de dólares (cerca de 5,1 milhões de reais), ou 750 mil dólares (3,8 milhões de reais) sob certas condições. Além disso, foi determinado que os três não podem mais trabalhar como policiais, devem entregar suas armas, terão suas licenças para armas anuladas, e não podem ter contato com a família das vítimas. Se deixarem o estado, eles concordam em renunciar à extradição.
Entenda as acusações
A audiência veio menos de 24 horas após a promotoria do estado de Minnesota aumentar a acusação contra Derek Chauvin, e incluir os outros três policiais envolvidos no assassinato para responderem criminalmente.
Derek, que foi filmado pressionando o joelho sobre o pescoço de George — mesmo ouvindo os pedidos de que a vítima não conseguia respirar —, será acusado por homicídio em segundo grau. Nesta situação, o assassinato é considerado intencional não premeditado, quando o autor tem intenção de causar danos corporais à vítima.
A princípio, o policial, que foi preso na sexta-feira (29), respondia ao crime de assassinato em terceiro grau e homicídio culposo em segundo grau. As leis enquadravam o criminoso como um indivíduo que não teve a intenção de matar, mas agiu com grande indiferença à vida humana, o que poderia culminar na morte de outra pessoa. A pena máxima prevista é de 25 anos.
Outra conquista da família de George Floyd na luta por justiça foi a inclusão dos três policiais que presenciaram todo o ocorrido nas acusações. Tou Thao, Thomas Lane e J. Alexander Kueng serão presos e responderão judicialmente por ajudar e favorecer assassinato em segundo grau. Eles também ajudaram a imobilizar a vítima, embora não apareçam no vídeo que registrou o crime.
Assim como Derek Chauvin, o trio foi demitido da polícia do condado de Hennepin, mas até então não tinha sido relacionado à morte. O procurador-geral de Minnesota, Keith Ellison, revelou no início da semana que ainda estava avaliando evidências e que as modificações nas acusações seriam feitas, se fossem necessárias. “Vamos cobrar este caso de maneira consistente com o mais alto nível de responsabilidade que os fatos e a lei apoiarão”, disse.
Por meio do Twitter de Benjamin Crump, a família do ex-segurança se pronunciou a respeito da decisão de Ellison. “Este é um momento agridoce. Estamos profundamente satisfeitos que @AGEllison tenha tomado uma ação decisiva, prendendo e acusando TODOS os policiais envolvidos na morte de #GeorgeFloyd e atualizando a acusação contra Derek Chauvin por homicídio culposo em segundo grau”, compartilhou.
FAMILY’S REACTION: This is a bittersweet moment. We are deeply gratified that @AGEllison took decisive action, arresting & charging ALL the officers involved in #GeorgeFloyd's death & upgrading the charge against Derek Chauvin to felony second-degree murder. #JusticeForGeorge pic.twitter.com/jTfXFHpsYl
— Ben Crump (@AttorneyCrump) June 3, 2020
Sobre o caso
No último dia 25, Floyd foi rendido por quatro policiais, acusado de ter tentado passar uma cédula de US$ 20 falsa para comprar cigarro. Ao ser imobilizado por Derek Chauvin, o ex-segurança implorou por ajuda, afirmando que não conseguia respirar, enquanto tinha o pescoço pressionado pelo joelho do policial durante 8 minutos e 46 segundos. Além de ser demitido junto com seus três colegas, Derek foi preso na sexta-feira e acusado de assassinato em terceiro grau.
O governador do estado, Tim Walz, colocou o procurador-geral Keith Ellison no comando da acusação, após pedidos da família de Floyd. O escritório do promotor de Hennepin foi acusado de atrasar desnecessariamente a denúncia contra Chauvin e de não incluir os outros três policiais que estavam no local no caso.
Desde a morte de George Floyd, os Estados Unidos têm presenciado protestos históricos em diversas cidades. Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, as pessoas tomaram as ruas pedindo pelo fim da violência policial, do racismo e justiça para o caso do ex-segurança. Na web, os movimentos ganharam apoio — e doações — de diversos artistas, celebridades e grandes empresas.