Há quase dois meses, o caso do desaparecimento de Madeleine McCann, em 2007, sofreu uma reviravolta após a polícia apontar um novo suspeito, o alemão Christian Bruckner. Desde então, a investigação foi retomada e, nessa segunda-feira (27), as autoridades da Alemanha iniciaram uma busca em um canteiro perto da cidade de Hannover, onde Bruckner teria morado por um tempo no ano em que a menina desapareceu.
De acordo com publicações locais que acompanham o caso de perto, vários veículos da polícia foram enviados para a região da busca, um lote situado na periferia oeste da cidade. Há pelo menos quatro dias, os investigadores estão usando cães farejadores, pás e uma escavadeira para ajudar nas buscas.
Procurada, a polícia alemã apenas afirmou que a investigação estava relacionada à menina desaparecida há 13 anos. “Essas buscas estão ligadas à nossa investigação do caso Maddie McCann”, disse Julia Meyer, porta-voz da Promotoria de Brunswick, à AFP, sem dar mais detalhes.
Apesar da falta de informações oficiais, já se sabe, no entanto, que as autoridades descobriram um porão no local que ficava sob um galpão de madeira que foi demolido no fim de 2007, meses após o desaparecimento de Madeleine em Portugal. A pequena estrutura, na época, contava com apenas um quarto para guardar ferramentas e uma cozinha.
Um homem, cujo terreno é vizinho do que está sendo revisitado, disse à BBC que o suspeito alugou a propriedade por alguns meses no ano em que Madeleine desapareceu. Segundo ele, Christian B. chegou na primavera ou verão de 2007 e disse que queria fazer o isolamento térmico de uma pequena cabana, que ficava sobre uma base de concreto e tinha um pequeno porão embaixo.
Para a BBC, o vizinho informou que saiu de férias em julho de 2007. Quando voltou, em agosto, a estrutura havia sido removida e ele nunca mais viu o suspeito. Os restos encontrados já estão sendo analisados pela agência federal de investigação criminal da Alemanha.
Em meio às novas descobertas, uma declaração de um ex-amigo de Brueckner chamou atenção da imprensa. No mês passado, o homem alegou que o suspeito tinha um porão em uma propriedade que ele queria reformar com chapas de metal “como as de Josef Fritzl”.
Fritzl ficou conhecido como “o monstro de Amstetten” após sequestrar e manter a filha presa um porão durante 24 anos na Áustria. Ele teve sete filhos com a vítima e recebeu pena de prisão perpétua pelas acusações, incluindo estupro, incesto, assassinato e prática de escravidão.
Relembre o caso de Madeleine McCann
A pequena Madeleine McCann desapareceu aos três anos de idade, enquanto passava as férias com a família na Praia da Luz, em Portugal. Ela completaria quatro anos em 10 dias. A menina estava com os irmãos gêmeos Sean e Amelie, então com dois anos, no quarto de hotel. Seus pais, Kate e Gerry McCann, tinham saído para jantar com amigos em um restaurante próximo, dentro do complexo turístico, deixando as crianças desacompanhadas. Assim que eles voltaram, descobriram que Madeleine tinha sumido.
De acordo com o G1, os próprios pais de Madeleine foram considerados suspeitos pela polícia portuguesa, após a descoberta de vestígios biológicos da menina em seus objetos pessoais, e em um automóvel alugado após o desaparecimento. A suspeita era de que Kate e Gerry tivessem ocultado o corpo da filha, após ela ter morrido acidentalmente. Porém, a Justiça portuguesa largou esta linha de investigação quando as análises das amostras que os incriminavam, realizadas no Reino Unido, foram consideradas inconclusivas. Outro suspeito foi o britânico-português Robert Murat, que morava perto do hotel.
O caso é um grande mistério até hoje, que desperta o interesse do público; Madeleine já foi avistada cerca de 9 mil vezes, em mais de 100 países — todas as pistas eram falsas. Na Netflix, está disponível o documentário “O Desaparecimento de Madeleine McCann”, com entrevistas dos principais envolvidos na história.
Desde o começo de junho, o nome de Christian Brueckner surgiu na história. Atualmente preso na Alemanha por outros crimes, ele teria morado periodicamente na região sul de Algarve, em Portugal, durante os anos 1993 e 2007, quando Madeleine desapareceu. Segundo o Escritório da Promotoria de Braunschweig, na época, o rapaz cometia vários crimes, incluindo roubos em apartamentos e complexos hoteleiros, além de estar envolvido com tráfico de drogas.
Detalhes da investigação não foram divulgados oficialmente mas, após ter acesso às provas reunidas pelas autoridades alemãs, que indicariam possível participação de Christian no caso, um funcionário do alto escalão da polícia definiu as evidências como “muito importantes” e “contundentes”. Segundo o insider, a polícia portuguesa também está disposta a cooperar nessa nova fase da investigação do sumiço, que aconteceu em 2007, na Praia da Luz, em Portugal.
As autoridades, no entanto, afirmaram estar analisando o caso atualmente como de homicídio, não desaparecimento. “Nós supomos que a menina esteja morta”, disse o promotor Hans Christian Wolters em uma coletiva de imprensa no dia 4 de junho. De acordo com ele, há “evidências concretas” sobre o assassinato de Madeleine que ainda não podem ser reveladas para não prejudicar a investigação de Brueckner.