Ex-atriz de “Malhação” é acusada de racismo nos EUA; Noivo da brasileira a defende nas redes sociais e é rebatido por colega de série

O passado online da atriz brasileira Chrysti Ane Lopes, de “Malhação – Casa Cheia” e “Power Rangers”, veio à tona no último mês, e gerou uma grande polêmica envolvendo ela e seu noivo, o ator norte-americano Ryan Guzman. A artista foi acusada de racismo por conta de tuítes antigos em que usou uma palavra extremamente ofensiva. Já o intérprete de Eddie na série “9-1-1” indignou as pessoas com os argumentos usados para defender a companheira.

Nas publicações de 2011, resgatadas por internautas, Chrysti utiliza a palavra “nigger”, uma ofensa racista para se referir às pessoas pretas nos Estados Unidos, onde a brasileira mora atualmente. O termo só é aceito no país quando é dito por àqueles que são, de fato, pretos. Atacada na web, a atriz escreveu um pedido de desculpas e revelou que não era sua intenção ser preconceituosa ou algo do tipo.

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Lopes explicou que, na época dos compartilhamentos, ela namorava um rapaz preto e, por isso, se sentia aceita pela comunidade, mas “não compreendeu completamente o peso da palavra” no passado. “Eu não entendia a história, as lutas, a opressão. Eu era uma menina de 16 anos, no colégio, tentando encontrar o meu lugar e descobrir quem eu era. Eu agora sou uma mulher com minha família, um filho, e um parceiro. Eu não sou a mesma menina de quase dez anos atrás”, argumentou.

https://twitter.com/Chrysti_Ane/status/1267302580582903808?s=20

Ao entrar na história para defender a noiva, Ryan protagonizou falas controversas durante uma live em seu Instagram no domingo (31). O ator afirmou que o uso do termo não era uma ofensa, já que ele e seus amigos de outras etnias “se insultam o tempo todo”. “Eu tenho muitos amigos — negros, brancos, asiáticos, indianos, coreanos — e zombamos das raças um do outro o tempo todo”, disse.

Chrysti Ane Lopes interpretou a personagem Meg na temporada de 2013 de “Malhação”. Foto: Cynthia Sales/Globo

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“Nós não ficamos chateados, porque conhecemos a pessoa realmente, sabemos quem são. Sabemos que não estamos tentando nos derrubar. Então, o que vocês estão tentando fazer parecer? Você está tentando provar que alguém que não é racista, é racista? Nah. Você não tem esse poder. Não há energia racista vindo desta casa”, afirmou.

Nos comentários, os seguidores do ator rebateram sua explicação. “Não há permissão para usar a palavra com N!”, reclamou uma internauta. “Ryan, por favor… Isso simplesmente não está certo”, disse outro usuário. Mais tarde, o ator foi até o Twitter e fez a seguinte publicação: “Estou farto de me defender ou a minha família para pessoas que julgam tão rapidamente quanto condenam. Deixe-me voltar ao assunto real que é ajudar de qualquer maneira que eu puder a comunidade negra”.

https://twitter.com/ryanAguzman/status/1267251975629844481?s=20

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Colega de Guzman na série “9-1-1”, o ator Oliver Stark se manifestou nas redes sociais sobre o discurso feito na transmissão ao vivo. “Eu sei que muitos de vocês querem ouvir meus pensamentos sobre o que o membro do elenco disse hoje no Instagram ao vivo. Posso dizer que minha opinião é que não há absolutamente nenhuma desculpa para o uso da palavra com N. Pertence apenas à comunidade negra e não concordo absolutamente que seja usada por mais ninguém em nenhuma circunstância”, publicou.

https://twitter.com/oliverstarkk/status/1267283034769776640?s=20

Confira o posicionamento da brasileira Chrysti Ane Lopes:

“Minha família e eu fomos acusados de sermos racistas nos últimos dias, e eu acho que passou da hora de eu dizer algumas coisas. Tudo começou quando um dos seguidores do meu parceiro desenterrou alguns tuítes meus de 2011 (nove anos atrás) que usavam a palavra com ‘N’. Eu não vou justificar o uso da palavra, mas vou me explicar. Na época, eu namorava um homem de origem afro-americana e comecei a mergulhar fundo na cultura. Fiz muitos amigos negros, escutei músicas que usavam essas gírias, vi comediantes negros que usavam a palavra livremente. E eu me senti acolhida pela comunidade.

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Na época, nenhum dos meus amigos achava isso ofensivo, mas eu devo dizer que não entendia completamente o peso dessa palavra. Eu não entendia a história, as lutas, a opressão. Eu era uma menina de 16 anos, no colégio, tentando encontrar o meu lugar e descobrir quem eu era.

Eu agora sou uma mulher com minha família, um filho, e um parceiro. Eu não sou a mesma menina de quase dez anos atrás. Encorajo vocês a olharem para trás e verem quem vocês eram há nove anos. Pensem: ‘Eu sou a mesma pessoa?’.

Dito isso, esse é meu pedido de desculpas formal por aqueles tuítes e a quem eles ofenderam. Devemos ser responsabilizados pelo que dissemos e fazemos, e eu fico feliz por terem me chamado a atenção. Agora posso mostrar que aquela menina de 16 anos não é a mulher que eu sou hoje.

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Eu posso dizer que amadureci imensamente. Meu respeito pela comunidade negra é gigante. Tudo o que eles suportaram, tudo o que superaram, e o que continuam a viver todos os dias abriu meus olhos e o meu coração. Eu vou usar minha plataforma, como já tenho feito, para fazer o bem. Eu doei, tuitei links, falei o que pensava sobre o assunto. Eu me ergui pela comunidade negra e continuarei a fazê-lo.

Eu quero usar minha voz para o bem. Quero ajudar. Quero fazer o meu melhor para que a comunidade negra seja ouvida e respeitada. Vamos fazer parte de uma solução e criar mudança de verdade nesse país para que todos possam vivenciar o que os Estados Unidos deveriam significar”.