O escândalo envolvendo príncipe Andrew – filho da rainha Elizabeth II – e o bilionário pedófilo Jeffrey Epstein, que cometeu suicídio em 2019, depois de ter sido acusado de exploração sexual de menores, continua. Neste domingo (2), novas alegações de Virginia Roberts vieram à tona.
O Daily Mail teve acesso a um manuscrito de 139 páginas intitulado “The Billionaire’s Playboy Club”, no qual Roberts, que também usa o nome de casada, Giuffre, documentou o período em que foi escravizada sexualmente por Epstein e sua cúmplice, Ghislaine Maxwell. As alegações fazem parte de documentos judiciais divulgados recentemente, que Maxwell tentou manter em sigilo na Justiça.
Segundo Virginia, quando tinha de 17 para 18 anos, Maxwell a enviou para o rancho de Epstein, onde passou dois dias à sós com o duque de York, que teria 41 anos na época. Em seu relato, a ex-escrava sexual disse não saber quem estaria esperando por ela na propriedade no Novo México.
Somente quando chegou lá, descobriu que se tratava do príncipe. “Ele colocou os braços em volta da minha cintura e me cumprimentou como se eu fosse uma velha amiga, com um ‘oi’ e aquele sorrisinho sarcástico. Eu o abracei de volta, revirando os olhos ao mesmo tempo, já temendo o que estava reservado para os próximos dias”, recordou.
Giuffre mencionou também o quão difícil era aturar as preferências sexuais bizarras dos homens. “Não era fácil atender aos desejos sexuais desses estranhos, sendo o príncipe, um deles. Ele amava meus pés e até lambia entre meus dedos. Mas não existia paixão nessa intimidade que dividimos. Pra ele, eu era só mais uma garota, e pra mim, era apenas mais um trabalho”, desabafou.
“Meu trabalho era entretê-lo sem parar, mesmo que isso significasse ter que conceder meu corpo durante uma massagem erótica ou simplesmente levá-lo para andar de cavalo”, acrescentou ela.
Dias depois, Roberts retornou a Nova Iorque para encontrar com Epstein e Maxwell, que lhe recompensaram com mil dólares pelo “trabalho”. “Então… como foram os dias no rancho com o príncipe?”, quis saber Ghislaine. A vítima, por sua vez, disse ter dado a resposta que a dupla gostaria de ouvir, ao invés de contar o que verdadeiramente sentia.
“Levei ele para andar de cavalo, não muito longe da propriedade, fomos nadar na piscina e, claro, fiz muitas massagens nele. Ele recebeu massagens pelo menos duas vezes por dia, realmente parecia gostar daquilo. Acho que ele realmente se divertiu, ele pareceu relaxado durante a viagem, e quando nos despedimos, ele me deu um beijo”, declarou Giuffre. Ainda em seu texto, Virginia declarou ter ficado “enojada com toda aquela situação”: “Eles olharam pra mim como pais orgulhosos, super contentes. ‘Que bom, você fez muito bem’, me elogiou Jeffrey”.
Por fim, a vítima alegou ter tido relações sexuais com o príncipe três vezes distintas — todas essencialmente elaboradas por Epstein e Maxwell, reivindicação que a realeza negou vigorosamente.
Entenda o caso
Na sexta-feira (31), o The Mirror revelou que o príncipe Andrew foi acusado na Justiça de ter feito “orgia com menores”. As informações foram obtidas em documentos de um processo, que indicam a ligação do nome do royal ao bilionário Jeffrey Epstein, responsável por um grande esquema de exploração sexual.
De acordo com os documentos, Andrew foi acusado de ser o “indivíduo poderoso” com quem a “escrava sexual” de Jeffrey Epstein, Virginia Giuffre, foi obrigada a se relacionar – em 2001, quando ainda tinha 17 anos. O processo aponta ainda que o duque de York teria tido “uma orgia com várias outras garotas menores de idade”. Além disso, o príncipe também teria “pressionado o governo dos EUA a conceder um acordo judicial” a Epstein, quando este foi acusado de recrutar menores para prostituição, no ano de 2007.
Numa das ações, divulgada na sexta (31) por um juiz de Nova York, Virginia também teve de responder – sob juramento – o que Andrew sabia sobre Epstein. Então, ela afirmou: “Ele saberia muitas verdades”. Até o momento, o duque não prestou esclarecimentos sobre essa ligação com Jeffrey – que se suicidou em 2019, quando estava preso –, nem conversou com o FBI sobre o caso.
Entretanto, Spencer Kuvin, advogado que defende as mulheres abusadas por Epstein há 10 anos, também sugeriu que o membro da nobreza britânica deveria revelar logo tudo o que sabe. “O príncipe Andrew tem muito a responder, dadas essas novas revelações, e continuamos a pedir para que dê um passo à frente, seja homem e fale a verdade sobre o que ele sabe”, disse ele ao “The Mirror”.
“Se esconder atrás da monarquia é covarde e muito abaixo de sua posição, e ele francamente se tornou uma vergonha para a família real”, completou Kuvin sobre Andrew. A expectativa do advogado é que, em algum momento, consigam fazer Justiça nesse caso. “É nossa esperança que toda a extensão do esquema ilícito da pirâmide sexuais de Epstein continue a ser desvendada”, declarou.
De acordo com a publicação, uma porta-voz de Andrew negou-se a comentar sobre o caso. No entanto, um amigo do príncipe saiu em defesa dele. “A Corte do Tribunal de Apelação disse em 2019, que essas alegações devem ser tratadas com ‘extremo cuidado’. Alegações não são as mesmas coisas de fatos. Onde estão as provas?”, questionou, abordando na sequência as alegações de que o royal teria pressionado o governo dos EUA para ajudarem Epstein.
“A afirmação sobre o príncipe ter feito um lobby pra um acordo judicial foi uma ‘mentira direta’. Sem nenhuma dúvida. A alegação faz parte de uma moção por advogados de acusadoras numa tentativa de provar que Epstein ‘usou suas significativas conexões políticas e sociais para pressionar o departamento de justiça a obter um acordo mais favorável'”, completou.
Apesar de ter até mesmo uma foto ao lado de Virginia Giuffre, em novembro do ano passado, em entrevista ao “BBC Newsnight”, o príncipe Andrew tentou se defender e disse não se lembrar de ter se encontrado com ela. Porém, essa história parece estar longe de um fim…