Para Viola Davis, apenas TUDO! Vencedora do Oscar, do Emmy, do Globo de Ouro e uma das maiores atrizes de sua geração, a rainha esteve entre nós! Estrela do filme “A Mulher Rei“, a artista se encontrou nesta segunda (19) com Bruno Rocha, o nosso Hugo Gloss, no Rio de Janeiro, e contou detalhes da preparação brutal – física e psicológica – para viver a protagonista. Também no posto de produtora do longa, Davis ainda falou sobre as batalhas que travou nos bastidores para conseguir mudar desde o cabelo dos personagens até o elenco e a diretora escalada. A atriz também se emocionou com um presente especial entregue por Bruno.
Preparação física brutal e muita oração
No filme dirigido por Gina Prince-Bythewood, Viola encarna a guerreira Nanisca, que defende seu povo dos colonizadores. Os cenários mostram os embates, tanto na terra quanto no mar, e os treinamentos intensos das Agojie para as batalhas. A preparação para as cenas intensas, de acordo com a atriz, incluiu mais de cinco horas diárias de treino com esteira e luta marcial, e muita oração.
“A preparação foi árdua. Com os livros e os documentários. E oração, muita oração. Porque eu sempre falava que eu era a guerreira mais velha que tinha ali. Eu tinha o dobro da idade, eu tenho 56 anos, só o fato de eu não ter caído dura e morrido naquela esteira todos os dias, depois de 5 horas de treinamento todo santo dia ou mais”, revelou.
“Eu corria muito na esteira e as cargas ficavam mais pesadas a cada dia, porque eles precisavam que eu ficasse musculosa. E depois, mais três horas e meia de artes marciais diariamente. O treinamento com espadas, socos, a utilização dos cotovelos, é muita coisa. Mas o ponto de virada é que, psicologicamente, você precisa acreditar que você é capaz e não ficar ‘molhando as calças’ de medo”, acrescentou Viola, aos risos.
Luta nos bastidores
Um dos nomes mais aclamados do cinema, Viola Davis se tornou uma importante voz contra o racismo em Hollywood. Com um elenco formado majoritariamente por negros – inclusive com atrizes africanas -, a luta pela representatividade nos bastidores de “A Mulher Rei” também foi intensa. Segundo a atriz, o seu objetivo era dar visibilidade para os colegas de profissão que ainda não têm grandes trabalhos no currículo. No entanto, os valores investidos eram uma das principais preocupações dos produtores e se tornaram um impasse.
“É sempre uma briga. Mas neste caso, nós lutamos por que quando é que isso foi feito antes? É preciso entender que estamos em um negócio que é, em última análise, sobre comércio e lucro. É sobre fazer dinheiro e sobre o lucro que o filme vai gerar no fim de semana de estreia nos cinemas”, disse.
Com o orçamento de U$S 50 milhões (cerca de R$ 258 milhões), a obra precisa dar retorno financeiro para o estúdio. Apesar disso, Viola garante que é uma briga que “vale a pena”. “O grande medo é que não se chegue a uma bilheteria global e que não faça muito dinheiro. Ninguém quer mobilizar milhões de dólares para não dar certo, então este é o grande medo. Dentro deste contexto, é preciso brigar pelos atores que ainda não têm o mesmo currículo que seus colegas que são brancos, é preciso lutar pela diretora que não tem o mesmo currículo que suas colegas brancas, é preciso brigar pelo orçamento… É uma luta. Mas sabe, tudo pelo que se vale a pena lutar, é algo que vale a pena”, refletiu.
No bate-papo, Bruno mencionou a falta de pessoas negras nas produções e questionou como a atriz foi convidada para o longa. Viola afirmou que personagens negros estão sempre dando suporte aos protagonistas, mas, neste momento, ela se sentia pronta para “liderar” a trama. “Eu decidi contar [a história], pela mesma razão que te motivou a fazer esta pergunta. Porque nós, raramente, somos vistas protagonizando a narrativa. Em geral, estamos sempre a serviço dela e dando suporte aos roteiros, mas nunca os lideramos. E neste momento da minha vida, eu estou pronta para liderar a narrativa. Acho que está na hora, que já passou da hora, de liderarmos uma grande bilheteria global no cinema”, apontou.
Como a ideia surgiu
De acordo com Davis, o convite para o papel foi feito em público, em 2015, durante um festival em Los Angeles. Com o aval da plateia, ela entendeu que precisava viver a líder das guerreiras no cinema. “A história chegou para mim através da [atriz] Maria Bello. Ela me apresentou a ideia do projeto quando me entregou um prêmio em 2015, em um festival no Skirball Centre em Los Angeles. Ao invés de apresentar o prêmio de uma forma tradicional, ela fez o pitch de venda do roteiro. Ela disse: ‘Vocês não adorariam ver a Viola Davis como ‘Nanisca’, a mulher rei?’. E todos aplaudiram muito. E esta foi a primeira vez que fiquei impactada com isso. Fiquei tipo: ‘Uau. É sério isso?'”, lembrou.
Fã assumido, Bruno Rocha também revisitou a carreira brilhante de Viola, que completou 33 anos de trabalho. Apesar de ser querida pelo público e já ter conquistado os maiores prêmios da atuação, ela explicou por que considera o papel em “A Mulher Rei” como “seu maior presente”.
“A personagem é tão gigantesca, e épica, e complicada… Que quando você entra em contato com ela, você sente que está indo ao encontro dessa guerreira superforte que é uma grande líder e luta com uma lâmina poderosa, que está indo para a batalha com toda uma ideia de ‘ou você luta ou você morre’, e de que, para ser uma guerreira você precisa matar as suas lágrimas, e ela subverte tudo isso. No fim das contas, você vê que ela é apenas uma mulher tentando escapar da sua dor, do seu passado, e alguém que está finalmente se curando. E é claro que isso foi algo muito atrativo para mim como atriz“, elaborou.
Eu te amo, Viola
Por fim, Bruno representou todos nós e se “declarou” para a Viola. Ele ainda levou um presente para a atriz, que se emocionou com o significado. “Você é a Viola Davis, você é capaz de fazer qualquer coisa. Você disse que orou muito [durante as gravações]. Eu trouxe um presente para você, que é relacionado a isso. Espero que você goste. Eu sei que você é uma mulher de Deus, assim como eu também sou um homem de Deus”, disse ele, entregando uma joia que simboliza o Espírito Santo. “Ai, meu Deus! Muito obrigada, é lindíssimo. Obrigada mesmo”, agradeceu Davis.
“Eu estava na expectativa de que você fosse gostar. E agora vou me atrever a pedir um presente para mim, que você assine o meu livro se for possível. E muito obrigado por este livro, ele mudou a minha vida. Quero dizer, uma mulher como você, que passou por tantas coisas, e independente delas se tornou uma potência tão grande… Muito obrigado! Eu te amo, Viola”, concluiu o jornalista, que ainda recebeu um elogio da ídola. “Eu também te amo! E amei seu tênis da Prada“, respondeu a estrela.
Vem assistir à entrevista na íntegra:
“A Mulher Rei” chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 22 de setembro. O longa também é estrelado por Lashana Lynch, Sheila Atim e Hero Fiennes Tiffin. Dana Stevens escreveu o roteiro ao lado da diretora Prince-Bythewood.
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