Marilyn Manson abusava e torturava mulheres em caixa de vidro à prova de som, diz revista; saiba detalhes

Marilyn Manson

[Alerta Gatilho!] Brian Warner, mundialmente conhecido como Marilyn Manson, tem sido alvo de uma série de denúncias de abusos e relatos chocantes do que teria feito com as mulheres com quem se relacionou. Nesta semana, uma reportagem da “Rolling Stone” revelou mais um capítulo do que seria esse filme de terror. Segundo depoimentos, o músico teria usado uma caixa de vidro à prova de som para torturar mulheres.

A revista descreve o local como uma pequena área cercada de vidro, mais ou menos do tamanho de um provador de roupas. A caixa fica no canto de um cômodo do apartamento dele, em West Hollywood, Califórnia. De acordo com as entrevistadas, ela funcionava como uma cela solitária. Manson teria usado o espaço para punir namoradas e mulheres com quem se envolveu até pelas menores “transgressões” percebidas. O apelido do ambiente era “Quarto das Meninas Más”.

O “Quarto das Meninas Más” teria sido usado para torturar algumas vítimas. (Foto: Getty)

A ex-assistente Ashley Walters, que processa o artista por abuso sexual e outros crimes, afirmou que Marilyn gostava de falar a outros sobre esse quarto. “Ele sempre tinha um tom de piada, se gabando”, contou. Já Ashley Morgan Smithline, ex-namorada que acusa Manson de abuso sexual e cárcere privado, mencionou que teria sido obrigada a passar horas na caixa de vidro.

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“No começo, ele fazia parecer algo legal. Então, ele a fez parecer algo bastante punitivo. Mesmo que eu gritasse, ninguém me ouviria”, relatou Smithline, que ainda explicou como passou a lidar com a situação. “Primeiro você briga, e ele gosta dessa reação. Eu aprendi a não lutar, porque isso dava a ele o que ele queria. Eu apenas acabava indo para outro lugar na minha mente”, completou ela.

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Várias ex-namoradas de Marilyn Manson relembraram detalhes macabros do apartamento, além da caixa de vidro. (Foto: Getty)

Uma outra ex-assistente, Ryan Brown, negou ter visto alguma mulher no “Quarto das Meninas Más” durante os oito anos que trabalhou com Marilyn. No entanto, ela confirmou que a existência do ambiente já havia sido exposta pelo roqueiro. “Era de conhecimento geral que todos chamavam [o quarto] assim”, afirmou. O próprio cantor falou sobre isso numa entrevista a uma publicação, em 2012. “Se alguma pessoa for má, eu posso trancá-la nisso, e é à prova de som”, afirmou ele na época. Até mesmo a cantora Phoebe Bridgers já comentou o assunto.

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Mais detalhes bizarros do apartamento

Pessoas que já visitaram o apartamento de Manson contaram que o imóvel é decorado com sangue, suásticas e fotos de revistas pornográficas. Os carpetes, os móveis e toda a decoração são pretos, com cortinas barrando a entrada de luz das janelas por quase 24 horas ao dia. Acima da cama, teria uma mensagem em spray escrito “AIDS”, enquanto outra pessoa comentou: “Há vaginas em todo lugar”.

Segundo a publicação, a residência também é mantida com uma temperatura bem fria, nunca acima dos 18 graus. Quando alguém mudou isso, o astro supostamente teve um acesso de raiva e destruiu móveis. Uma das ex-namoradas chamou o apartamento de “geladeira preta”, enquanto outra afirmou que seria como um frigorífico. Era esse o cenário em que Brian Warner teria cometido uma série de abusos psicológicos e sexuais contra as várias mulheres que o denunciam.

Entenda as acusações

Anos atrás, a atriz Evan Rachel Wood já havia falado publicamente sobre os abusos que teria sofrido de um ex, sem revelar o nome do agressor. Porém, na manhã de 1º de fevereiro, Wood utilizou o Instagram para divulgar a identidade do responsável pelos atos – o músico Marilyn Manson.

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“O nome do meu agressor é Brian Warner, também conhecido mundialmente como Marilyn Manson”, afirmou Evan na publicação. “Ele começou a me aliciar [grooming] quando eu era adolescente e abusou horrivelmente de mim durante anos. Eu fui submetida a uma lavagem cerebral e manipulada até a submissão”, continuou a mensagem. O termo “grooming”, utilizado pela atriz em seu desabafo — conhecido no Brasil como corrupção de menores — descreve o processo no qual o abusador constrói um relacionamento, conquista a confiança e cria uma conexão emocional com uma criança ou jovem para que possa manipulá-los, explorá-los e abusar deles futuramente.

Essa não é a primeira vez que a estrela de “WestWorld” falou sobre a violência que sofreu, mas a primeira vez que nomeou o responsável pelo crime. Em 2018, perante o Subcomitê Judiciário da Câmara da Califórnia, a atriz revelou que havia sido estuprada. “Minha experiência com violência doméstica foi a seguinte: abuso mental, físico e sexual tóxico que começou devagar, mas aumentou com o tempo, incluindo ameaças contra minha vida, gaslighting (forma de abuso psicológico com intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória e sanidade) e lavagem cerebral, acordando com o homem que alegava me amar estuprando o que ele acreditava ser meu corpo inconsciente”, disse durante a audiência.

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Mais vítimas se pronunciaram contra o cantor

As revelações de Evan causaram furor na web e, em demonstração de solidariedade, pelo menos outras doze mulheres divulgaram as próprias acusações contra Manson – quatro delas deram entrada em processos civis. Em depoimentos compartilhados por Evan no Instagram, as vítimas do artista – Ashley Walters, Sarah McNeilly, Ashley Lindsay Morgan e Gabriella – detalharam experiências angustiantes que incluíam agressão sexual, abuso psicológico e físico, coerção, violência e intimidação. Todas elas afirmam que vinham sofrendo de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (PTSD, em inglês) após suas respectivas experiências com Manson.

A atriz Evan Rachel Wood e o músico Marilyn Manson em setembro de 2007 em Nova York. (Foto de Scott Wintrow / Getty Images)

Nos prints, Ashley Walters escreveu: “Continuo a sofrer de PTSD e a lutar contra a depressão. Mantive contato com algumas pessoas que passaram por seus próprios traumas, sob o controle dele [Manson]. Enquanto todos nós lutávamos, como sobreviventes, para continuar com nossas vidas, eu continuava ouvindo histórias perturbadoramente semelhantes às nossas próprias experiências. Ficou claro o abuso que ele causou; ele continua a infligir a muitos e eu não posso ficar parada e deixar isso acontecer com os outras. Brian Warner precisa ser responsabilizado.”

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Já Sarah McNeilly revelou o medo que sente de entrar no radar do cantor novamente. “Eu tenho medo de trazer qualquer holofote sobre mim para evitar cair em sua mira novamente. Como resultado da maneira como ele me tratou, sofro de problemas de saúde mental e PTSD que afetaram meus relacionamentos pessoais e profissionais, minha autoestima e objetivos pessoais”, escreveu ela. “Eu acredito que ele estraga a vida das pessoas. Eu apoio tudo o que tem e tudo virá. Quero ver Brian responsabilizado por sua maldade”, finalizou. Ashley Lindsay Morgan e Gabriella também dividiram os distúrbios terríveis.

Esmé Bianco contou tudo o que teria vivido com Marilyn Manson, incluindo uma vez em que foi perseguida com um machado. (Fotos: Getty)

A atriz Esmé Bianco, de “Game of Thrones”, também surpreendeu ao revelar tudo o que teria vivido. Segundo a artista, Brian Warner teria lhe mordido, cortado, eletrocutado e chicoteado sem seu consentimento. Ele ainda teria a estuprado, deixado Esmé privada de sono e comida, sem falar nos frequentes abusos verbais. Um dos episódios mais chocantes foi quando Manson teria lhe perseguido com um machado empunhado. “Aquele momento foi a gota d’água para mim. [Me senti] em perigo iminente da minha vida”, contou ela à Rolling Stone, recordando como fugiu em sua tentativa de sobreviver.

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Marilyn Manson nega

Em um comunicado emitido por seu advogado, Marilyn Manson “nega veementemente toda e qualquer acusação de assédio ou abuso sexual de qualquer pessoa”. A declaração acusa as mulheres de “um ataque coordenado por antigas parceiras e associados do senhor Warner, que tornaram os detalhes mundanos da vida pessoal dele e de seus relacionamentos consensuais em uma arma”.

O astro seguiu descredibilizando os depoimentos em documentos à Justiça, nos quais afirmou que estariam tentando “desesperadamente fundir o imaginário e vocação artística de sua persona ‘rock de choque’ dos palcos, Marilyn Manson, com acusações fabricadas de abuso”.