O Ministério Público de São Paulo denunciou o médico Renato Kalil na terça-feira (25), por lesão corporal e violação psicológica no caso envolvendo a influenciadora Shantal Verdelho. A história veio à tona no final do ano passado, quando vídeos expuseram palavrões e xingamentos usados pelo obstetra no parto de Domenica, filha caçula da influencer. Já nesta quinta-feira (27), Shantal falou sobre os novos desdobramentos ao hugogloss.com.
As promotoras de Justiça Fabiana Dal’Mas e Silvia Chakian, que assinaram a denúncia, pedem que Shantal seja indenizada em R$ 100 mil por danos morais. O MP reconheceu e assinalou os indícios de um crime com violência obstétrica. “Houve não apenas abuso psicológico à vítima, como também má prática obstétrica na realização de manobras do parto, como a de Kristeller, uma forma inadequada de aceleração do processo, que não é recomendada pela OMS”, declarou Dal’Mas.
Após a posição do Ministério Público, Shantal refletiu sobre a importância dessa decisão e a necessidade do debate para a defesa dos direitos de mais mulheres. “Todo mundo nasce de um parto e é importante que as mulheres saibam que elas devem se sentir seguras durante esse processo natural da vida”, afirmou ela, que ainda desabafou sobre o que viveu. “O que eu passei, não desejo a ninguém. Até porque não é só sobre mim, esse caso é de todas as mulheres que desejam ser mães”, pontuou.
A influenciadora também espera que, futuramente, caso a filha Domenica queira ser mãe, ela tenha a garantia de que será respeitada durante o parto. “Eu tive uma menina nesse parto, e o meu maior desejo é que o dia que ela for parir, se ela for, tenha direitos protegidos por lei para que possa ter um parto digno e respeitoso. Infelizmente, não temos essa cobertura atualmente”, concluiu Verdelho.
Denúncias de violência obstétrica no parto de Shantal
Shantal deu à luz a Domenica, sua filha caçula com Mateus Verdelho, em setembro de 2021, em um dos principais hospitais de São Paulo. Contudo, o momento especial passou longe de ser agradável… No final do ano, vídeos vazados na internet mostraram humilhações e xingamentos ditos pelo obstetra Renato Kalil durante o parto. O médico foi acusado de cometer violência obstétrica, enquanto outras mulheres deram seus relatos e também denunciaram o profissional. A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar o caso.
Já em janeiro deste ano, Shantal deu um forte relato ao ‘Fantástico‘, quando reiterou suas denúncias contra Kalil e detalhou o que teria vivido no nascimento da filha. Ela havia optado por um parto humanizado, no entanto, a experiência acabou sendo traumática e cheia de dor. “Entrei em trabalho de parto, fiquei em casa tendo os primeiros sinais, as primeiras contrações. Foram 48 horas que eu fiquei no hospital. Eu acho que foi um trabalho de parto de aproximadamente umas 12 horas. Ele chegou somente nas duas horas finais que foi quando mudou o clima assim, ele chegou muito apressado”, recordou.
Shantal no Fantástico – Parte 1 pic.twitter.com/XvqEkHaHlh
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Kalil ainda sugeriu – a Mateus – a realização de uma episiotomia, procedimento cirúrgico no períneo, região entre a vagina e o ânus, que facilitaria a passagem do bebê. “Eu não entendi o porquê de tamanha pressa e aquela agonia toda. E ficava insistindo para o Mateus para que fosse feita a episiotomia num tom como se: ‘Olha aqui vai rasgar aqui’. É onde a gente teria relações no futuro. ‘Então, é melhor eu dar um pique aqui é melhor eu dar uma cortadinha aqui’. Ele fica falando isso para o Mateus como se eu não tivesse ali, e como se a decisão não fosse minha”, lamentou Shantal.
“Não tinha a menor necessidade de ele tentar me rasgar com as mãos e isso é feito várias vezes. Ele basicamente faz o parto inteiro fazendo esse movimento com a minha vagina, tentando abrir ela. Já que ele não teve o corte, ele tenta com as mãos”, relatou a jovem. Ainda segundo Shantal, nem ela, nem o marido, o modelo Mateus Verdelho, se deram conta da gravidade da situação, até assistirem ao vídeo do parto.
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“Quando a gente viu o vídeo foi que caiu a ficha mesmo. A primeira atitude que a gente tomou foi de mandar ele para o Kalil e mostrar em todas as partes onde a gente se sentiu agredido. Ele me deu uma resposta debochada e me bloqueou no WhatsApp. Ou seja, ele me calou, inclusive. Só que vendo todos os relatos que foram aparecendo depois de histórias iguais e muitas histórias muito piores, eu vi que realmente o buraco era mais embaixo”, contou ela.
Mesmo traumatizada com tamanha violência, a influencer revelou que pretendia ressignificar o momento do parto. “Fiquei muito abalada emocionalmente quando aconteceu. Eu fui lá para o fundo do poço e agora estou ficando forte. Estou ressignificando a história e, talvez, eu consiga salvar várias mulheres”, refletiu.
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Durante a atração, a equipe do dominical da TV Globo também conversou com outras mulheres que dizem ser vítimas de Kalil e o acusam de violência sexual. Relembre a reportagem na íntegra.
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