Coração aberto! Durante uma live no Instagram do arquiteto Mauricio Arruda, na sexta-feira (25), o apresentador Marcelo Cosme fez um relato bem sincero sobre como descobriu que era homossexual, e a relação que tem hoje em dia com sua família. Na transmissão, que também contou com a presença da youtuber Alexandra Gurgel e da vereadora Erika Hilton (PSOL), o jornalista explicou que só foi ficar com um homem pela primeira vez aos 28 anos de idade.
“Eu morei com os meus pais até os 24 anos, no interior do Rio Grande do Sul, em uma cidade que se chama Rio Grande. Fui para Porto Alegre depois, fiquei dois anos, e aí fui para Brasília. E quando eu fui pra lá, depois de dois anos, tive coragem de ficar com o primeiro homem. E aí começa aquela coisa: eu conto pros amigos, tenho vida dupla, você não admite [para si mesmo] e acaba sendo o hétero do rolê”, revelou o jornalista.
Com o passar dos anos, Marcelo conseguiu se abrir para as irmãs e para seu filho, Eduardo Cosme, de 21 anos, fruto de uma relação passada. Seus pais foram os últimos a descobrirem. “E eu contei pra minha mãe, e só fui contar para o meu pai há dois anos. Eu nunca escondi nada sobre isso publicamente, mas de uns tempos pra cá tomou uma proporção maior. As pessoas saberem que eu sou gay pra mim não faz a mínima diferença”, disse. O apresentador explicou que a recepção do pai não foi das mais calorosas. “Ele só disse: ‘Oh, tudo bem, mas eu não quero falar sobre esse assunto’. E a gente não conversou mais sobre esse assunto, ele respeita e tá tranquilo”, adiantou.
Em relação à mãe, as coisas não poderiam estar melhores. Cosme explicou que ela tem uma relação próxima com seu namorado, o médico Frankel Brandão. “Se bobear, tem dias que minha mãe fala mais com meu namorado do que eu mesmo”, divertiu-se. E o jornalista desabafou por qual motivo essa relação aberta e sincera tem um valor tão importante para ele.
“Depois que eu comecei a me relacionar com homens, toda vez que eu brigava com algum namorado ou simplesmente queria conversar, eu sentia vontade de falar com a minha mãe. E eu não podia. Isso era muito ruim. Pouco depois que eu contei para ela, o meu namoro acabou. E eu finalmente podia dividir com ela as minhas angústias e o que eu tava passando. Me fez bem, sabe? Eu não pude durante 15 anos fazer isso. Eu sentia muita falta de dividir com a minha família o que eu estava vivendo, eu viajava de férias com um namorado e tinha que dizer que era um amigo”, recordou.
Como a live tinha como foco as experiências de pessoas LGBTQIA+ dentro do contexto familiar, de suas casas, Marcelo Cosme refletiu o quanto foi importante poder se mudar e morar sozinho para descobrir finalmente sua orientação sexual. “A minha casa me limitou durante muito tempo… Eu sou de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul e aquilo não era admissível. Eu só fui ficar com um homem em Brasília quando morava sozinho. Por morar sozinho, acabava facilitando. Depois que você mora longe da família, você se permite. E foi por morar longe da família que eu pude me experimentar e ter a certeza que eu sou assim, e ponto, não tem problema”, constatou.
“Eu fiquei reprimido durante 28 anos por morar muito perto da minha família. Ir para Brasília me deu uma segurança muito maior, porque eu lembro de me esconder até de mim mesmo no início. Eu me escondia de mim, dos meus amigos, e hoje em dia eu não me escondo de ninguém. Pelo contrário. Na adolescência e no início da fase adulta, eu fui muito no automático. A sociedade fala que você tem que namorar, que você tem que transar com mulher e você vai no automático”, analisou Marcelo Cosme em outro trecho.
Confira os relatos de Marcelo Cosme a partir de 24’40:
Ver essa foto no Instagram