Mulher trans é queimada viva em Recife e tem braço amputado; Whindersson Nunes desabafa sobre o caso e revela envio de bilhete: “Me corta o coração”

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Nas vésperas do dia do Orgulho LGBTQIA+, a dura realidade de intolerância e violência em nosso país contra a comunidade se faz ainda mais presente. Não bastasse a morte precoce e cruel de Gabriel Garcia, aos 22 anos, outro caso chocou a população. Uma mulher trans de 33 anos, identificada como Roberta, teve 40% do corpo queimado e um braço amputado, após um adolescente atear fogo contra ela próximo ao Cais de Santa Rita, no Recife. A história causou revolta na web, e chegou ao conhecimento de Whindersson Nunes, que fez questão de acompanhar a situação de perto.

De acordo com a Polícia Militar de Pernambuco, na madrugada de quinta-feira (24), oficiais realizavam um patrulhamento próximo ao Terminal de Ônibus do Cais de Santa Rita, pouco depois da meia-noite, quando foram acionados por populares devido a uma tentativa de homicídio. Ao chegarem no local, encontraram Roberta com o corpo em chamas.

Posteriormente, a Polícia Civil declarou que o responsável pelo crime era um adolescente, que ainda tentou fugir, mas foi apreendido e autuado em flagrante. Ele foi encaminhado para a Unidade de Atendimento Inicial (Uniai) da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) e enquadrado no “ato infracional análogo a homicídio doloso tentado”.

O G1 teve acesso ao Boletim de Ocorrência do caso, e relatou que as testemunhas afirmaram que o rapaz estava com a vítima dentro de um barraco de lona e ateou fogo diretamente em Roberta para fugir em seguida. No registro consta ainda que a mulher não tinha documentos e está em situação de rua. A codeputada do mandato coletivo “Juntas”, Robeyoncé Lima (PSOL), está acompanhando o caso e afirmou para o portal que o crime foi motivado por LGBTfobia.

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“Consegui falar com a vítima, Roberta. Ela está consciente, […] com queimaduras de terceiro grau da cintura para cima. Segundo ela, [o ataque] foi por questões de preconceito e discriminação. […] LGBTfobia com relação a identidade de gênero e orientação sexual dela”, declarou. O caso também tem sido acompanhado pela Coordenadoria de Promoção de Direitos da População LGBT do estado, que monitora a investigação junto à Secretaria de Defesa Social (SDS).

“Segundo ela, a família mora em Jaboatão [na Grande Recife] e as autoridades estão tentando contato com família. Apesar de ela ter família lá, ela estava morando na rua ali perto de onde aconteceu o fato”, completou Lima, que posteriormente confirmou o contato com os parentes e que eles já estavam acompanhando Roberta.

No Twitter, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), disse que determinou que a Secretaria de Desenvolvimento Social do município faça o acompanhamento e “dê a assistência necessária à mulher trans vítima dessa tentativa de homicídio“. “O que aconteceu é intolerável, atinge a todos e todas nós, comprometidos com a causa dos direitos humanos e do enfrentamento à qualquer tipo de violência e preconceito”, compartilhou.

Na manhã deste domingo (27), o Hospital da Restauração, onde Roberta está internada, informou que ela precisou ter um dos seus braços amputados devido à gravidade dos ferimentos causados pelo fogo. A unidade de saúde não especificou qual dos membros precisou ser removido durante a cirurgia, que foi realizada ontem. A vítima está intubada e seu estado é considerado grave. O boletim médico ainda detalhou que Roberta deu entrada na instituição apresentando lesões no tórax, abdômen, mãos e braços.

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Repercussão

No sábado, Whindersson Nunes, que estava afastado das redes sociais desde o falecimento do seu filho João Miguel, apareceu no Twitter para se manifestar sobre o caso. “Esse assunto me toca porque tenho uma amiga trans que falou de Jesus pra mim muito bonito quando eu tinha perdido a fé, e esse amor voltou, não me importo com o que você acha, mas me importa que toda vez que eu penso nela tenho medo que alguém faça algo assim DO NADA, porque é uma realidade”, escreveu.

Apesar de estar em São Paulo, o humorista disse que tentou entrar em contato com Roberta de alguma forma, e adiantou o estado de saúde dela para o público. “Um amigo foi deixar umas flores e um bilhete meu para Roberta, a travesti que foi queimada ontem em Recife, ela não pode ler o bilhete, nem receber as flores, ela tá entubada indo amputar o braço esquerdo e avaliando a amputação do braço direito, me corta o coração mais do que já está”, lamentou.

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Durante uma live neste sábado, a cantora Urias dedicou a música “Andar em Paz” para Roberta. “Essa semana, uma pessoa trans foi queimada viva em Recife. Essa semana eu fui queimada viva! E é por isso que eu queria dedicar essa música que me faz tanto sentido nesta situação para as pessoas que estão em vulnerabilidade. Para as pessoas trans que estão em vulnerabilidade. Quase todas nós, não é mesmo? Gostaria de trazer isso pra reflexão de todo mundo, entendeu?! É muito sério!”, afirmou.