Na noite dessa terça-feira (22), a revista “Time” divulgou sua tradicional lista das 100 pessoas mais influentes do ano, destacando músicos, políticos, artistas do cinema e da TV, esportistas, empresários e filantropos. Em 2020, o Brasil marcou presença na seleção com figuras antagônicas: o youtuber e empresário carioca Felipe Neto e o presidente da república Jair Bolsonaro.
Com discursos díspares, os dois também tiveram apresentações bem distintas. Enquanto Felipe Neto foi descrito pelo jornalista e deputado federal David Miranda como “o mais importante influenciador digital do Brasil e, possivelmente, do mundo”, Jair Bolsonaro foi evidenciado pelo editor internacional da revista, Dan Stewart, como “o presidente cujo ceticismo teimoso sobre a pandemia e a indiferença à espoliação ambiental elevou os números [de tragédias]”.
No texto de apresentação do Neto, David Miranda contou a história de como ele passou a criar vídeos para o Youtube de sua humilde casa no Rio de Janeiro sobre assuntos como videogames, celebridades e garotas para uma audiência adolescente. “Mas, com a eleição de 2018 do presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro e o empoderamento do movimento proto-fascista, Neto, arriscando sua marca e segurança, remodelou sua popularidade para se tornar um dos opositores mais efetivos de Bolsonaro”, escreveu o jornalista.
Felipe, que entrou para a categoria de “Ícones” da lista, ainda foi elogiado pela gravação em que denunciava outros influenciadores que não se pronunciavam politicamente e ainda pelo vídeo que fez para o “The New York Times” sobre Bolsonaro ser o líder mais destrutivo na pandemia da Covid-19. “Quando Felipe Neto fala, milhões escutam. E agora sua certa voz politizada ressoa fortemente em um país cuja democracia está em perigo”, finalizou Miranda.
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O texto de Bolsonaro começou evidenciando a história do Brasil neste ano em números. “137 mil vidas perdidas para o coronavírus. A pior recessão em 40 anos. Pelo menos cinco ministros demitidos ou que se demitiram do Gabinete. Mais de 29 mil incêndios na floresta Amazônica apenas em agosto. Um presidente cujo ceticismo teimoso sobre a pandemia e a indiferença à espoliação ambiental elevou esses números”, declarou o editor da Time, destacando que a influência nem sempre é positiva.
Em seguida, ele expôs a contradição de que, mesmo com tudo isso, 37% da sociedade brasileira aprovou o trabalho do presidente em uma pesquisa no fim de agosto, a marca mais alta desde que ele assumiu o cargo no começo de 2019. “A aprovação de Bolsonaro é em parte devido ao auxílio emergencial mensal feito para os mais pobres durante a pandemia. Mas também reflete os seguidores fervorosos que ele comanda. Para a base dele, ele simplesmente não erra. É o resto do Brasil, e do mundo, que é deixado para calcular os custos”, concluiu Dan Stewart.
A lista da “Time” é organizada em cinco categorias, “Pioneiros”, “Artistas”, “Líderes”, “Titãs” e “Ícones”, e sempre convida outras personalidades para falarem sobre os influentes escolhidos. Em 2020, a rapper Megan The Stallion, por exemplo, foi um dos destaques de “Pioneiros”, descrita por Taraji P. Henson. “Eu não gosto de colocar o estigma da palavra ‘forte’ em mulheres negras porque eu acho que isso nos desumaniza, mas ela tem força – força através da vulnerabilidade”, explicou a atriz.
The Weeknd foi selecionado como uma das capas da revista física, como representante dos “Artistas”. “Ele não está interessado em músicas comerciais por questões financeiras, mas é um dos maiores artistas de streaming no Spotify. Como o Prince, ele marcha em seu próprio ritmo. Essa é uma maneira exemplar de ser artista”, exaltou Elton John. Selena Gomez também recebeu uma apresentação impactante de America Ferrera. “Selena corajosamente usa sua plataforma global a serviço de sua identidade completa. Ela é um símbolo de sua geração poderosa, que rejeita claramente a noção de que eles pertencem a uma única faixa como artistas, ativistas ou cidadãos do mundo”, sintetizou.
J Balvin foi outro que marcou presença na categoria, representando os latinos. “Eu o vi se tornar um dos maiores artistas do Spotify e do Youtube globalmente, com o apelido de ‘Príncipe do Reggaeton’, suas músicas tocarem mais de 42 bilhões de vezes, tudo isso enquanto continuava verdadeiro com si mesmo, constantemente animando e apoiando seus amigos, e sonhando alto. Ele abriu as portas para artistas latinos de todos os lugares ao fazer o mundo ouvir e se apaixonar por nossa cultura, nossos sons e nosso espírito”, declarou Camila Cabello sobre o astro.
A seção de “Artistas” ainda trouxe Ali Wong por Chrissy Teigen; Michael B. Jordan, descrito por Denzel Washington; Jojo Siwa em um texto poderoso de Kim Kardashian; Halsey apresentada pelos meninos do BTS; Phoebe Waller-Bridge com uma descrição literária feita por Taylor Swift; além de Jennifer Hudson, Yo-Yo Ma e Bon Joon Ho, descritos, respectivamente, por Mary J. Blige, Stevie Wonder e Tilda Swinton.
Junto a Bolsonaro, Donald Trump, como esperado, apareceu entre os “Líderes”, enquanto Gabrielle Union, Tyler Perry e Lewis Hamilton foram escolhidos como “Titãs”. Os “Ícones” ainda incluíram as fundadoras do movimento “Black Lives Matter”, o astro Billy Porter e a professora e filósofa Angela Davis. Para conferir a lista na íntegra, com os textos de cada um, clique aqui.