Quase um ano após ser alvo de uma série de acusações, Joss Whedon quebrou o silêncio. Em entrevista à New York Magazine, divulgada hoje (17), o diretor rebateu os relatos de que teria tido um comportamento abusivo e tóxico nos sets de “Liga da Justiça”, e das séries “Buffy, A Caça-Vampiros” e “Angel”. Gal Gadot e Ray Fisher reagiram às novas falas do cineasta.
Em maio do ano passado, Gal confirmou que viveu uma experiência negativa com o diretor. “Eu tive meus problemas com o Joss e eu lidei com eles. Ele meio que ameaçou minha carreira e disse que, se eu fizesse algo, ele se asseguraria de que minha carreira seria miserável“, contou ela ao Israeli TV. Já em outubro, em entrevista à revista Elle, ela voltou a falar de como ficou ofendida pela maneira como foi tratada. “Ele teria me dito o que disse se eu fosse um homem? Eu não sei. Nunca saberemos. Mas meu senso de justiça é muito forte. Eu fiquei chocada com a maneira que ele falou comigo. Mas tanto faz, já foi. São águas passadas“, desabafou.
Agora, Joss alegou que nunca ameaçou a estrela de “Mulher-Maravilha”. “Eu não ameaço as pessoas. Quem faz isso?”, disse ele à revista. O diretor, que foi alvo de uma investigação por má conduta no local de trabalho, ainda usou a nacionalidade de Gal para tentar “justificar” a situação. “Inglês não é a primeira língua dela, e eu tendo a ser irritantemente rebuscado na minha oratória”, acrescentou.
Além de alfinetar a linguagem da atriz israelense, Whedon falou que Gadot não entendeu bem uma discussão que eles tiveram, envolvendo uma cena em que a heroína dela estava nos trilhos de um trem. “Então me contaram que eu disse algo sobre o corpo dela morto e sobre amarrá-la numa linha de trem”, afirmou ele. Gal, por sua vez, reagiu às falas de maneira simples e direta. “Eu entendi perfeitamente”, disse ela em um e-mail à publicação.
Ataques a Ray Fisher
O intérprete de Ciborgue em “Liga da Justiça”, Ray Fisher, também havia feito duras queixas à postura de Joss com o elenco. “O tratamento de Joss Whedon com o elenco e a equipe de ‘Liga da Justiça’ foi grosseiro, abusivo, não profissional e completamente inaceitável. Ele foi permitido, de várias maneiras, por Geoff Johns e Jon Berg“, apontou ele em 2020, citando os produtores do longa. A Warner chegou a abrir uma investigação interna, mas acusou o ator de não colaborar com as averiguações – o que o astro negou, expondo prints de trocas de emails, alegando que apenas queriam tirar seu crédito.
Ao falar sobre o caso hoje, Whedon não poupou suas críticas. O cineasta declarou que nenhuma das afirmações de Fisher “são verdadeiras ou merecem discussão”. Joss negou que a pele do Ciborgue teria sido escurecida na produção, e também afirmou que só teria sido cortado o tempo de tela do personagem porque “logicamente não fazia sentido”. “Nós estamos falando de uma força malévola. Nós estamos falando de um ator ruim em ambos os sentidos”, detonou o diretor ao falar sobre Ray.
No Twitter, Fisher veio a público comentar o novo desdobramento do caso e já declarou que o diretor estaria mentindo. “Parece que o Joss Whedon conseguiu dirigir um ‘Ultimato’ depois de tudo… Ao invés de falar de todas as mentiras e palhaçadas hoje, eu vou celebrar o legado do reverendo Dr. Martin Luther King Jr. Amanhã o trabalho continua”, disse ele no Twitter.
Looks like Joss Whedon got to direct an endgame after all…
Rather than address all of the lies and buffoonery today—I will be celebrating the legacy of Reverend Dr. Martin Luther King Jr.
Tomorrow the work continues.#MLKDay
A>E
— Ray Fisher (@ray8fisher) January 17, 2022
Joss Whedon nega acusações graves de Charisma Carpenter
Meses após ficar comovida com o depoimento de Fisher, a atriz Charisma Carpenter, conhecida no Brasil pelo seu trabalho nas séries “Buffy: A Caça-Vampiros” e “Angel”, também fez denúncias sobre o comportamento de Joss Whedon nas produções. Em um extenso desabafo, ela disse ter carregado traumas dos abusos psicológicos por mais de 20 anos. A artista acusou o showrunner de ser “mau e mordaz”, afirmou que ele fazia “joguinhos” psicológicos, e até interferiu em questões pessoais sobre o corpo dela – como quando teria questionado se ela não abortaria sua gravidez.
“Ele criou ambientes de trabalho hostis e tóxicos desde o início de sua carreira. Eu sei porque experimentei em primeira mão. Repetidamente. Como suas contínuas ameaças passivo-agressivas de me demitir, o que destrói a autoestima de um jovem ator. E insensivelmente me chamando de ‘gorda’ para os colegas quando eu estava grávida de quatro meses”, recordou ela na época.
— charisma carpenter (@AllCharisma) February 10, 2021
Para a New York Magazine, Joss admitiu que passou do ponto quando dirigia as série “Buffy” e “Angel”. “Eu gritei e algumas vezes você tinha de gritar. Aquele era um elenco muito jovem [em Buffy], e era fácil que qualquer coisa se tornasse uma festa”, refletiu ele. O cineasta também reconheceu: “Eu não era educado”.
Apesar de dizer que o trabalho com Charisma não teria sido ruim, ele ainda soltou alfinetadas para ela. “A maior parte das minhas experiências com Charisma foram agradáveis e encantadoras. Ela sofria algumas vezes com as falas dela, mas ninguém conseguia reproduzir uma piada melhor do que ela”, declarou. Joss também negou ter chamado a estrela de gorda quando ela estava grávida. “Eu não a chamei de gorda. É claro que não chamei”, afirmou.
Leia e relembre o desabafo de Charisma Carpenter na íntegra, clicando aqui.