“Pantanal” tem feito sucesso com diferentes gerações. Marcos Palmeira, presente nas duas versões da novela, fez uma grande reflexão sobre as mudanças nos bastidores da atração, especialmente nas cenas de nudez da trama das 21h, durante uma entrevista divulgada pelo Jornal O Globo, nesta quarta-feira (3).
Por mais que entenda as atualizações do remake, o intérprete de José Leôncio viu retrocesso na adaptação da obra original, que prefere focar no sex appeal dos peões do que nas mulheres nuas. “A gente deu uma encaretada nesse sentido. Quando fizemos a novela há 30 anos, ficávamos realmente nus, homens e mulheres. Tínhamos uma relação mais livre com o corpo”, apontou.
No entanto, o antigo Tadeu — hoje papel de José Loreto — afirma que essas renovações são importantes. “Tem um lado chato porque toda transformação é chata”, disse o ator. “Aí, dizem: ‘Ah, politicamente correto demais’. O fato é que não dá mais para brincar com as questões da sexualidade, do negro… A gente tem que se responsabilizar, se livrar do machismo ancestral e do racismo estrutural”, completou.
Mas não foi apenas nas telinhas que vimos uma transição. Palmeira também percebeu isso em sua vida pessoal, desabafando sobre como foi voltar ao enredo quase três décadas depois. Para ele, a maior dificuldade foi aceitar o envelhecimento e encontrar o tom do patriarca dos Leôncio. “Eu me toquei que estava lendo o texto da novela como se ainda fosse o Tadeu e tivesse 27 anos. Daqui a pouco, vou fazer 60 anos! Nem parei para pensar nisso ainda. A gente não se sente assim, né? Se não olha no espelho, ninguém se sente velho”, contou.
Casado com a diretora Gabriela Gastal desde 2016, o astro também questionou o rótulo de galã que recebeu — e continua recebendo: “O que isso me trouxe, o que tem de real disso em mim e o que estou fazendo em função do que os outros esperam de mim, sabe? Quem eu sou dentro disso tudo?”.
Assim que acabar “Pantanal”, Marcos já possui uma agenda lotada! Ele irá gravar a série “A era dos humanos” para o Globoplay, além de estrear na direção com o seriado “Dezamores”, parceria com sua esposa. O ator também se prepara para lançar o longa “O barulho da noite”, de Eva Pereira, no Festival do Rio.
Sempre levantando a questão do meio ambiente presente na atração da TV Globo, o protagonista concluiu que “Pantanal” é “uma novela de personagens carentes e inseguros”, onde não há ninguém que seja apenas herói ou vilão: “É todo mundo meio errado. Isso pega o público, porque vai na questão humana. Mas acho que o principal é o resgate da dramaturgia. Tem gente que diz que as novelas estão fadadas ao fracasso, mas, quando se tem uma boa história, as pessoas param para assistir”.