O processo movido por Meghan Markle e Harry contra o tabloide britânico Sunday on Mail, pelo veículo publicar uma carta pessoal enviada pela duquesa de Sussex ao pai, tem feito com que suas intimidades sejam expostas de forma ainda mais pública. Nesta segunda-feira (20), veio à tona o conteúdo das mensagens enviadas pelo casal para Thomas Markle alguns dias antes do casamento real, em 2018.
Os textos foram anexados nos documentos pela defesa de Meghan com o intuito de mostrar até que ponto ela e o marido mantiveram contato com Thomas na época do enlace. “Tom, é Harry e eu vou ligar para você agora. Por favor, atenda, obrigado”, pede o príncipe no início de uma das conversas.
Sem resposta, ele insiste: “Tom, Harry de novo! Realmente preciso falar com você. Você não precisa se desculpar, entendemos as circunstâncias, mas ‘tornar público’ [que você não irá ao casamento] apenas tornará a situação pior. Se você ama Meg e quer consertar as coisas, ligue para mim, pois há duas outras opções que não envolvem você ter que falar com a mídia, que criou acidentalmente toda essa situação. Então, por favor, me ligue para que eu possa explicar. Meg e eu não estamos com raiva, só precisamos falar com você. Obrigado”.
O duque segue alertando o sogro que contar sobre a vida privada da família para a imprensa não seria a melhor decisão. “Ah, se falar com a imprensa sair pela culatra, confie em mim, Tom. Só nós podemos ajudá-lo, como tentamos desde o primeiro dia”, escreveu.
Ao contrário do que Thomas tornou público, as mensagens pedem um diálogo saudável com ele, e não constam nenhuma imposição sobre suas decisões. “Estive tentando entrar em contato com você o fim de semana inteiro, mas você não atende nenhuma das nossas ligações ou responde a nenhuma mensagem de texto”, lamenta Meghan no início de um texto. A mãe do pequeno Archie tenta encontrar uma forma de ajudar o pai após descobrir, por meio da imprensa, que ele sofreu um ataque cardíaco.
“Muito preocupada com sua saúde e segurança e tomando todas as medidas para protegê-lo, mas sem saber o que mais podemos fazer se você não responder… Precisa de ajuda? Podemos enviar a equipe de segurança novamente? Lamento saber que você está no hospital, mas preciso que você entre em contato conosco. Em que hospital você está?”, pergunta a filha.
Após descobrir que o pai estava sendo “assediado” pela mídia com fotos de paparazzi e pedidos de entrevista, a duquesa tomou a iniciativa de enviar seguranças para o local que o pai estava, mesmo sem ele responder suas tentativas de contato. “Harry e eu tomamos uma decisão hoje cedo e estamos despachando os mesmos seguranças que você recusou neste fim de semana para estarem presentes e garantir que você está seguro… Eles estarão à sua disposição assim que você precisar. Por favor, ligue assim que puder… Tudo isso é incrivelmente preocupante, mas sua saúde é mais importante”, encerra a mensagem.
Entenda o processo
Harry e Meghan Markle acionaram judicialmente o jornal Mail On Sunday e a empresa que o administra por mau uso de informação privada, violação de direitos autorais e violação da Lei de Proteção de Dados de 2018 ao publicarem uma carta que Meghan havia escrito para o pai.
“Iniciamos um processo judicial contra o Mail on Sunday e sua empresa controladora Associated Newspapers, por causa da publicação intrusiva e ilegal de uma carta privada escrita pela duquesa de Sussex, que faz parte de uma campanha desse grupo de mídia para publicar informações falsas e histórias deliberadamente depreciativas sobre ela e o marido”, dizia o comunicado do porta-voz dos duques.
Em fevereiro de 2019, a People publicou uma matéria com amigos de Meghan que a defendiam das manchetes que sujavam sua reputação. Em outubro, Thomas leu o artigo da revista e sentiu a necessidade de liberar partes da carta com o intuito de “se defender”. “O pai tinha o direito de contar sua versão do que havia acontecido entre ele e sua filha, incluindo o conteúdo da carta”, afirmou o jornal Mail on Sunday, pelo The New York Times.
No mês de janeiro deste ano, os advogados de defesa do tabloide britânico incluíram Thomas Markle como uma pessoa que “teria muitas evidências” a respeito da publicação da carta, o colocando como uma possível testemunha a favor do jornal e contra Meghan.
O processo teria incluído mensagens de texto que Thomas trocou com a filha às vésperas do casamento real. Segundo a defesa, a última mensagem que ele recebeu foi “advertindo-o por conversar com a imprensa, dizendo-lhe para parar e o acusando de causar dano à filha“. O texto foi assinado “Com amor, M e H” e, de acordo com o patriarca, “não o questionavam sobre seu estado de saúde em nenhum momento”.
A defesa do Mail on Sunday argumenta que existe um interesse “gigantesco e legítimo” na vida dos membros reais — e, por isso, eles tinham o direito de publicar a carta. “Existe um interesse público na família real, nas suas atividades, conduta e padrões de comportamento de seus membros. Isso se estende não apenas à conduta pública, mas também às relações pessoais e familiares, porque são parte integrante do bom funcionamento da monarquia”, alegaram.