Em entrevista que foi ao ar ontem (22), no “Domingo Espetacular”, Sérgio Reis se desculpou pelos áudios que culminaram num mandado de busca e apreensão solicitado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta (20). Nos registros que circularam na web, o cantor dizia que encabeçaria um ato em Brasília defendendo o voto impresso, afirmando ainda que caminhoneiros, financiados por produtores de soja, parariam o país em setembro, caso o Senado não afastasse ministros do STF de seus cargos.
“Eles vão receber um documento assim: ‘vocês têm 72 horas para aprovar o voto impresso e para tirar todos os ministros do Supremo Tribunal Federal. Não é um pedido. É uma ordem! […] Se em 30 dias não tirarem os caras, nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Se eles não atenderem ao nosso pedido, a cobra vai fumar”, mencionou, em trecho do registro que atenta contra instituições democráticas.
Em conversa com Roberto Cabrini, o músico de 81 anos declarou que a repercussão da história o deixou muito abalado e afetou sua saúde física e mental. “Fui massacrado esses dias, nunca me telefonaram tanto na vida. Não estava bem física e emocionalmente para dar entrevista, porque estou triste”, comentou ele, que aproveitou para lamentar seus atos e palavras.
“Eu errei, cara, quem que não erra, quem não faz uma bobagem um dia? Não me arrependo de nada, só essa frase infeliz que brinquei com um amigo e vazou, mas não é a realidade. Se eu falei, foi brincando”, continuou, referindo-se à suposta invasão ao Senado.
Diante de uma insistência do jornalista no tema, Reis se mostrou arredio e, irritado, avisou que não iria mais conceder a entrevista caso o assunto se alongasse. Mais tarde, com os ânimos já acalmados, o artista voltou a responder as perguntas do repórter e declarou que mesmo não merecendo receber um possível mandado de prisão, o aceitaria, caso essa seja a decisão das autoridades.
“Eu errei e quero me redimir com esse povo, pedir desculpas até mesmo pro Supremo. Se tiver algum pedido para me prender, aceito com respeito. Não saí daqui, não me escondi. Se 6h da manhã vier a Polícia Federal aqui em casa, eu me entrego, paciência, eu não matei ninguém”, frisou.
Questionado sobre o que o incomoda no Supremo Tribunal e se respeita a autoridade dos ministros, Sérgio avaliou: “Eles tomam atitudes e acham que são donos do país, fazem coisas que incomodam. São soberanos, mas até onde vai, não sei. Sou democrata, sou do bem, do amor, uma pessoa que só pensa no bem dos outros, e estão me tratando como bandido, e eu não sou bandido. […] O Senado não faz nada, não concordo com eles. Mantenho o apoio à greve, só não quero agressão”.
Reis atribuiu as ameaças e fúria nos vídeos a um momento de desequilíbrio, e concordou com quem tem classificado esta como sendo uma atitude senil. “O que eu falei está errado. Posso até não ser gagá, mas falei como um velho gagá. Se os ofendi, que me perdoem como ser humano e também com respeito ao cargo de vocês. Respeitem o povo também, só peço isso”, observou ainda, nominando os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF.
Ainda na conversa, o cantor negou a acusação de que teria fundado uma cooperativa no Pará, com intuito de viabilizar exploração mineral em terras indígenas. “Não tem nada a ver. Fui para Brasília receber os índios que são meus amigos. Esses bobos ficam falando que tenho sociedade com os índios da cooperativa, mas não tenho nada a ver com isso”, garantiu, a respeito do caso que vem sendo investigado pelo Ministério Público Federal.
Por fim, o artista classificou como sendo mentirosa a informação de que o Governo teria custeado sua prótese peniana, implantada devido a problemas causados pelo diabetes e por um AVC sofrido em 2018. “Fui eu que paguei, não posso tomar medicação e preciso namorar com minha mulher”, falou, na presença da cantora Ângela Bivar, com quem é casado há 16 anos. Confira a entrevista na íntegra: