Nesta quarta-feira (7), Tiago Leifert respondeu um texto que Walter Casagrande Jr escreveu para a sua coluna no UOL. No artigo, o ex-atleta acusava o jornalista de tentar sabotá-lo em uma revista, além de destratar chefes da TV Globo. Em postagem nas redes sociais, o apresentador rebateu as críticas, mas reiterou que escreveu a mensagem em “missão de paz”.
“Casagrande: não te conheço direito, mal conversamos na vida, não temos nenhuma intimidade e por isso não tenho nem nunca tive seu telefone. Espero que chegue em você”, iniciou Leifert. “O que você escreveu sobre mim na sua coluna não é verdade e você sabe. Eu nunca destratei nenhum chefe (deles eu tenho o telefone!), falo com todos e tenho relação ótima com todos. Quando saí da Globo ano passado, fui homenageado ao vivo no horário nobre (outra coisa que não temos em comum). Tanto é que estou lá no Esporte de novo! Me chamaram para voltar, estou na mesma redação e com a mesma turma“, pontuou.
Ele, então, afirmou que a versão de Casagrande sobre uma suposta puxada de tapete não tem qualquer procedência. “Se você tem alguma prova, data, hora, email, fico no aguardo. Eu nunca tentei te prejudicar, jamais faria isso com você ou qualquer pessoa. A história que você conta não tem sentido algum: você sempre foi o comentarista número 1 da Globo, sempre nas maiores viagens, nos melhores jogos, nunca ninguém te prejudicou. E nós não trabalhamos juntos, certo? Eu nunca tive nenhuma ingerência sobre sua escala ou de qualquer narrador ou comentarista, nunca fui chefe de redação, nunca fui diretor. Mal nos encontramos, mal nos falamos, nunca sequer estivemos em uma sala de reunião juntos, se dividimos um ‘ao vivo’ três vezes na vida foi muito“, declarou.
“A revista que você citou eu saí porque quis em 2018 e você não fez parte da decisão. Aliás, me dou tão bem com o pessoal lá que fui capa ano passado e eleito homem do ano na categoria televisão“, disse, em outro trecho. Ele ainda avisou: ” Você não fez e não faz parte de nada da minha carreira, nem eu da sua“.
“Nós discordamos em várias coisas sobre a vida e a bola, e isso é do jogo. Você acha que não precisamos do Neymar para o Hexa, eu discordo bastante, e ambos vocalizamos isso. É a bola! Faz parte da resenha esportiva. Temos outras discordâncias, supernormal. De resto, o que você escreveu de mim é falso, numa prática que me parece ser o oposto de tudo que você prega“, finalizou. Leia:
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Depois da resposta de Tiago, Casagrande voltou à sua coluna para falar, “pela última vez“, sobre seu aparente desafeto. “Caro Tiago Leifert, como você pode dizer que nunca trabalhamos juntos, se quando voltei depois da minha internação, em 2009, fizemos o GE todas às sextas-feiras, por exigência do saudoso Marco Mora? O Mora nos chamou na sala dele e deu essa ordem, porque você só queria o Caio Ribeiro (e quero deixar claro que o Caio não tem nada a ver com isso)“, ponderou.
Ele, em seguida, deu exemplos de supostas provocações que sofreu do colega: “Numa dessas sextas-feiras foi o aniversário do GE e teve uma festa no estúdio com bexigas, bolo e tudo mais. Você chamou todos para a frente das câmeras e me deixou sentado esperando. Ficou claro que eu não era bem-vindo ali“.
Outro momento teria se dado durante a primeira partida da Copa América de 2011. “O uniforme de transmissão era um terno com camisa azul e um colete cinza com decote V. Coloquei o terno para lavar e, no dia do jogo, não acharam a camisa azul. Tive que usar uma branca e, por ser diferente, usei uma blusa da mesma cor do colete, só que com gola fechada. No show do intervalo, você comandava um programa para interagir com a gente no estádio. E quando aparecemos eu, Galvão e Arnaldo, você riu da minha blusa, dizendo que eu estava com o colete ao contrário, em uma forma de me ridicularizar no primeiro bloco (em que estávamos juntos novamente)”, descreveu.
Ainda segundo o profissional, Tiago teria deixado o estúdio quando os dois deveriam gravar juntos. “O diretor disse assim: ‘agora é o Thiago e o Casão’. E você simplesmente abandonou o estúdio, me deixando falando sozinho. E aí o Galvão me acudiu“, revelou. “Detalhe: essas duas situações são encontradas facilmente na internet“, ressaltou.
“Em uma pizza na casa do Faustão, estávamos sentados numa mesa com oito pessoas. Quando você foi embora, deu a mão para todos e me pulou. Duas pessoas conhecidas (os nomes vou preservar) perceberam e me olharam, com cara de desaprovação da sua grosseria”, revisitou o comentarista.
“Em relação ao que relatei sobre a revista GQ, entendo você não querer assumir que foi até a direção pedir a minha cabeça por causa do meu texto. Até porque o diretor disse que cada um tinha dado a sua opinião. Mas é simples: quem se interessar pode pegar as datas das nossas colunas e ver a data que em que você ‘saiu’“, rebateu ainda o veterano.
“Sobre a sua volta ao esporte, vou refrescar sua memória mais uma vez: as pessoas que você destratou não trabalham mais na Globo há tempos. Por fim, um último esclarecimento: eu falei que a seleção brasileira poderia vencer a Copa mesmo sem o Neymar. Não quero entender que você está sendo mentiroso. Prefiro achar que você está com algum problema de memória“, concluiu ele.
A desavença
O clima tenso entre os dois já é antigo. O atual desentendimento teve início após um comentário de Casagrande durante o jogo entre Brasil e Camarões, na sexta-feira (2). “Se você vai colocar um cara no banco, o Neymar, nas oitavas, e se a coisa começa a complicar, você tem que ter certeza de que ele vai entrar e não vai pedir pra sair em cinco minutos. Não vai entrar, dar o primeiro pique e sentir o tornozelo doer. Ou a primeira dividida e ele não conseguir jogar“, opinou ao UOL News Copa.
Além disso, em outro momento, ele comparou a atitude dos ex-jogadores brasileiros e argentinos. “Vejo também ídolos argentinos junto com os torcedores nas cadeiras dos estádios, cantando e vibrando, porque são como eles. (…) Enquanto isso, os nossos ex-jogadores estão sentados ao lado dos dirigentes da Fifa e de autoridades do Qatar, colocando-se como se sentem, ou seja, diferentes do povo e do torcedor brasileiro“, escreveu em sua coluna no UOL.
Juntas, as duas falas desagradaram jogadores brasileiros. Em entrevista para a Jovem Pan, Vampeta revelou que, em um grupo do WhatsApp, vários atletas reclamaram sobre o que foi dito. Kaká, por exemplo, publicou uma montagem com o rosto de Casagrande, como se o comentarista estivesse chateado por não integrar a comitiva. Já Marcos, ex-goleiro do Palmeiras, foi mais incisivo, após a vitória do Brasil contra a Coreia do Sul, na segunda (5).
“Não precisamos dele (Neymar), não, precisamos do Walter Casagrande para o Hexa“, provocou o atleta em sua conta no Instagram. Leifert respondeu a postagem com uma mensagem carinhosa: “Te amo, Marcão! Ídolo de todas as torcidas!“. Apesar do ex-apresentador do BBB não citar nomes, muitos – inclusive o narrador – entenderam o endosso como uma indireta ao veterano.
Depois disso, Casagrande revidou. No texto “Por que o que falo vira polêmica? Porque sou direto e não paparico ninguém“, o ex-atleta teceu uma série de críticas a uma variedade de alvos. Sobrou não apenas para Marcos – de quem pediu a opinião sobre Robinho, que foi condenado por estupro na Itália -, como também para Kaká e Rivaldo. “Não vou falar de todos os ‘mosqueteiros’ do penta porque não vale a pena. Até porque Rivaldo, Marcos e Kaká apoiam um golpe porque também não aceitaram a derrota democrática do ‘minto’ nas urnas. Se bobear, se disfarçaram como o Robinho e foram cantar o hino para os pneus de caminhão“, debochou.
Sobre o global, pontuou: “Piores são os covardes que curtem os ataques porque não têm personalidade e, muito menos, coragem de assumir uma própria opinião. Acho interessante quando se une a eles um jornalista esportivo que representa a burguesia reacionária que se impõe através de carteirada. Estou falando do Tiago Leifert, que tentou me prejudicar, e existem provas sobre isso, até em vídeo na internet. Ele tentou me ridicularizar algumas vezes ao vivo, na TV Globo, para favorecer comentaristas amigos. Ele desrespeitava superiores na frente de todos por ser filho de diretor“.
“Sem contar que, quando escreveu um texto para a revista GQ dizendo que futebol e política não poderiam se misturar, eu escrevi um outro texto completamente ao contrário (nós dois erámos colunistas no mesmo veículo). Ele não gostou, pediu ao diretor para que eu fosse demitido. No ‘eu’ ou ‘ele’, foi Tiago quem saiu“, declarou.
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