Meu Deus, que tristeza! Morreu neste domingo (14), o pequeno Ezra Blount, de apenas 9 anos, após complicações dos graves ferimentos que sofreu no show AstroWorld Festival, do rapper Travis Scott, realizado no dia 5 de novembro. Com mais esta partida, sobe para 10, o número de pessoas mortas na tragédia do evento. Oito delas faleceram ainda no local da apresentação, e uma estudante de 22 anos morreu na última quinta-feira (11), após ficar dias hospitalizada.
“A família Blount está de luto pela perda incompreensível de seu precioso filho. Este não deveria ser o resultado de levar o filho a um show, o que deveria ter sido uma festa alegre. A morte de Ezra é absolutamente dolorosa. Estamos empenhados em buscar respostas e justiça para a família Blount. Mas somos solidários com a família, na tristeza e na oração”, declarou o advogado Ben Crump, que representa o pai da criança, Treston Blount, no processo contra Travis Scott e o promotor responsável pela organização do evento.
Inclusive, Treston estava com o filho no show no momento da tragédia. Em seus relatos concedidos ao ABC13, Blount explicou que ele e Ezra tinham ficado mais no fundo da plateia, justamente por acreditar que seria mais calmo. Ele colocou o menino em seus ombros assim que a contagem regressiva foi iniciada. Porém, quando o show de Travis Scott começou, a multidão teria ‘se multiplicado’ e provocado um grande empurra-empurra. “Meu filho desmaiou com a pressão que lhe foi aplicada durante o show e Ezra caiu na multidão. Quando meu filho acordou, Ezra não estava lá”, detalhou o avô paterno da criança, Bernon Blount, à Associated Press.
Embora as autoridades norte-americanas já tenham dado início às investigações, ainda não foi explicado como o público do Astroworld Festival aumentou desproporcionalmente de uma hora para a outra. Ainda, a polícia investiga relatos de que uma pessoa injetou drogas em outros espectadores durante a apresentação de Travis Scott. Paralelo a isso, o The New York Times afirmou que o rapper foi avisado previamente sobre “perigos em potencial” no festival. Oito pessoas, incluindo dois adolescentes, foram mortas no local do festival, 25 foram hospitalizadas, e pelos menos 300 ficaram feridas.
Estado de saúde era extremamente delicado
No dia 9 de novembro, o The Wrap deu detalhes sobre o processo que foi aberto por Treston Blount contra Travis Scott e os organizadores do AstroWorld Festival. Nos documentos foram anexados laudos médicos sobre a situação crítica de Ezra e outros detalhes dos depoimentos do pai da criança. Segundo Treston, o filho foi “chutado, pisoteado e quase esmagado até a morte”. Ele também acrescentou que viu pessoas inconscientes sendo levantadas por amigos e estranhos para que eles “surfassem” entre as mãos até um lugar seguro.
O garotinho estava em coma induzido, utilizando aparelhos de suporte de vida na tentativa de combater traumas cerebrais, hepáticos e renais. Os médicos ainda afirmaram que as sequelas poderiam ser “catastróficas”, suspeitando de que teriam efeitos para o resto da vida. “Esta criança e sua família enfrentarão um trauma que mudará sua vida a partir deste dia em diante, uma realidade que ninguém espera ao comprar ingressos para show. Concertos e festivais de música como este pretendem ser um lugar seguro para pessoas de todas as idades desfrutarem da música em um ambiente controlado. Nada disso era verdade sobre o Astroworld Festival”, disse o advogado Ben Crump em um comunicado.
Número de processos se multiplica
Na semana passada, Travis Scott já tinha se tornado alvo de 12 processos judiciais por conta da tragédia no show. Mas segundo o The Wrap nesta segunda-feira, esse número já subiu para 100 ações, quase todas abertas por Ben Crump e sua equipe em nome de outras várias vítimas daquela fatídica noite. O processo de Treston Blount acusa os réus de negligência no controle da multidão durante o Astroworld Festival; falha em fornecer atendimento médico adequado, contratação, treinamento, supervisão e retenção, entre outros atos de descaso com a segurança e bem-estar do público presente.
O pai do pequeno Ezra deseja levar o caso para júri e pede uma indenização no valor de US$ 1 milhão, cerca de R$ 5,4 milhões, considerando a cotação atual do dólar no Brasil. “Planejamos responsabilizar todos os que participaram deste festival pelos ferimentos horríveis e traumáticos que esta criança indefesa sofreu. Os organizadores têm o dever e a responsabilidade de proteger seus clientes e controlar a multidão quando ela fica fora de controle. É ultrajante que tenha demorado tanto para parar o show, já que muitas dessas mortes e ferimentos provavelmente poderiam ter sido evitadas ou mitigadas”, declarou o advogado Alex Hilliard, que também trabalha na ação ao lado de Ben Crump.
Travis Scott comentou tragédia
O rapper se pronunciou nas redes sociais no dia 6 de novembro, e afirmou que está colaborando com o Departamento de Polícia de Houston nas investigações. “Eu estou absolutamente devastado com o que aconteceu ontem à noite. Minhas orações estão com as famílias e com todos os impactados pelo que ocorreu no Festival Astroworld”, escreveu Travis.
— TRAVIS SCOTT (@trvisXX) November 6, 2021
“A polícia de Houston tem meu total apoio enquanto continua a investigar a trágica perda de vidas. Eu estou comprometido a trabalhar em conjunto com a comunidade de Houston para curar e dar apoio às famílias que necessitam. Obrigado à polícia de Houston, aos Bombeiros e ao NRG Park por sua resposta imediata e apoio. Amo todos vocês”, informou.
Além de reembolsar o público do Astroworld, Travis também disse que pretende cobrir todos os custos do funeral das vítimas e que havia se associado à “BetterHelp” para fornecer terapia online gratuita para os afetados pela tragédia. “Estes são os primeiros de muitos passos que Travis planeja tomar para ajudar os afetados durante todo o processo de luto e recuperação”, afirmaram os representantes do rapper à NBC News.