Uma das vítimas de Jeffrey Epstein, Sarah Ransome, se abriu sobre os horrores que passou nas mãos do financista no livro “Silenced No More; Surviving My Journey to Heel and Back”. Nesta terça (1º), em entrevista à revista People, ela também deu detalhes dos abusos que sofreu na chamada “Ilha do Pedófilo” – local que teria sido cenário de uma série de ataques do financista norte-americano.
No ano de 2006, Ransome deixou a Escócia e viajou aos Estados Unidos para seguir seu sonho e estudar na Fashion Institute of Technology. Mas, em semanas, o sonho virou um pesadelo, quando a vida dela cruzou com Epstein e a parceira dele, Ghislaine Maxwell. Sarah disse ter convivido por nove meses com a dupla. “Eu era ingênua. Eu estava vulnerável. Eu estava abalada. Eu era literalmente a vítima perfeita para eles”, recordou ela, que já havia sido vítima de um estupro no colegial e tinha saído há pouco tempo de um relacionamento abusivo.
Nesse período, ela esteve na ilha que Epstein tinha no Caribe, conhecida oficialmente como Pequena St. Jeff, mas apelidada de “Ilha do Pedófilo” por parte das vítimas. Em seu livro, Sarah relatou que foi estuprada por diversas no local. Também foi ali que ela conheceu Ghislaine e percebeu como a socialite era cúmplice do predador sexual. “Era Ghislaine quem realmente fazia o trabalho sujo. Ela fazia o trabalho sujo. Ela era a aliciadora de menores. Ela controlava tudo”, relatou.
Antes de encarar um julgamento pelo crime de tráfico sexual, Jeffrey Epstein foi encontrado morto na prisão aos 66 anos, em 2019. Por conta da morte, os casos acabaram arquivados. Contudo, o juiz permitiu a leitura de um impactante comunicado sobre a situação, nas vozes de mais de 20 vítimas do financista. Sarah era uma delas. “Aquele dia foi muito emotivo para mim. Nosso dia no tribunal foi negado pelo que aconteceu com o Jeffrey. Aquele dia [da leitura] me deu meu dia no tribunal”, afirmou.
Ghislaine, por sua vez, recebeu seis acusações criminais, incluindo as de aliciar menores para tráfico sexual, tráfico sexual em si, e perjúrio. A comparsa de Epstein declarou ser inocente no caso, mas foi presa em junho de 2020, sem direito à fiança. O julgamento dela teve início na última segunda-feira (29), na Corte Federal de Manhattan.
Sarah também viajou aos Estados Unidos para comparecer no tribunal e prestar apoio às vítimas da dupla. “Pensei que seria realmente importante dar apoio a outras sobreviventes, e aos outros sobreviventes que darão depoimentos… Eles quase me destruíram, mas não conseguiram”, afirmou.