Yesterday: Fãs processam Universal por US$ 5 milhões por tirar Ana de Armas de filme; entenda

Processo coloca estúdios em risco por causa de trailers enganosos

Ana De Armas Yesterday

Treta no mundo do cinema! Em janeiro deste ano, dois fãs da atriz Ana de Armas entraram com uma ação contra a Universal Pictures devido a um trailer do longa “Yesterday“, de 2019. Conor Woulfe, de Maryland, e Peter Michael Rosza, de San Diego, na Califórnia, alegaram que se sentiram lesados ao alugarem o filme para ver a estrela cubana, até que se deram conta de que ela havia sido cortada da trama.

Nesta terça-feira (19), a revista Variety revelou que a dupla ganhou a primeira parte do caso. Após uma série de pedidos da Universal para que o juiz Stephen Wilson encerrasse o imbróglio, foi decidido que estúdios de cinema podem, de fato, ser processados sob leis de propaganda enganosa se divulgarem trailers que não refletem a obra final.

O longa estrelado por Himesh Patel conta a história de um cantor que, após sofrer um grave acidente, acorda em uma realidade paralela na qual ele é a única pessoa que se lembra dos Beatles. Ele então usa as canções dos ídolos britânicos como suas, e se transforma em um grande sucesso musical, mas acaba pagando um preço caro quando a fama “roubada” afeta sua vida pessoal.

Na trama, de Armas interpretaria um interesse amoroso secundário do protagonista. O personagem de Patel a conheceria no set do talk show de James Corden, em ele faria uma serenata para a musa com a música dos Beatles “Something”. No entanto, mesmo tendo utilizado a artista na divulgação, o estúdio optou por não acrescentar obstáculos no interesse principal, vivido por Lily James. Confira a cena abaixo:

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Conor e Peter alugaram “Yesterday” por US$ 3,99 cada no Amazon Prime. Descontentes com o “truque” da Universal, eles então entraram com uma ação coletiva federal de US$ 5 milhões contra o estúdio por propaganda enganosa em janeiro de 2022 e o caso foi finalmente aprovado para ir à julgamento nesta terça.

Durante o último ano, a Universal tentou bloquear o imbróglio, argumentando que os trailers de filmes “têm direito a ampla proteção sob a Primeira Emenda“, que se refere à liberdade de expressão nos EUA. Os advogados da empresa disseram, ainda, que a prévia é uma “obra artística e expressiva” que conta uma história de três minutos transmitindo o tema do filme, devendo, portanto, ser considerado um discurso “não comercial”.

A defesa apontou, também, que há anos trailers incluem cenas que não aparecem nos filmes finalizados, citando até mesmo “Jurassic Park”, outra produção do estúdio que teve uma prévia composta inteiramente por imagens que não estão no longa. Os advogados alegaram que classificar os trailers como “discurso comercial” poderia abrir precedente para uma série de ações de espectadores insatisfeitos, afirmando que “o filme não atendeu às expectativas criadas pelo trailer”.

Ana de Armas em cena deletada do longa “Yesterday”, ao lado de Himesh Patel. (Foto: Reprodução/Universal Pictures)

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“Segundo o raciocínio dos reclamantes, um trailer seria despojado da proteção total da Primeira Emenda e sujeito a litígios onerosos sempre que um espectador alegasse estar desapontado com o quanto de qualquer pessoa ou cena que eles viram no trailer no filme final; se o filme se encaixava no tipo de gênero que eles afirmavam esperar; ou qualquer uma de um número ilimitado de decepções que um espectador poderia reivindicar”, afirmou a defesa, no documento obtido pela Variety.

No entanto, o juiz Wilson rejeitou o argumento, apontando que trailers configurariam não apenas um discurso comercial, como também estão sujeitos à Lei de Propaganda Falsa da Califórnia e à Lei de Concorrência Desleal do estado. “A Universal está certa de que os trailers envolvem alguma criatividade e discrição editorial, mas essa criatividade não supera a natureza comercial de um trailer. Basicamente, um trailer é um anúncio criado para vender um filme, fornecendo aos consumidores uma prévia dele”, avaliou.

O magistrado procurou abordar a preocupação sobre possíveis processos de fãs insatisfeitos, dizendo que a lei de propaganda enganosa se aplica apenas quando uma “parte significativa de ‘consumidores razoáveis'” pode ser enganada. “A decisão do Tribunal é limitada a representações sobre se uma atriz ou cena está no filme e nada mais”, escreveu o juiz, reforçando que, com base na prévia de “Yesterday”, era plausível que os espectadores esperassem que de Armas tivesse um papel no filme.

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